Leucose Bovina

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A leucose enzoótica bovina (LEB) é uma das doenças mais importantes do rebanho bovino leiteiro e tem como agente etiológico o vírus da leucemia bovina (BLV). Este, por sua vez, pertence à família Retroviridae, sub-família Oncovirinae, partícula vírica que mede cerca de 90 a 120 nm de diâmetro, formada por um capsídeo icosaédrico, envelope de lipoglicoproteína e tem como material genético uma fita simples de RNA de polaridade positiva.

A importância econômica desta doença está relacionada com o prejuízo com a perda da exportação para países que exigem animais livres de infecção, custo com diagnóstico e tratamento, descarte prematuro, morte de animais e condenação de carcaças em frigoríficos.

Esta doença possui um período de evolução longo e, geralmente, apresenta-se de forma inaparente, tornando o animal assintomático um importante transmissor do vírus, sendo este considerado um caso de linfocitose persistente (LP), de caráter benigno; existe uma segunda forma também que é a multicêntrica enzoótica de linfosarcoma de animais adultos, que é nada mais do que a neoplasia mais comum em gado leiteiro, sendo uma enfermidade extremamente fatal, afetando em maior número animais entre seis e nove anos de idade.

A infecção se inicia com uma interação da glicoproteína do envelope viral com um receptor da superfície celular. Esta infecção passa por diversos estágios, sendo que os linfócitos B são as principais células-alvo.

Como este vírus que, in vivo, está sempre em associação com células da defesa do organismo, poucos materiais biológicos contêm concentrações altas de linfócitos o suficiente para serem infectantes, sendo assim, esta doença não é tão facilmente transmitida quanto outras doenças infecciosas de bovinos. Em contrapartida, a soroprevalência desta infecção pode alcançar 90% em bovinos leiteiros.

A transmissão do BLV se dá de forma horizontal e vertical. Esta primeira se dá através do contato físico prolongado de bezerros susceptíveis com animais portadores do vírus; através do consumo de água com sangue infectado. O contágio de animal-animal requer um íntimo e prolongado contato físico, não havendo a transmissão em animais separados a mais de dois metros. No entanto, transmissão em animais confinados durante o inverno já foi observada. A monta natural também é uma forma de transmissão, contando que durante esta pode haver a transferência de uma pequena quantidade de sangue. Insetos hematófagos também podem transmitir esta doença, mas para que isso ocorra vai depender de vários fatores, como: o número de picadas, quantidade de sangue retida do aparelho do inseto após a alimentação, da infecciosidade do doador, da susceptibilidade dos animais receptores e dos hábitos alimentares dos vetores.

O processo de transmissão vertical pode ocorrer tanto pela via uterina, quanto pela via oral, através da ingestão do colostro e leite contendo linfócitos contaminados com o vírus. A transmissão pela via uterina, geralmente se dá após o primeiro trimestre de gestação em até 8% das gestações de animais soropositivos. As fêmeas que possuem alta concentração do vírus e baixo título de anticorpos podem transmitir a infecção ao feto. No entanto, vacas com baixa concentração vírica e um alto título de anticorpos, transferem imunidade passiva ao feto.

A leucose bovina se desenvolve, principalmente, devido à queda no nível de imunoglobulina, especialmente a IgM. Além dos linfonodos, os tecidos que são mais afetados são: coração, abomaso, útero, leptomeninges e tecidos periorbitais.

Esta enfermidade pode apresentar-se na forma tumoral ou na forma de infecção sub-clínica. Os sinais clínicos apresentados dependem, na maior parte das vezes, da localização do linfossarcoma. Pode haver um aumento dos linfonodos superficiais, mas esta hiperplasia pode ocorrer somente em tecidos linfóides viscerais. Outros sintomas são: adenomegalia, incoordenação e paralisia dos membros posteriores, queda na produção leiteira, exoftalmia, perda de peso e caquexia, podendo evoluir para óbito. Podem ocorrer partos distócitos devido ao aumento dos linfonodos ilíacos.

O diagnóstico é feito através de um exame clínico, fazendo a observação de linfonodos superficiais aumentados, exoftalmia, paresia e pertubações digestivas crônicas. Para confirmação do diagnóstico pode ser feito exames histológicos de fragmentos de órgãos obtidos através de biópsias ou necropsia, além da imunodifusão em gel de Agar (IDGA), que é uma prova sorológica oficial utilizada em casos de LEB.

Não há tratamento para esta doença, sendo a profilaxia a única indicação. Esta é feita através da eliminação de todos os animais soropositivos do rebanho; quando houver animais infectados, mantê-los na propriedade para prevenir a transmissão iatrogênica, por fômites ou por vetores; uso de colostro livre do vírus também auxilia na prevenção contra a transmissão vertical. Ainda não existe uma vacina eficaz no controle desta doença, mas está em desenvolvimento.
Fontes:

Fontes:
https://web.archive.org/web/20101002100550/http://www.veterinariapreventiva.com.br:80/leucose.htm
https://web.archive.org/web/20120720083104/http://www.vallee.com.br:80/doencas.php/1/40
http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/viewFile/2055/1764
https://web.archive.org/web/20070709094600/http://www.cidasc.sc.gov.br/html/artigos/ESTUDO%20LEUCOSE..%20(LUDERS).pdf

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