Consciência e Sensibilidade nos Animais

Por Ana Lucia Santana
Categorias: Biologia
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

Em 2012 foi divulgado um artigo científico originário da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. De forma inédita na história da Ciência, os estudiosos reconhecem a possibilidade da existência da consciência em animais, como mamíferos, aves e inclusive nos polvos.

Os investigadores, comandados por Philip Low, assinaram este documento. Os neurocientistas sustentam que a disposição dos elementos cerebrais, os quais desencadeiam o mecanismo consciencial no Homem, é similar tanto nos humanos quanto nas outras espécies.

Os pesquisadores exemplificam com o teste do espelho. Vários animais manifestam respostas hostis diante da própria imagem refletida. Nesta experiência os cientistas imprimem um sinal na face de cada bicho. Ao ver seu reflexo, o animal reage de duas formas: se lutar com o retrato especular ou entrar em contato com a mancha roçando o espelho, ele é reprovado. Porém, se achar o sinal e apalpá-lo em seu corpo, isso significa que teve consciência de si mesmo.

Explicar o que é a consciência é algo realmente difícil. É mais fácil ter a sensação ou a vivência deste objeto do conhecimento, apreendido pela intuição, do que obter sua significação precisa. É fundamental estabelecer se há mesmo seres conscientes entre os animais, pois esta compreensão é essencial na delimitação de nossas obrigações morais para com estas criaturas.

Na esfera da Ciência também se levantam teses primordiais. De que forma nasce nossa realidade psíquica, emocional e cognitiva, mais conhecida como subjetividade? Por qual razão e de que forma nossos processos conscienciais se desenvolveram durante a evolução dos seres?

Certamente é benéfico para os bichos se defenderem contra tudo que lhes for prejudicial. Porém, aqui se pode questionar: por qual motivo é necessária a consciência para que eles se preservem? Afinal, todos nós agimos, muitas vezes, de forma inconsciente.

A bióloga Marian Dawkins acredita que a resposta mais aceitável é que a consciência atinge a atuação das constituições orgânicas. Sendo assim, não se pode afirmar que haja algum desvio das regras determinadas pela Teoria da Evolução de Darwin. Seguindo esta linha, a consciência passa a ser considerada como um evento típico da esfera biológica.

Um sinal da existência da consciência entre seres completamente distintos da raça humana é a complexidade do comportamento. Nem todo procedimento intrincado está no plano do consciente, mas não se deve duvidar de que uma maneira de agir mais complexa e o dom de se moldar aos contextos cambiáveis indicam a presença da consciência.

Portanto, o primeiro passo para se saber se um ser tem consciência é tentar desvendar sua forma de se comportar. Esse processo passa por determinar se o animal age como um robô sem consciência, ou se o seu comportamento é intrincado e aleatório o bastante para indicar a presença de um reflexo de consciência.

Apesar dos avanços dessas pesquisas, é bom seguir a advertência de Enrico Lippi, diretor da Faculdade de Veterinária da Universidade de São Paulo. Ele afirma que, apesar das similitudes, a consciência dos seres de outras espécies é bem mais reduzida do que a do Homem.

Fontes:
http://tvcultura.cmais.com.br/reportereco/reporter-eco-cientistas-confirmam-que-os-animais-podem-ter-algum-grau-de-consciencia-assim-como-os-seres-humanos
http://www.cahiers-antispecistes.org/spip.php?article330
http://fcmconference.org/img/CambridgeDeclarationOnConsciousness.pdf

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!