Organismos Geneticamente Modificados

Graduado em Ciências Biológicas (UNIOESTE, 2017)

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Organismos geneticamente modificados (OGM), como o próprio nome sugere, são organismos que sofreram algum tipo de alteração em seu material genético de maneira não natural (cruzamentos e/ou recombinação natural), ou seja, por meio de técnicas de engenharia genética moderna.

O principal intuito da criação de organismos geneticamente modificados é a preservação e desenvolvimento de características de interesse econômico e medicinal.

Dessa forma, na agricultura, as técnicas de engenharia genética visam criar plantas que tenham um maior potencial produtivo, que sejam resistentes a pragas e doenças e outros. Na área da saúde, um exemplo de uso de OGMs é para a produção de insulina, através da inoculação de bactérias geneticamente modificadas que passam a carregar os genes responsáveis pela produção desse hormônio.

Os organismos geneticamente modificados começaram a ser produzidos na década de 80 a partir do avanço tecnológico e científico nas áreas de genética molecular, engenharia genética e biotecnologia. Desde então, principalmente as industrias agrícolas, alimentares e farmacêuticas, investem pesado no desenvolvimento de tecnologias que permitam uma melhor manipulação do material genético.

No Brasil, os organismos geneticamente modificados estão principalmente relacionados a área da agricultura, sendo amplamente utilizado nas lavouras de milho e soja.

Diferença entre Organismos Geneticamente Modificados e Transgênicos

É comum pessoas usarem o termo transgênico para se referir a um organismo geneticamente modificado, o uso dessa terminologia até faz sentido, entretanto é necessário ter cuidado, pois nem todo organismo geneticamente modificado é considerado transgênico.

A diferença entre os organismos geneticamente modificados e transgênicos está relacionada a origem do gene de interesse que será inoculado em uma espécie.

Com isso, temos que organismos geneticamente modificados são aqueles que tiveram o seu genoma alterado após receberem um gene oriundo da mesma espécie a ele; quando esse processo acontece entre espécies diferentes, temos um organismo geneticamente modificado transgênico, ou simplesmente, transgênico.

Técnicas de engenharia genética - DNA recombinante

A principal técnica de desenvolvimento de OGM é do DNA recombinante, que permite uma manipulação do material genético. A partir daí, é possível fazer a junção de genes provenientes de organismos diferentes em uma mesma molécula de DNA.

Nesta técnica, ocorre a identificação e posteriormente a introdução do gene de interesse em vetores que serão responsáveis por sintetizar a cadeia de DNA contendo o gene inoculado.

Em suma, a técnica do DNA recombinante é dividida em cinco etapas, são elas:

  • Identificação e isolamento do gene de interesse;
  • Inoculação do gene de interesse no vetor;
  • Transformação (replicação do DNA recombinante);
  • Seleção dos clones (células de interesse);
  • Expressão gênica (indução da produção proteica).

Normalmente o vetor utilizado é um plasmídeo bacteriano, que é capaz de integrar o gene de interesse (externo) no seu próprio genoma.

A partir dessa técnica, é possível criar organismos que expressem características de extrema valia para economia e sociedade.

Riscos envolvendo Organismos Geneticamente Modificados

Após a inoculação de um transgene em um organismo receptor (animal ou vegetal) não é possível ter um total controle do comportamento do gene no organismo, com isso, pode acontecer efeitos adversos que podem ser maléficos a curto, médio e longo prazo no organismo receptor e/ou no ambiente.

Por esse motivo, é de suma importância uma análise detalhada do comportamento do gene no organismo receptor e no ambiente, para que os mesmos possam ser protegidos.

Os riscos causados pelos organismos geneticamente modificados podem ser classificados em três grupos de risco, são eles:

  • Risco alimentares: envolve efeitos de proteínas tóxicas ao organismo e danos causados por excesso de herbicidas;
  • Riscos ecológicos: relacionados a alteração do ambiente, afetando na biodiversidade local;
  • Riscos agrotecnológicos: alterações na propriedade agrícola e perda da eficiência do transgênico.

A partir de tudo isso, foi necessário a criação de diretrizes e instituições reguladoras que determinem as bases metodológicas a serem utilizadas no momento de criação de um organismo geneticamente modificados. Atualmente, os principais órgãos internacionais reguladores são World Trade Organization e o protocolo de Cartega sobre Biossegurança.

Referências:

Alberts B, Johnson A, Lewis J, et al. Molecular biology of the cell. Isolating, Cloning, and Sequencing DNA. 4ª edição. Nova Iorque: Garland Science; 2002.

Bruetschy, C. The EU regulatory framework on genetically modified organisms (GMOs).  Transgenic Research, 2019.

BERG, Paul et al. Summary statement of the Asilomar conference on recombinant DNA molecules. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 72, n. 6, p. 1981-1984, 1975.

DIRECTIVE, E. C. 18/EC of the European Parliament and of the Council of 12 March 2001 on the deliberate release into the environment of genetically modified organisms and repealing Council Directive 90/220/EEC. Official Journal of the European Communities, v. 106, p. 1-39, 2001.

KULIKOV, A. M. Genetically modified organisms and risks of their introduction. Russian journal of plant physiology, v. 52, n. 1, p. 99-111, 2005.

SECRETARIAT OF THE CONVENTION ON BIOLOGICAL DIVERSITY. Handbook of the convention on biological diversity: Including its Cartagena Protocol on biosafety.

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