Automedicação

Mestre em Neurologia / Neurociências (UNIFESP, 2019)
Especialista em Farmácia clínica e atenção farmacêutica (UBC, 2019)
Graduação em Farmácia (Universidade Braz Cubas, UBC, 2012)

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Problemas na saúde pública brasileira, como o não atendimento de usuários, levam cada vez mais pessoas à busca de respostas rápidas para seus problemas diários de saúde. A utilização de medicamentos por conta própria ou até mesmo por indicação de um conhecido que não possua conhecimento técnico na área é uma das práticas mais comuns. Este ato, também chamado de automedicação, pode levar à inúmeras complicações de saúde e em alguns casos até a morte.

Embora muito perigoso, não são poucas pessoas que se tornam usuárias habituais de medicamentos intitulados como inofensivos. Medicamentos analgésicos estão no topo da lista dos mais requisitados em drogarias, um exemplo destes medicamentos utilizados indiscriminadamente pela população brasileira é o Paracetamol, que pode causar hemorragias quando associado a medicamentos anticoagulantes, lesões hepáticas quando utilizado concomitantemente ao álcool e irritações gástricas com seu uso indiscriminado. Esta substância, embora comum, é a causa de divergências em países como os Estados Unidos que, em 2014 recomendou aos profissionais de saúde descontinuassem as prescrições de produtos com mais de 325mg de paracetamol devido aos riscos associados a alta dosagem. Outro exemplo de medicamento também dentro da classe dos analgésicos é o Ácido Acetil Salicílico também conhecido como o AAS, cujo qual pode causar riscos de complicações relacionadas aos efeitos colaterais como a Síndrome de Reye que é potencialmente fatal causando danos irreversíveis ao fígado e ao cérebro, além de causar também em alguns casos hemorragias, e em pacientes com dengue, pode levar a óbito.

Fármacos à base de antimicrobianos também já estiveram dentre os mais vendidos livremente em todo o país, há mais de 50 anos, houve um aumento considerável no uso destes medicamentos, sendo utilizada de forma abusiva e desnecessária, expondo a população a riscos e promovendo a resistência bacteriana, com isso diminuindo a efetividade terapêutica. Consequentemente há aumento na morbidade, mortalidade e gastos com saúde decorrentes de processos infecciosos . Para que houvesse redução da resistência bacteriana causada pela automedicação e também para haver maior controle sobre a venda destes medicamentos a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 20/11, onde nesta foram estabelecidos os critérios para a venda de medicamentos à base de substâncias classificadas como antimicrobianos.

Além de leis aumentando o rigor da venda de medicamentos as autoridades sanitárias também têm combatido a automedicação com a orientação dada à população através de mídias diversas, porém é papel do farmacêutico e dos profissionais da saúde orientar seus pacientes sobre os perigos desta prática, principalmente aqueles pacientes que estão em grupos de risco como os idosos que geralmente consomem vários medicamentos que podem ter interações medicamentosas de altos riscos entre si e gestantes pelos riscos associados a má formação do feto e outras complicações. Ao propagar este conhecimento os profissionais não apenas auxiliam na manutenção da saúde de seus pacientes mas também aliviam possíveis gastos futuros relacionados as complicações do uso incorreto na automedicação, também é importante que os indivíduos que tenham acesso as informações repassem os perigos causados pelo uso inconsequente de fármacos e jamais indiquem ou incitem a indicação de fármacos sem que haja a supervisão de um profissional de saúde qualificado.

Bibliografia:

ABRANTES; P.M.; et al. Análise dos aspectos legais das prescrições de medicamentos. Revista Ciência Farmacêutica Básica,2009, vol.30, n.2, p.173-176.

ABRANTES, P.M.; et al. Avaliação da qualidade das prescrições de antimicrobianos dispensadas em unidades públicas de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 2002. Caderno Saúde Pública, 2007, v.23, n.1, p.95-104.

ABRANTES, P.M.; et al. A qualidade da prescrição de antimicrobianos em ambulatórios públicos da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, MG. Ciências & Saúde Coletiva, 2008, v.13, n.1, p.711-720.

CIFTÇI, E.; et al. Vet.Medicine. Original Paper, Czech. 2002,v.47,n.1, p.283–288.

FIJN etal.; Avaliação da qualidade das prescrições de antimicrobianos dispensadas em unidades públicas de saúde de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23, n.1, p.95-104, jan,2007.Disponível.em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n1/10.pd > Acesso em: 21.01.2012.

WANNMACHER, Lenita. Paracetamol versus Dipirona: como mensurar o risco. OPAS. Uso racional de medicamentos Temas Selecionados, Brasília, v. 2, n. 5, p. 1-7, 2005.

SMITH, R; COAST, J. Antimicrobial resistance: a global response. Bulletin of the world health organization, 2002, v.80, nº02, p.126-133.

Links de referência:

http://portal.crfsp.org.br/noticias/3560-combate-a-automedicacao.html

http://www.anvisa.gov.br/propaganda/folder/uso_indiscriminado.pdf

http://www.fda.gov/Drugs/DrugSafety/ucm381644

http://www.propublica.org/article/over-the-counter-pills-left-out-of-fda-acetaminophen-limits

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