Listeria spp. em alimentos

Doutorado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (UFF, 2010)
Mestrado em Higiene Veterinária e Processamento Tecnológico de Produtos de Origem Animal (UFF, 2006)
Graduação em Medicina Veterinária (UFF, 2005)

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Você já ouviu falar em abortos espontâneos? Provavelmente conhece alguma pessoa que apresentou este quadro. Mas você sabia que isso pode ter sido causado por uma bactéria chamada Listeria monocytogenes? Essa bactéria pode contaminar carnes e outros alimentos que se forem consumidos, mal cozidos, por mulheres grávidas pode causar aborto principalmente no terceiro trimestre de gestação. E se outras pessoas com capacidade imunológica comprometida consumirem este alimento contaminado podem desenvolver quadros de listeriose alimentar severos, podendo chegar a óbito. Esta doença ganhou destaque em Saúde Pública a partir da década de 1980, quando uma série de surtos ocorreram na América do Norte e Europa, onde a Listeria monocytogenes foi responsável por várias formas de listeriose humana.

De acordo com Jay (2005) Listeria monocytogenes são bactérias patogênicas, bastonetes Gram positivos, não produtoras de esporo e não ácido resistente. O gênero Listeria possui as seguintes espécies reconhecidas: L. monocytogenes, L. ivanovii, L. innocua, L. welshimeri, L. seeligeri, L. grayi, L. murrayi, sendo que apenas a Listeria monocytogenes é considerada a espécie patogênica para homens e animais, capaz de se multiplicar em um grande número de hospedeiros animais (SEELIGER e JONES, 1996; JAY, 2005).

As listerias podem crescer em temperatura de 1 a 45°C, sendo a faixa ótima entre 30 a 37°C, mas há relatos sobre o crescimento a 0°C (FRANCO E LANDGRAF, 1996). É importante salientar que elas suportam congelamento e descongelamento, o que favorece os surtos de origem alimentar, pois o ato de refrigerar alimentos não elimina a presença deste patógeno. Outra característica importante desta bactéria é ser um patógeno intracelular facultativo, podendo crescer em macrófagos, células epiteliais e fibroblastos cultivados (MURRAY et. al. 2000). Essa característica a torna mais resistente ao tratamento com antibióticos e outros métodos de conservação de alimentos que visam sua eliminação.

Listeria monocytogenes é responsável por causar a enfermidade de origem alimentar conhecida como listeriose. Ela possui alta ocorrência em diversos alimentos, sendo os mais comumente envolvidos em surtos: leite, queijo, carne, vegetais crus não lavados e repolho, manipulados inadequadamente ou mal cozidos. E para que a doença ocorra basta a ingestão de pequena dose infectante.

Os mecanismos pelos quais a Listeria monocytogenes causa listeriose ainda não estão claros. Entretanto, é conhecido que a bactéria produz toxinas, destacando-se as hemolisinas e as toxinas lipolíticas, que causam o aumento na produção de monócitos e diminuição da atividade de linfócitos, que são células de defesa do organismo.

A ocorrência da doença é baixa, entretanto é uma enfermidade importante por sua alta letalidade o que desperta a atenção das autoridades responsáveis pelo controle sanitário e da comunidade científica da área de alimentos (RIBEIRO et. al., 2016). A listeriose humana pode ocorrer em qualquer época do ano, mas seu pico de ocorrência é nos meses mais quentes.

Como a L. monocytogenes é amplamente encontrada no ambiente e no intestino de homens e animais, facilitando a contaminação de água e alimentos é de suma importância o controle higiênico sanitário dos alimentos para prevenir a contaminação de alimentos possíveis de causar a listeriose de origem alimentar (MANTILLA et. al., 2007).

Bibliografia:

FRANCO, B.D.G.M.; LANDGRAF, M. Microrganismos Patogênicos de Importância em Alimentos. In:___ Microbiologia dos Alimentos. São Paulo: Atheneu, 1996, cap. 4, p. 33-82.

JAY, J.M. Listerioses de origem animal. In:___ Microbiologia de alimentos. 6 ed. Porto Alegre: Artmed, 2005, cap. 25, p. 517-542.

MURRAY, P.R. et al. Listeria, Erysipelothrix e outros bacilos Grampositivos. In: ___ Microbiologia Médica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. cap. 27, p. 181-184.

MANTILLA, Importância da Listeria monocytogenes em alimentos de origem animal. Revista da FZVA  v.14, n.1, p. 180-192. 2007

RIBEIRO, S. H., GIANOGLOU, F. M.; CAMPOS, M. F.; GRACIANO, E. M. A.; TOLEDO, R. C. C. Listeriose: uma doença de origem alimentar pouco conhecida no Brasil. Higiene alimentar, v. 30, n. 262/263, p. 17-20, 2016.

SEELIGER, H.P.R.; JONES, D. Genus Listeria. In: SNEATH, P.H.A.; MAIR, N.S. SHAPE, M.E. Bergey’s Manual of Sistematic Bacteriology. 9 ed. Baltimore: Willians e Wilkins, 1996, v. 2, p. 1235- 1245.

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