Arquitetura bioclimática

Por Júlia de Almeida Costa Montesanti

Mestre em Ecologia e Evolução (Unifesp, 2015)
Graduada em Ciências Biológicas (Unifesp, 2013)

Categorias: Arquitetura, Desenvolvimento Sustentável
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Não é novidade que a queima de combustíveis fósseis para satisfazer as crescentes necessidades energéticas globais vem afetando seriamente o clima no planeta. Mas você sabia que a climatização e iluminação dos edifícios estão entre as principais atividades responsáveis pela emissão de gases que contribuem para o aquecimento global?

Diante disso, a busca por soluções que reduzam o consumo de energia nos edifícios tem estado cada vez mais em alta, levando ao resgate da chamada arquitetura bioclimática, conceito que tem suas raízes na década de 1960.

A arquitetura bioclimática consiste numa vertente da arquitetura que busca harmonizar as construções e o meio ambiente, otimizando a utilização dos recursos naturais disponíveis (como luz solar, vento, vegetação) a fim de gerar conforto, aumentar a eficiência energética das construções e minimizar os impactos ambientais.

Entre as diversas estratégias usadas na arquitetura bioclimática, citamos abaixo algumas delas:

Orientação da construção

A escolha da orientação de uma construção com relação ao sol é uma das primeiras coisas a se pensar num projeto de arquitetura bioclimático, já que ela interfere em fatores como a iluminação, sombreamento e ventilação. No hemisfério Sul, em geral recomenda-se que a fachada seja voltada para o Norte, recebendo assim mais energia solar no inverno e menos no verão.

Adaptação à temperatura

Em locais muito quentes, por exemplo, podem ser aplicadas técnicas para minimizar o efeito da radiação e aproveitar a inércia térmica, como paredes mais grossas e claras. Além disso, os edifícios podem ser projetados de forma que a ventilação natural seja aproveitada.

Em locais muito frios, por outro lado, as paredes, pisos, fachadas e coberturas podem ser revestidas por materiais que diminuem a dissipação de calor, como fibras de papel, lã de PET e de vidro.

As janelas e vidrarias também podem ser utilizadas para proporcionar conforto térmico. Vidros mais transparentes, por exemplo, permitem passar maior quantidade de luz (que por sua vez gera calor), sendo boas opções para locais de clima frio. Já em locais quentes o ideal é que a iluminação seja mais controlada para que a temperatura não fique tão alta. Neste caso, vidros menos transparentes são uma boa opção.

Poupando energia

A fim de reduzir o consumo de energia, pode-se investir em painéis fotovoltaicos (capazes de converter a energia solar em energia elétrica) ou de sistemas de aquecimento solar. O aproveitamento da luz natural também ajuda a reduzir o consumo energético.

Investir em janelas e vidrarias numa construção é uma das formas utilizadas na arquitetura bioclimática para reduzir o consumo energético. Foto: PlusONE / Shutterstock..com

Evitando desperdícios

Assim como em projetos de arquitetura sustentável, os projetos de arquitetura bioclimática também requerem uma preocupação com os recursos utilizados durante a construção e seu descarte consciente, visando sempre minimizar os impactos sobre o meio ambiente. Embora essas duas vertentes da arquitetura se sobreponham em diversos aspectos, a diferença entre elas está no fato de a bioclimática ser diretamente voltada a uma maior eficiência energética no controle térmico, buscando aproveitar da melhor maneira possível as condições climáticas locais.

Referências:

Arquitetura Bioclimática. Glossário Projeteee. Ministério do Meio Ambiente. Acesso em: 09/2018.

Arquitetura bioclimática: o que é e qual seu propósito? Archtrends. Acesso em: 09/2018

Bioclimatic Design and Passive Solar Systems. Center for Renewable Energy Sources and Saving. Acesso em: 09/2018.

Fernandes, J. Código de obras e edificações do DF: inserção de conceitos bioclimáticos, conforto térmico e eficiência energética. Dissertação de mestrado. Universidade de Brasília. 2009.

Isolani, P. Eficiência energética nos edifícios residenciais. Acesso em: 09/2018.

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