Rei Amador

Por Emerson Santiago
Categorias: Biografias
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Amador Vieira ou Rei Amador (São Tomé e Príncipe ? – São Tomé e Príncipe, 14 de agosto de 1595,) foi um líder rebelde da colônia portuguesa de São Tomé e Príncipe, do final do século XVI. Ele liderou a revolta de escravos que ocorreu naquelas ilhas em 1595, e chegou a fundar um reino próprio, livre da dominação portuguesa.

Pouco se sabe a respeito da vida de Amador, e com o passar dos séculos, sua figura se tornou mito entre os cidadãos daquele país africano, um símbolo de libertação do domínio colonial. Por isso mesmo, boa parte dos textos que tratam da história de Amador misturam fatos reais com lendas elaboradas.

Hoje, apenas dois documentos são considerados fontes primárias da história de Amador e da revolta da qual foi líder. O primeiro é anônimo, sem data, escrito em italiano, e está no Arquivo do Vaticano. Seu título é “Relatione uenuta dall’Isola di S.Tomé” e é certamente o relato de um religioso italiano residente em São Tomé. O segundo é um relatório da revolta, copiado de um original anônimo, pelo padre são-tomense Manuel do Rosário Pinto (1669-1738?), e se encontra na Biblioteca de Ajuda em Lisboa. A descrição da revolta é mais pormenorizada no manuscrito de Rosário Pinto do que no documento do Vaticano, apesar das duas fontes não apresentarem diferenças importantes na narrativa.

De acordo com os relatos, Amador teria sido um “cativo crioulo” (escravo nascido em São Tomé), pertencente a um nobre chamado Dom Ferdinando. Ele se auto proclama "Capitão General da Guerra" e "Rei" da revolta que começa a 9 de julho de 1595, com a matança de alguns brancos durante a missa na igreja da Trindade. Sua hostilidade era dirigida a “todos os brancos e os procedidos deles (mestiços)”.

Durante as três semanas da insurreição, mais de 70 engenhos foram destruídos, e os escravos enfrentaram a tropa do governador em três importantes combates. Destacou-se também a ação do “negro Cristóvão, por capitão dos negros Angola”, provavelmente uma alusão aos escravos fugidos do interior da ilha, mais tarde conhecidos por angolares, e que se organizavam em macambos (equivalentes aos quilombos brasileiros). Ao lado dos colonos brancos combatiam também escravos armados.

No dia 28 de julho Amador ataca a cidade de São Tomé com 5000 homens, cerca da metade de toda a população escrava da ilha. Apesar de estarem em maior número, os revoltosos tinham pouquíssimos armamentos e foram derrotados no dia seguinte. O Rei Amador acabou traído e preso, sendo executado e esquartejado no dia 14 de agosto de 1595. Treze anos após a independência de São Tomé e Príncipe, a Assembleia Nacional declarou 4 de Janeiro como feriado nacional em homenagem a Amador (uma das datas que se acredita ser a de sua morte).

Bibliografia:

SEIBERT, Gerhard. Rei Amador, história e mito do líder da revolta de escravos em São Tomé (1595). Disponível em: < http://www.buala.org/pt/a-ler/rei-amador-historia-e-mito-do-lider-da-revolta-de-escravos-em-sao-tome-1595 >.

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