Figurino

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Desde os primórdios da humanidade o ser humano enfeita-se para a realização de diferentes rituais, utilizando elementos retirados diretamente da natureza ou materiais confeccionados a partir dela. São roupas e acessórios produzidos com ramagens, tecidos com fibras de madeira, couros de animais, etc. Máscaras são utilizadas para retratar os mitos, ou simplesmente para cobrir o rosto e esconder a real identidade do sujeito protagonista do ritual. A utilização de indumentárias foi sempre um ato de liberdade, porém vem ao longo do tempo acompanhando as mudanças socioculturais.

Os registros de indumentárias utilizadas em épocas longínquas ficaram marcados nas pinturas rupestres da pré-história, nos murais egípcios, nos vasos gregos e nas esculturas greco-romanas, que chegaram até nós. As iluminuras dos manuscritos medievais e as pinturas assinadas por artistas a partir do Renascimento, também servem de referência para nos situar a respeito dos “costumes” daquelas épocas. O figurino também pode ser denominado indumentária, costume, ou vestuário.

Com o surgimento do teatro, na Grécia do século VI a.C., os atores passam a utilizar máscaras que caracterizavam os personagens e permitiam ampliar as vozes dos atores. O figurino, composto de coturnos com saltos altos e túnicas gregas alongadas, faziam dos atores que interpretavam as tragédias e comédias figuras escultóricas. Neste mesmo período os personagens do teatro latino utilizavam togas romanas, pálios, trabeas, entre outras indumentárias da época, e os personagens mais humildes eram representados por trajes de taberneiros. Na Idade média, pelo domínio da igreja católica, os figurinos utilizados em encenações eram os relacionados a anjos, senhores e magistrados, não fugindo à alegoria de dragões e outros mitos que representavam o mundo pagão.

No século XVII há um retorno à cultura greco-romana e as cenas teatrais mostram soldados romanos estilizados, com plumas em seus capacetes, porém é neste período que as artes cênicas buscam maior verossimilhança na indumentária e noutros elementos estéticos. Em 1777 e 1783, Moreau le Jeune publicou em jornal de moda, desta época, respectivamente a estes anos, duas séries do documentário “O Monumento do Costume”, sendo de grande valia para estudos atuais. Os atores que encarnavam os personagens da Commedia dell’Art vestiam-se com figurinos convencionais, marcando as características específicas do personagem que normalmente interpretava. A exemplo do Arlequim, que possuía máscara com desenhos geométricos e ornamentações com motivos florais, cujos desenhos e ornamentos se estendiam a uma malha colante com manchas coloridas.

Com o período do naturalismo teatral o figurino passa a caracterizar o personagem que representa o cidadão comum, com seus sonhos, alegrias e angústias, buscando a identificação entre o espectador e o personagem. É neste período que a arte de caracterização pela vestimenta passa a correr o risco do exagero, pois a veracidade histórica precisa de uma medida certa na adequação do traje, de forma a não deixar de servir a arte de interpretar do ator, com a técnica da “verdade cênica” do método Stanislavski, e ao propósito geral da encenação.

O primeiro responsável pela criação do figurino é o autor e o figurinista, porém há uma complexidade de idéias em sua construção, dentro de uma montagem teatral. É certo que os trajes serão utilizados pelos atores, mas cabe ao figurinista ou ao cenógrafo o desenho dos mesmos. O diretor precisa aprovar o conceito dos figurinos para então garantir a sua confecção. Quando a peça a ser apresentada precisa ser ambientada numa época diferente da atual, é preciso que haja um empenho de pesquisa em fontes específicas e criatividade da equipe para melhor caracterização do personagem. Um grande aliado à arte do figurino é a “Maquiagem de cena”, pela possibilidade de transfiguração do ator.

Fontes
ACHCAR, Dalal. Ballet,Arte, Técnica e Interpretação. Cia brasileira de artes gráficas: Rio de Janeiro, 1980.
COLL, César, TEBEROSKY, Ana. Aprendendo Arte. São Paulo: Ática, 2000.
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 2000.

Arquivado em: Artes Cênicas
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