Demência

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Por Débora Carvalho Meldau

A demência é uma doença caracterizada pela perda lenta e progressiva da memória, concentração e capacidade de aprendizado, geralmente acometendo pessoas acima de 65 anos de idade.

Essa doença pode surgir subitamente em indivíduos jovens quando há alguma lesão grave, uma doença ou devido a certas substâncias tóxicas, como o monóxido de carbono, responsáveis por destruir células nervosas. Ao passo que a pessoa envelhece, as alterações cerebrais geram uma relativa perda de memória, especialmente a de fatos recentes, bem como uma deterioração na capacidade de aprendizagem. Estas alterações não afetam as funções normais. A falta de memória nas pessoas mais velhas é chamada de perda de memória senil benigna, sendo que não significa que seja necessariamente um sinal de demência ou um indicativo precoce da doença de Alzheimer.

A causa mais comum de demência é a doença de Alzheimer. Sua etiologia é desconhecida, mas acredita-se que fatores genéticos são importantes. Nesta doença, parte do cérebro degenera, as células se destroem e, nas sobreviventes, ocorre uma redução na capacidade de reação frente às diversas substâncias químicas que realizam as sinapses cerebrais. Surgem também, nesse órgão, placas senis e feixes neurofibrilares, bem como determinadas proteínas anormais.

Outra causa também freqüente de demência são os ictos repetidos. Estes são acidentes vasculares que individualmente são pouco importantes, não resultando em nenhuma debilidade imediata ou raramente ocasiona o tipo de paralisia causada pelos ictos maiores. Estes pequenos ictos destroem o tecido cerebral aos poucos; as regiões destruídas por falta de irrigação sanguínea recebem o nome de enfartes. Como este tipo de demência é resultante de diversos pequenos ictos, esta perturbação é conhecida como demência multienfarte. No geral, pacientes com este tipo de demência são hipertensos ou diabéticos, processos que podem lesionar os vasos sanguíneos cerebrais.

Outras causas de demência são: doença de Pick (pouco frequente), doença de Parkinson, pacientes com SIDA e também com a doença de Creutzferld-Jakob.

Dentre as causas potencialmente reversíveis encontram-se disfunções metabólicas, endócrinas e hidroeletrolíticas, infecções, deficiências nutricionais e distúrbios psiquiátricos, como por exemplo, a depressão (pseudodemência depressiva).

Comumente a demência inicia-se de forma lenta, agravando-se gradativamente, sendo que nem sempre esta perturbação é identificada desde o início. Há uma redução da memória e da capacidade de noção do tempo e de reconhecer pessoas, lugares e objetos. Pacientes com esta condição têm dificuldades de encontrar a palavra adequada e, também, de pensar em abstrato (como trabalhar com números). Alterações de personalidade também são comuns e, muitas vezes, exacerba-se um traço peculiar da personalidade.

A suspeita dessa condição ocorre devido ao quadro clínico apresentado pelo paciente. O médico pode chegar ao diagnóstico por meio de perguntas feitas aos doentes e seus familiares. Determina-se o estado mental através da realização de uma série de perguntas, sendo que para cada resposta, atribui-se uma pontuação determinada. Podem ser necessárias provas mais complexas, como provas neuropsicológicas, para identificar o grau de incapacidade ou para definir se na realidade se trata de uma verdadeira deterioração intelectual.

O diagnóstico é estabelecido devido à situação geral, levando em conta a idade da pessoa, o histórico familiar, o início dos sintomas e sua progressão, bem como a presença de outras doenças, como hipertensão e diabetes.

De uma maneira geral, as demências são incuráveis. A tacrina é  eficaz em alguns pacientes com doença de Alzheimer, mas leva a graves efeitos secundários. Este medicamento fui substituído, em geral, pelo donepezil, que causa menos efeitos colaterais e pode adiar a progressão dessa doença durante um ano ou mais. O ibuprofeno também pode atrasar o curso da doença, sendo que esse sua eficácia é maior no início, quando a doença ainda é moderada.

Quando a causa for os pequenos ictos, não há tratamento, porém sua progressão pode ser retardada com o tratamento da hipertensão ou da diabetes associadas ao problema inicial. Ainda não existe tratamento para a doença de Creutzferld-Jakob nem para a SIDA. Os medicamentos utilizados nos tratamento da doença de Parkinson não são eficazes para a demência que a acompanha, sendo que alguns podem até piorar os sintomas. Quando a causa da demência é a depressão, os antidepressivos e um acompanhamento médico podem ser eficazes. Nos casos de demência causada por hidrocefalia com pressão normal, quando diagnosticada precocemente, às vezes pode ser tratada com a extração do líquido excedente dentro da caixa craniana, por meio de um tubo de drenagem.

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Arquivado em: Doenças, Psicologia
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