Cultura no Brasil oitocentista

Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição:


Ouça este artigo:

Um dos personagens que exemplifica a criação de uma cultura nacional em 1800 é Iracema, do escritor José de Alencar. Neste romance, importante obra do Romantismo brasileiro publicada em 1865, são valorizadas as características puras do índio, a formação do País e a natureza tropical. José de Alencar descreve sua personagem da seguinte forma:

“A virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado”.

Outra obra representativa deste período é a ópera O Guarani, de Antônio Carlos Gomes, compositor brasileiro. Nela, encontram-se temas como a nacionalidade brasileira e símbolos de heroísmo em referência aos nativos.

Estas obras surgiram em um período de afirmação das características nacionais por meio da cultura e da arte. No século XIX, as igrejas deixaram de ser as principais instituições relacionadas à arte, sendo substituídas pelo Estado. Surge o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), responsável pela criação de uma memória do Brasil. O IHGB, com uma grande compilação de informações, confere à colonização portuguesa a responsabilidade pela civilização de um país tropical em que múltiplas etnias, incluindo índios, negros e colonos, construíram uma nação de forma pacífica.

Centrada na cultura europeia, áreas como a pintura e a arquitetura começam a ser desenvolvidas. Pintores como Vítor Meireles e Pedro Américo, patrocinados pelo Estado, retratam episódios históricos como símbolos da identidade brasileira. A arquitetura baseava-se nos estilos eclético, romântico e neoclássico, tendências europeias do período. Junto a isso, ocorre o surgimento de instituições culturais como teatros e academias literárias nas principais cidades: Salvador, Recife e Rio de Janeiro. Entre as famílias mais ricas, por exemplo, ter um piano dentro de casa significava estar ligado à elite cultural da Europa, símbolo de status.

No Rio de Janeiro ocorre a construção de jardins públicos, palácios e calçamentos, características de países europeus. Surgem as redes de tratamento de esgoto, abastecimento de água, transporte público através de bondes e iluminação a gás. A cidade torna-se cosmopolita, contrastando cultura de diversos países da Europa em suas ruas e avenidas. Os habitantes podiam conferir artigos ingleses na Rua da Alfândega e, na Rua do Ouvidor, adquirir produtos franceses. Por outro lado, a cultura africana marcava presença com a capoeira, maracatus, batuques e o candomblé, mas sofriam preconceito. Desta forma, a elite brasileira consegue criar uma imagem de civilidade urbana do País no exterior.

Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Il_Guarany
http://www.senna.pro.br/alunos/trabalhos_b1_romantismo_cultura.pdf
http://www.unigranrio.br/pos/stricto/mest-letras-ciencias-humanas/pdf/dissertacoes/Dissertacao-Jorge-da-Silva-Junior.pdf
ALENCAR, José de. Iracema. SP: Editorial Sol90, 2004.

Arquivado em: Cultura
Este artigo foi útil?
Considere fazer uma contribuição: