Leucipo

Por Willyans Maciel

Mestre em Filosofia (UFPR, 2013)
Bacharel em Filosofia (UFPR, 2010)

Categorias: Biografias, Filósofos
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Possivelmente o primeiro filósofo atomista de que se tem notícia, Leucipo foi um filósofo grego do século V a.C., mestre de Demócrito, o filósofo grego que melhor desenvolveu a posição atomista. Tal posição trata da hipótese de que todos os objetos do mundo são constituídos por pequenas partículas indivisíveis.

Há controvérsia sobre a real existência de Leucipo, uma vez que, de acordo com Diógenes Laércio, Epicuro afirmou que Leucipo nunca existiu, e vários compiladores, como Trasilo de Alexandria, compilaram trabalhos acerca do atomismo sem incluir Leucipo. Este tipo de controvérsia foi tema de discussões por muitos anos no século XIX, especialmente no meio acadêmico alemão. Não obstante, o consenso atual é de que Leucipo é um personagem histórico real.

De acordo com os registros de Aristóteles, Leucipo seria o criador da posição atomista, sendo Demócrito, como discípulo, aquele que a desenvolveu, continuando o trabalho de seu mentor.

A posição de Leucipo era de que os seres não admitiam a presença de vácuo e que, por outro lado, o movimento não era possível na ausência e vácuo. O vácuo, para Leucipo, seria o não-ser, a ausência de átomos, e os seres e outros objetos do mundo seriam coleções de átomos. Um vez que o movimento não é possível sem o vácuo, e sabemos que há movimento, deve haver vácuo. Uma vez que objetos são compostos de algo, e objetos existem, este algo que os compõe existe, e podemos investigar do que se trata. Esta distinção deixa claro que Leucipo não estava interessado na discussão conceitual entre "seres" e "não-seres", mas em apontar uma hipótese direta e material para explicar a existência, preferindo trabalhar a distinção "cheio" e "vazio", ou "vácuo".

Ainda, a presente distinção é importante para entendermos como Leucipo concebe a formação do mundo. De acordo com o filósofo, o todo seria composto de dois elementos, o cheio e vazio, e os mundos são formados quando os átomos se aglomeram e do movimentos destes átomos surgem as estrelas. Em uma região qualquer, muitos átomos, de diversas formas, saem do ilimitado para o vasto espaço vazio, este movimento forma um vórtex no qual os átomos empurram-se uns contra os outros, gerando mais movimento. E, os átomos são tão numerosos que o giro da aglomeração se desequilibra, assim, as luzes emitidas passam para o espaço vazio do lado de fora, como se estivessem a ser peneiradas; o restante continua em conjunto e tornando-se emaranhados seguem seu circuito para formar um sistema esférico primário. Mais e mais átomos se aglomeram e a camada externa da aglomeração vai se tornando mais fina e expandindo, pelo movimento dentro deste sistema, a Terra começa a se formar, devido a aglomeração de átomos no centro. Quando alguns destes componentes secam e giram em conjunto com o vórtex, eles entram em combustão, devido a velocidade de seu movimento, e transformam-se na substância das estrelas. Os corpos celestes, agora formados, iniciam seu movimento, suas órbitas, o Sol circula a lua e a Terra se desloca ao centro, com a forma semelhante a de um tambor. Embora o filósofo não explicite todas as razões, este mesmo modo de nascer termina por levar o mundo a decair e perecer em algum momento futuro.

O principal trabalho atribuído a Leucipo é a Megas Diakosmos, ou Grande Cosmologia, que foi por algum tempo atribuído a seu discípulo Demócrito, acompanhando a Micros Diakosmos, ou Pequena Cosmologia. Embora as afirmações de que Leucipo teria fundado a escola em Abdera, na qual Demócrito ingressou, ainda permanecem em disputa, fragmentos coletados por Hermann Diels permitiram a distinção e abriram caminho para supor-se um Leucipo histórico.

Referências bibliográficas:
REALE, Giovanni. História da filosofia grega e romana - Platão Loyola. 2010.

SMITH, William. "Philola'us". Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. ed. (1870).

SPINELLI, Miguel. Filósofos Pré-Socráticos. Primeiros Mestres da Filosofia e da Ciência Grega. 2ª Ed., Porto Alegre: Edipucrs, 2003

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