Febre maculosa

Por Luiz de Oliveira Alves

Graduado em Ciências Biológicas (UNIFESO, 2014)

Categorias: Doenças bacterianas
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A febre maculosa é uma doença causada por bactérias do gênero Rickettsia, transmitidas por carrapatos do gênero Amblyomma, sendo o carrapato estrela o mais conhecido. No Brasil, a doença foi relatada pela primeira vez em 1929, porém teve mais visibilidade em 2001 quando o governo começou a melhorar o banco de dados epidemiológicos, tornado a doença em caráter de notificação compulsória. Duas espécies do microrganismo são encontradas no país: uma mais comum e menos agressiva, a Rickettsia sp., presente na região da Mata Atlântica, e a Rickettsia rickettsii, que é a variação da bactéria mais letal (sem tratamento sua letalidade chega a mais de 80%), mais encontrada na região do Paraná.

Rickettsia rickettsii

Sintomas

Os sintomas da febre maculosa podem aparecer em torno de dois a quatorze dias após o contágio, sendo a febre alta o principal deles. São comuns ainda dores abdominais, diarreia, enjoo intenso, vômitos, dor muscular, mãos e pés inchados e com manchas, principalmente nas palmas e na sola, morte dos tecidos da orelha e dos dedos (gangrena), além de paralisia dos membros inferiores e dos pulmões.

O agravamento da doença pode gerar várias complicações, principalmente quando a bactéria invade o sistema nervoso central, os pulmões ou rins. Nesses casos o indivíduo contaminado pode apresentar convulsões, insuficiência renal grave, inflamação no parênquima do encéfalo (encefalite), confusão mental, alucinações e até coma. No deterioramento da parte respiratória pode haver a necessidade de intubação para respiração mecânica.

Transmissão

Essa enfermidade é uma zoonose, ou seja, ela não é exclusiva dos seres humanos, sendo a bactéria Rickettsia muito encontrada em aves e mamíferos, em especial aqueles de grande porte como cavalos, bois e capivaras. Por conta disso, a febre maculosa acomete mais as pessoas que vivem no campo.

O carrapato tem o papel de vetor e reservatório, uma vez que não fica doente, mas transmite a bactéria para outros animais. O microrganismo fica armazenado no intestino do carrapato até se alojar em sua glândula salivar, sendo então transmitido para os animais que o aracnídeo venha a morder para a sucção de sangue. Para que a bactéria seja inoculada é necessário que o carrapato fique preso à pele do animal, se alimentando, por no mínimo dez minutos. Pode-se tornar imperceptível a presença do carrapato quando este estiver em sua fase prematura, com uma picada menos agressiva, sendo esse um fator facilitador de transmissão da doença.

Carrapato da espécie Amblyomma cajennense. Foto: mogrzewalska / Shutterstock.com

Tratamento

O tratamento medicamentoso é necessário e um antibiótico específico deve ser ministrado o mais rápido possível para que não haja agravamento da doença. A febre começa a desaparecer no terceiro dia após a administração do medicamento, mas é necessário continuar a terapia por sete dias.

Prevenção

Alguns hábitos são importantes para prevenção da doença, principalmente para quem mora em área rural, como a utilização de repelentes contra insetos, preferência por vestimenta que cubra a maior extensão do corpo possível, utilização de roupas claras para que o vetor possa ser identificado facilmente, utilização de calçados ao pisar em gramas e ao adentrar matagais, verificar constantemente a presença de carrapatos nos pets e limpar com frequência os lugares onde costumam ficar os animais.

Vale destacar que quanto menos tempo o carrapato transmissor ficar em contato com a pessoa, menor será a chance de contágio da doença. Além disso, a forma de retirar o animal do corpo é muito importante para não aumentar a lesão, o que tornaria a transmissão da bactéria mais fácil. É indicado retirar o vetor cuidadosamente com o auxílio de uma pinça, sem causar grandes danos a ele ou a própria pele da pessoa ou animal. Após a retirada do carrapato deve-se lavar o local da mordida e as mãos com água e sabão.

Referências:

https://www.icmbio.gov.br/parnaitatiaia/images/stories/o-que-fazemos/Animal_business_-_Febre_Maculosa.pdf

https://saude.gov.br/saude-de-a-z/febre-maculosa

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