Osteodistrofia Fibrosa em Equinos

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A osteodistrofia fibrosa, conhecida também pelo nome de hiperparatireoidismo nutricional secundário ou ainda “cara inchada”, é uma afecção metabólica relacionada ao sistema locomotor, pois constitui um problema de repercussão óssea, caracterizada por osteopenia (diminuição da densideda mineral óssea) devido a uma exacerbada reabsorção óssea, causada pela deficiência de cálcio (Ca), podendo ser resultante de uma deficiência primária ou secundária, levando à substituição do tecido fibroso e à formação de cistos.

Causas

A deficiência primária pode ser por causa de uma deficiente ingestão de Ca, devido a uma baixa oferta, resultando em reduzido aproveitamento deste mineral pelo organismo do animal, diminuindo a relação Cálcio-Fósforo da corrente sanguínea, havendo uma mobilização do Ca presente nos ossos. Entretanto, em uma situação contrária, onde há uma excessiva oferta de Ca e alta ingestão de alimentos ricos em fósforo (P), irá resultar em uma retirada de Ca dos ossos para manter o equilíbrio metabólico de Ca:P no sangue. Outra causa comum de no desencadeamento da osteodistrofia fibrosa primária é a ingestão de oxalato presente nas pastagens.

Secundariamente, a “cara inchada” pode ser devido a uma deficiência de vitamina D, pois ela é necessária para a absorção do Ca pelo organismo. Esta deficiência é muito comum em animais estabulados, devido à baixa irradiação solar UV na pele. Em fêmeas, é frequente ocorrer alterações no equilíbrio Ca:P, principalmente no terço final da gestação e início da lactação.

Sintomas

Os sinais clínicos são menos evidentes nos animais adultos em relação aos animais mais jovens. Os ossos apresentam um aspecto “mole”, por causa da perda da matriz óssea, tumefeitos e deformados proporcionando o aspecto de “cara inchada”. Devido a estas deformações, pode ocorrer obstruções da passagem nasal, resultando em um ruído das vias aéreas superior.

Os animais afetados tendem a emagrecer, em consequência da absorção óssea que ocorreu nos alvéolos dentares, afrouxando os dentes ou até mesmo levando à queda deles, resultando em uma mastigação anormal e queda no consumo alimentar. Há também uma queda do desempenho do trabalho devido à dor que sentem, apresentando claudicação, alternante e insidiosa, apresentando exostose em pontos de periostite, deformação da coluna, fratura e encurvamento dos membros devido à desmineralização óssea.

Éguas gestantes ficam em decúbito permanente, sendo que em éguas lactantes e nos potros em desmame, a severidade desta enfermidade é muito alta, por causa da grande demanda de Ca.

Diagnóstico

O diagnóstico, além de clínico, deve estar voltado para a descoberta da causa primária do distúrbio. Para um diagnóstico conclusivo pode ser realizado exames de sangue, onde são observados os níveis de fosfatase alcalina e a concentração plasmática de paratohormônio (PTH). Também pode ser feito o clearance fracional de fósforo que indica o volume de plasma que a cada minuto fornecerá a quantidade da substância presente na urina (ml/min). Quando esta proporção for maior que 0,5, indica que está havendo uma excreção excessiva de P na urina. Quanto ao exame de raio-x, este indica uma deficiência de Ca ou de outra causa de osteodistrofia fibrosa, mas para isso, a densidade óssea deve reduzir-se em 30% antes de ficar radiograficamente evidente.

Tratamentos

O tratamento da “cara inchada” vai depender de sua causa. Quando for devido a uma deficiência de Ca ou excesso de P, deve ser feita uma correção destes minerais na ração, aumentando o Ca e/ou reduzindo o P. Nos primeiros 2 a 3 meses, estes minerais devem ser o dobro do necessário exigido para preencher as exigências dos eqüinos, sendo posteriormente reduzidos para o exigido. O consumo excessivo prolongado de Ca deve ser evitado, pois durante a recuperação isso pode resultar em densidade óssea excessiva e remodelação inadequada dos ossos.

É importante deixar os animais afetados confinados durante os primeiros meses da doença até que a densidade radiográfica das regiões afetadas retornem ao normal. De preferência, sempre oferecer alimentos pobres em oxalato, principalmente quando esta for a causa da desmineralização óssea. Quando não for possível, os níveis de Ca e P devem ser aumentados acima das exigências normais.

Fontes:
Osteodistrofia fibrosa em eqüinos decorrente da deficiência nutricional de cálcio e fósforo – Relato de caso. FURIAN, Mariana; PAES, Camila A.; MENEGHETTI, Monique M.; PARRA, Bruno C.; AMARAL, Getulio A.

Enfermidade de Cavalos – THOMASSIAN, A. 4 ed, Botucatu –SP: Varela, 2005.

https://web.archive.org/web/20101016065336/http://www.endurancebrasil.com.br:80/port/tecnicas/cara_inchada.php

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