Objetivismo

Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010)

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Objetivismo é o sistema filosófico iniciado pela escritora russo-americana Ayn Rand, recebendo estrutura mais formal pelas mãos do filósofo Leonard Peikoff, herdeiro intelectual de Rand.

Rand procurava estabelecer uma filosofia em todos os âmbitos da discussão filosófica, pautada pelo conceito do homem como um ser heroico, tendo como propósito moral da vida a sua própria felicidade, como atividade mais nobre suas realizações produtivas, e como único absoluto a razão.

Derivado da ideia de que o conhecimento e os valores humanos são objetivos, Rand chamou seu sistema filosófico de "objetivismo" implicando que: os conhecimentos e valores humanos existem e são determinados pela natureza da realidade, rejeitando a ideia de que possam ser criados pelos pensamentos das pessoas. Estes conhecimentos e valores são descobertos pela mente humana, mas sua existência é objetiva. Seu foco é definir a natureza do mundo no qual vivemos, bem como a própria natureza humana, para formar uma sistema filosófico baseado em realidade. Procurando ser realmente eficaz para que as pessoas dirijam suas vidas. Segundo Peikoff, o Objetivismo é um "sistema fechado". Sistemas fechados são, em geral, aceitos ou rejeitados como um todo, não estando sujeitos a alterações.

O conceito foi apresentado pela primeira vez em suas obras de ficção, notadamente A Revolta de Atlas, e desenvolvido posteriormente em seus ensaios e livros de não-ficção. O objetivismo de Rand constitui-se em um movimento que procura espalhar suas ideias tanto ao público em geral quanto ao público acadêmico e tem se apresentado como uma significativa influência nos movimentos libertários e conservadores, sendo ainda discutido por filósofos como Robert Nozick e Milton Friedman.

O objetivismo baseia-se no princípio central de que a realidade é independente da consciência. Também, que os sentidos possibilitam contato direto, não-mediado, com a realidade; que a formação de conceitos e a lógica indutiva combinados nos permitem alcançar o conhecimento objetivo da percepção humana; que o propósito moral da vida é a busca do auto-interesse racional, a própria felicidade.

Derivando do princípio e conceitos centrais, Rand afirmou ainda que para ser consistente com esta moral, um sistema social deve exibir respeito pleno pelos direitos individuais, tais como o direito a liberdade, propriedade privada, entre outros. Motivo pelo qual Rand manifestava sua adesão ao Capitalismo Laissez-faire e a um modelo minarquista de estado. A despeito da adesão de Rand, Filósofos como Murray Rothbard, Norman P. Barry e Roy Childs argumentam que a ética objetivista é mais compatível com o anarcocapitalismo do que com o minarquismo.

A realidade objetiva é uma questão metafísica, desenvolvida a partir de três axiomas: consciência, existência e identidade. A existência seria o fato auto-evidente que está na base de todos os outros conhecimentos, nesta visão "existência é identidade", se algo não tem atributos ou natureza, este algo não pode existir. Portanto ser é ser uma entidade de uma natureza especifica com atributos específicos. O axioma da existência trata de diferenciar a existência do nada, enquanto o axioma da identidade trata de diferenciar uma coisa de outra.

A epistemologia objetivista será derivada do princípio metafísico de que "existência é identidade", iniciando a partir do princípio de que "consciência é identificação". Rand demonstra forte adesão ao Princípio da Não Contradição e afirma que, adquirir conhecimento, para além daquilo que nos é dado pela mera percepção, requer o exercício da vontade livre e a adesão a um método especifico de validação, por meio da aplicação da razão indutiva e dedutiva.

No âmbito estético, a principal preocupação objetivista é o papel da arte na vida humana, Rand defendeu que o papel da arte consiste em transpor ideias metafísicas em uma forma compreensível, a qual se pode reagir emocionalmente.

Referências bibliográficas:
Quinton, Anthony (2005). "Popular philosophy". In Honderich, Ted. The Oxford Companion to Philosophy (2nd ed.). New York: Oxford University Press. pp. 739–741.

Peikoff, Leonard (1991). Objectivism: The Philosophy of Ayn Rand. New York: Dutton.

RAND, Ayn. A Nascente. Editora Arqueiro, São-Paulo, SP (2011)

RAND, Ayn. A Revolta de Atlas, volumes I, II e III. Editora Arqueiro, São-Paulo, SP (2010)

SOWELL, Thomas. Os Intelectuais e a Sociedade. Realizações Editora, São -Paulo, SP (2011)

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