Poesia social

Pós-graduada em Língua Portuguesa e Literatura (Mackenzie, 2016)
Licenciada em Letras Português-Inglês (FMU, 2012)

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A poesia social surgiu como uma espécie de manifestação contra o radicalismo expresso pelo movimento concretista, o qual se manifestava através de aspecto visual e geométrico, em um poema-objeto.

Essa poesia social foi criada com versos e sentimento lírico que trata sobre temas sociais e políticos da época, utilizando de linguagem simples que fala sobre o cotidiano das pessoas, como pode ser verificado abaixo na poesia de Fernando Gullar:

“Agosto 1964”

Entre lojas de flores e de sapatos, bares,
mercados, butiques,
viajo num ônibus Estrada de Ferro-Leblon.
Volto do trabalho, a noite em meio,
fatigado de mentiras.
O ônibus sacoleja. Adeus, Rimbaud,
relógio de lilases, concretismo,
neoconcretismo, ficções da juventude, adeus,
que a vida
eu compro à vista aos donos do mundo.
Ao peso dos impostos, o verso sufoca,
a poesia agora responde a inquérito policial-militar.
Digo adeus à ilusão
mas não ao mundo. Mas não à vida,
meu reduto e meu reino.
Do salário injusto,
da punição injusta,
da humilhação, da tortura,
do horror, retiramos algo e com ele construímos um artefato
um poema
uma bandeira.

Nota-se, na poesia acima, que o autor utiliza de linguagem simples para tratar de assuntos do dia a dia, ressaltando os problemas sociais das pessoas como: impostos altos, salários baixos, humilhação, entre outras injustiças sociais.

Autores

  • Fernado Gullar (1930-2016): foi escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro, bem como um dos fundadores do neoconcretismo.
  • Affonso Romano de Sant'Anna (1937): é escritor e poeta brasileiro.
  • Amadeu Thiago de Mello (1926): é poeta e tradutor brasileiro. É um dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional.
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