O Bem-Amado

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O Bem-amado foi a primeira produção da teledramaturgia brasileira a ser gravada a cores. De autoria do dramaturgo Dias Gomes, que a adaptou de sua própria peça teatral, intitulada Odorico, o Bem-Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte, de 1962, ela foi exibida pela Rede Globo de 24 de janeiro a 9 de outubro de 1973, sob a direção de Régis Cardoso e a coordenação de Daniel Filho.

A narrativa ensaiava, a cada capítulo, uma sátira da ditadura militar vigente então no país, enquanto descrevia a rotina do povo que habita uma cidade fictícia no litoral da Bahia. O título desta obra se refere a Odorico Paraguaçu, magistralmente interpretado por Paulo Gracindo. Este personagem era um grande fazendeiro, fabricante de azeite de dendê e candidato à Prefeitura de Sucupira.

Protótipo do homem público envolvido em corrupção e mil artifícios, Odorico, o amado de todas as mulheres, desprovido de caráter e inveterado demagogo, inscreve em seu programa partidário, como objetivo prioritário, a edificação do cemitério municipal. Adorado por seus eleitores e adulado por seu assessor, o gago Dirceu Borboleta, aprovado incondicionalmente pelas irmãs Cajazeiras – Doroteia, Dulcineia e Judiceia -, ele consegue finalmente se eleger.

Uma vez na Prefeitura, Odorico decide finalmente construir o cemitério, cumprindo seu slogan ‘vote em um homem sério e ganhe um cemitério’, uma vez que a população, ao morrer, era obrigada a ser enterrada nas cidades próximas. O problema, porém, é que, assim que ele é entregue, não há mais mortes em Sucupira, o que leva o Prefeito às raias da revolta. Sem nenhum defunto, como inaugurar o cemitério?

O prefeito culpa então o novo doutor do município, o bom profissional Juarez Leão, vivido por Jardel Filho, que, ao cair de amores pela filha de Odorico, Telma, entra definitivamente na lista negra do político. Neste rol de adversários estão inscritos também o padre da cidade, a intrépida delegada Donana Medrado e o proprietário do jornal A Trombeta, Neco Pedreira, opositores obstinados de seu governo.

A performance de Paulo Gracindo rende as graças do público para seu personagem, que se vale de um discurso vazio, pontuado por termos e expressões surreais, muitas delas criadas pelo próprio ator, as quais marcam para sempre o folclore brasileiro. As irmãs Cajazeiras também se tornam célebres.

A primogênita, Doroteia, interpretada por Ida Gomes, é a líder da Câmara de Vereadores; Dulcineia, protagonizada por Dorinha Duval, é o amor do prefeito; e Judiceia, vivida por Dirce Migliaccio, é a caçula, a mais atrevida de todas. As solteironas são, aparentemente, as defensoras da boa moral, mas, nos bastidores, a história é outra.

Outro personagem famoso é Zeca Diabo, matador interpretado com vigor por Lima Duarte. Nas idas e vindas da história, o prefeito arma as maiores tramoias para inaugurar seu cemitério. No Chile, em 1966, a trama, adaptada para a realidade deste país, foi ao ar batizada de Sucupira, atingindo também aí elevada audiência.

Uma nova versão desta narrativa chega às telas dos cinemas, sob a direção de Guel Arraes, produção de Paula Lavigne e da Globo Filmes, protagonizada por Marco Nanini e José Wilker, entre outros. A estréia está prometida para 2010.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Bem-amado
https://web.archive.org/web/20130403032155/http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-229901,00.html
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u504495.shtml

Arquivado em: Artes Cênicas
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