Tântalo

Por João Gomes Neto

Especialização em Bioquímica (FAMEESP, 2022)
Graduação em Química (UNIB, 2008)

Categorias: Elementos Químicos
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Os estudos de Anders Gustav Ekeberg, cientista da Universidade sueca de Uppsala, levaram-no a informar à comunidade científica, já no início do século XIX (1802), a descoberta de um novo elemento químico.

Ocorreu então que, quando William Wollaston analisou os minerais de onde Ekeberg alegara ter extraído o novo elemento, o mesmo não encontrou nenhuma novidade. Para Wollaston as amostras apresentam materiais contendo o já conhecido nióbio, descoberto um ano antes por Charles Hatchett.

De fato, até o isolamento do elemento em 1846 por Heinrich Rose, os químicos das décadas anteriores presumiam que elementos nióbio e tântalo (ou tantálio) eram a mesma coisa. Semelhante ao que a história nos conta sobre os elementos zircônio e háfnio, as propriedades de tântalo e nióbio são similares e este fato acarreta uma dificuldade na separação dos mesmos. Ambos ocorrem juntos na natureza, possuem propriedades químicas semelhantes e, em virtude do desenvolvimento tecnológico da época, representava um verdadeiro desafio separá-los.

Em virtude disso, a descoberta de Heinrich Rose se tornava importante, pois sua pesquisa afirmara que nióbio e tantálio eram diferentes elementos. Embora tenha obtido uma amostra impura do elemento tantálio, Rose permitiu que se dirimissem antigos equívocos em relação a este elemento.

Muitos anos ainda se passariam até que o elemento tântalo fosse obtido com elevadíssimo grau de pureza. O responsável por este feito foi Werner Von Bolton, produzindo amostras de elevada pureza em 1903, cerca de 100 anos após de seu descobrimento. Este fato demonstra como a tecnologia é importante na ciência, alterando inclusive alguns precedentes históricos de nossa sociedade.

A produção de tântalo se dá através da mineração do minério columbita – tantalita, material que concentra não somente o elemento tântalo, mas também outros metais, dentre eles o nióbio. O tântalo pode ser encontrado em minérios de estanho, sendo frequentemente um produto extraído da cadeia mineradora deste metal. Raramente se encontram minerais que apresentem o tântalo de maneira isolada.

Os maiores produtores deste metal são Brasil, Ruanda e China, embora outras nações, como Canadá e Austrália, o extraiam comercialmente. Como tântalo e nióbio ocorrem majoritariamente juntos, a dificuldade de isolamento de ambos também reverbera no setor industrial.

Por não apresentar níveis alarmantes de toxicidade em organismos vivos, não induzir resposta imunológica no organismo humano e nem participar de nenhum tipo de metabolismo, o tântalo encontra aplicações no setor de implantes odontológicos e no setor de implantes na medicina. Implantes de tântalo podem ser feitos para a substituição de ossos, na criação de finos fios – para substituir nervos – ou na criação de malhas retráteis, que interconectam músculos.

Ligas de tântalo apresentam excelente tenacidade, e por este motivo encontram utilizações no setor da aviação, na confecção do “nariz” de aviões supersônicos e pás de turbinas.

Utilizado majoritariamente no setor de componentes eletrônicos, este elemento apresenta propriedades que são preconizadas por este nicho tecnológico. A produção de capacitores contendo tantálio para o setor de telefonia móvel vem trazendo notoriedade aos compostos deste metal, como é o caso do óxido utilizado como superfície dielétrica. É também utilizado eletrodos de luzes “neon”, na indústria de produção de lentes especiais de vidro.

O tântalo apresenta-se como um metal prateado, brilhante e de excelente resistência à corrosão, sendo aplicado na confecção de materiais de manejo de compostos corrosivos. Seus estados de oxidação incluem, minimamente, Ta2+ e Ta5+.

Referências:

Aplicativo “Periodic Table” – Real Society of Chemistry (RSC)

STRATHERN,P. O sonho de Mendeleiev: a verdadeira história da química. (tradução de Maria Luiza X. de A. Borges). Ed. Zahar. 2002.

KEAN, S. A colher que desaparece. (tradução de Cláudio Carina). Ed. Zahar. 2011.

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