Confederação dos Tamoios

Graduada em História (UFRJ, 2016)

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Quando as caravelas de Pedro Álvares Cabral chegaram ao Brasil, encontraram os ameríndios que aqui habitavam há muitos anos. As relações foram pautadas tanto por alianças quanto por guerras. Num primeiro contato, muitos índios morreram por conta de doenças trazidas pelos europeus. Em relação às guerras e conflitos, as tribos travavam muitas disputas por questões como territórios, retaliações e diferenças culturais. Então, a fim de destruir o inimigo, os índios muitas vezes se aliavam aos europeus. Ao lado de todo esse processo, houve também a exploração dos índios, a escravização para mão de obra na extração do pau-brasil. As missões dos padres jesuítas também interferiram muito a cultura dos indígenas. Ao contrário do que se aprende nos anos escolares, os índios não foram pacíficos com sua exploração pelos portugueses e europeus de forma geral. Havia formas de resistência como as fugas, as guerras, a manutenção de sua cultura e até mesmo o suicídio. A chamada Confederação dos Tamoios foi uma dessas resistências.

A Confederação dos Tamoios acorreu entre os anos de 1554 e 1567, no período chamado Brasil Colonial, onde o Brasil era subordinado a Portugal, sua metrópole. Foi um dos principais e maiores conflitos de caráter de resistência por parte dos ameríndios do grupo dos Tupinambás que envolviam os Tupiniquins, Aimorés e Temiminós, ocorrido na região entre o litoral paulista e o sul fluminense, hoje desde Bertioga até a cidade de Cabo Frio.

Era costume na época que os europeus vinham para o Brasil e acabavam se casando com as nativas, criando, assim, laços e alianças e uma forma de se infiltrar nas aldeias indígenas. Os portugueses necessitavam de mão de obra e com o casamento, ficava mais fácil conseguir.

Assim, João Ramalho, amigo do governador da Capitania de São Vicente, Brás Cubas, se casou com uma filha da tribo dos Guaianases e havia a tradição de que quando um português casava com uma indígena, ele passava a fazer parte da tribo. Foi com essa aliança que comandaram um ataque contra os tupinambás para escravizá-los. Acabaram capturando o chefe da tribo Caiçuru que acabou morrendo por maus-tratos. Seu filho chamado Aimberê assumiu o comando de sua tribo, declarando, em seguida, guerra aos portugueses e aos guaianases. Aimberê se reuniu com os chefes de outras tribos tubinambás, Pindobuçu, Koakira e Cunhambembe, a fim de fortalecer a batalha. Assim, estava formada a Confederação dos Tamoios ou a Confederação dos Tamuya, cujo significado é “o mais antigo”.

Nessa mesma época, os franceses de Villegaignon estavam chegando ao Rio de Janeiro para colonizar e, para conseguir combater os portugueses, se uniram aos Cunhambembe oferecendo armas. Mas houve uma epidemia que matou inclusive o chefe da Confederação, Cunhambebe, e enfraqueceu a revolta. Aimberê, que havia se tornado chefe com a morte de Cunhambebe, deu continuidade ao conflito e conseguiu mais uma aliança com o líder Tibiriçá. Mas este acabou se mostrando fiel aos portugueses e dizimou boa parte da tribo dos guaianases. Foi somente em 1567, quando Estácio de Sá chegou, que pôs fim ao conflito com a expulsão dos franceses e dos tamoios.

O Último Tamoio

O Último Tamoio, pintura de Rodolfo Amoedo (1883).

Referências Bibliográficas:

AMORIN, Bruno Abrantes. Temiminós e Lusitanos na Conquista da Guanabara. ANPUH – XXIII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA – Londrina, 2005.

FERRETTI, Danilo José Zioni. A Confederação dos Tamoios como escrita da história nacional e da escravidão. Ouro Preto, n. 17, abril, 2015, p. 171-191.

FREIRE, Carlos Augusto da Rocha; OLIVEIRA, João Pacheco de. A

Presença Indígena na Formação do Brasil. Brasília, novembro de 2006.

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