Listeriose em Ruminantes

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

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A listeriose é uma enfermidade infecto-contagiosa que ocorre em diversas espécies de animais e também nos seres humanos. Aparentemente, os ruminantes são mais susceptíveis a esta enfermidade. O agente etiológico desta doença é uma bactéria gram-positiva, denominada Listeria monocytogenes. Esta bactéria é encontrada no mundo todo nos solos, plantas, silagens, outros alimentos, água, instalações (paredes e pisos) e fezes.

A espécie mais afetada pela listeriose são os ovinos, seguindo-se de caprinos e bovinos que são infectados a partir da ingestão de alimentos contaminados. Quando há o fornecimento de silagem inadequadamente processada aos ruminantes, há um maior risco de manifestação desta bactéria, pois esta se desenvolve quando há fermentação parcial. Em bovinos, esta é uma doença esporádica, não tendo grande importância econômica, devido sua baixa incidência. No entanto, em certas situações, esta doença pode manifestar-se sob a forma de surtos de aborto ou doenças nervosas, afetando uma significativa parcela do rebanho. Existem outras fontes de infecção além da via oral, como a mucosa nasal, ocular e genital. Pode também ocorrer à infecção pela via transplacentária.

As formas de manifestação desta enfermidade são:

  • Septicemica (visceral), que se manifesta pela presença de abscessos hepáticos, esplênicos e em outras vísceras de ruminantes jovens. Os animais apresentam febre, fraqueza, depressão e diarréia; normalmente o curso é agudo e o animal evolui para óbito dentro de poucos dias.
  • Aborto, metrite e placentite em bovinos e ovinos. Este forma da doença dificilmente ultrapassa um percentual de 15%. Pode também ser observados natimortos e nascimento de bezerros fracos.
  • Meningoencefalite, caracterizada por andar em círculos, incoordenação e quedas freqüentes; desvio lateral da cabeça e do corpo; orelhas, lábios e pálpebras superiores caídas; sialorréia; dificuldade de apreensão, mastigação e deglutição dos alimentos; depressão, podendo evoluir para óbito.

O diagnóstico geralmente é feito através do histórico clínico dos animais. Pode também ser feito exames laboratoriais; quando se trata da forma nervosa da doença, observa-se um aumento da quantidade de células inflamatórias presentes no líquor, podendo também observar um aumento de proteína e, muito raramente, a presença da bactéria. Outra técnica laboratorial que pode ser utilizada é o isolamento do agente a partir de fetos abortados, leite, fezes, urina, secreções vaginais até duas semanas após o aborto, placenta, líquor, sangue e outros tecidos acometidos. Pode também ser realizado histopatologia, imunohistoquímica, sorologia e inoculação em cobaias.

O tratamento é feito através da administração de antibióticos de amplo espectro, como por exemplo, as tetraciclinas e penicilinas. É importante a hidratação do animal através do fornecimento de água e soro; manter os animais em tratamento isolados e em lugares frescos, evitando estressá-los.

A profilaxia é feita evitando o fornecimento de dietas exclusivamente compostas de silagem, fazendo uma adaptação com os animais que serão alimentados com silagem durante a época de seca, através de um aumento gradual da quantidade oferecida.

Fontes:
http://www.sovergs.com.br/conbravet2008/anais/cd/resumos/R0310-3.pdf
https://web.archive.org/web/20120717053017/http://www.vallee.com.br:80/doencas.php/1/42
http://www.camposecarrer.com.br/artigos/ListerioseUFLATEC.doc

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