Hipotermia

Por Rafael Barty Dextro

Mestre em Ecologia e Recursos Naturais (UFSCAR, 2019)
Bacharel em Ciências Biológicas (UNIFESP, 2015)

Categorias: Fisiologia, Saúde
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A hipotermia é uma condição médica associada a perda de calor corporal, causando uma redução da temperatura média do organismo. Em um adulto saudável, espera-se que a temperatura corporal varie entre 36,5 e 37ºC, sendo que valores abaixo de 35ºC representam o quadro de hipotermia. Essa redução afeta a homeostase sistêmica, alterando o funcionamento dos órgãos e podendo gerar problemas fatais, como insuficiência cardíaca ou respiratória.

O primeiro sinal de queda de temperatura são os tremores involuntários da musculatura em uma tentativa de manter o corpo aquecido. Isso ocorre em ambientes frios ou quando nos banhamos com água muito fria. Outros sintomas associados a hipotermia são a dificuldade em falar e engolir, respiração lenta, pulso arterial fraco, perda de coordenação, tontura, ruborização da pele e desmaios. Muitas pessoas que passam por esse problema não notam estes primeiros sinais e deixam de tratar a hipotermia como uma condição que pode causar problemas de saúde graves.

Ilustração: seesawname / Shutterstock.com

Exposição prolongada ao frio, seja por uso de roupas inapropriadas ou devido a acidentes (como se perder em um local de clima frio ou cair em um lago de água muito fria) causa uma queda considerável da temperatura do corpo. Isso ocorre porque a pele é uma grande superfície de contato, dificultando seu continuo aquecimento através do fluxo sanguíneo caso a exposição ao frio seja longa. Ficar com roupas molhadas também pode levar a hipotermia.

Outro mecanismo de perda de calor é o processo físico da condução por contato direto. A energia calorífica se move de corpos mais quentes para os mais frios. Deste modo, o organismo é uma fonte de calor, perdendo-o constantemente para o ar, vento e solo, que são mais frios que nossos corpos. A água é um condutor de calor muito eficiente, por isso a perda de calor corporal no ambiente aquático ocorre ainda mais rápido, o que pode ser muito perigoso para pessoas que vivam próximas a corpos hídricos frios ou que congelem em algum período do ano.

Os grupos que possuem maior risco de sofrer um quadro hipotérmico são as crianças, idosos, usuários de álcool e drogas e pacientes que sofrem de hipotireoidismo, anorexia, diabetes ou condições cardiovasculares que afetam a habilidade de regulação térmica do organismo. As crianças e os idosos possuem menor capacidade fisiológica de regular a temperatura do corpo. Bebês, em especial, perdem calor muito rapidamente. Ambos estes grupos etários devem ser monitorados em relação a uso de vestimentas adequadas e exposição a climas frios. O consumo de álcool leva a uma falsa impressão de aquecimento corporal devido ao efeito vasodilatador deste tipo de bebida. Todavia, o efeito é oposto: por estar sendo mais irrigada, a superfície da pele perde ainda mais calor. Como agravante, o álcool bloqueia parte dos estímulos de tremor. Tanto o álcool quanto drogas afetam a capacidade cognitiva do usuário, podendo fazer com que estes ajam de maneira imprudente ou que desmaiem em um lugar exposto ao frio.

Alpinistas e pessoas que trabalham expostas ao clima frio podem sofrer gangrenas e necrose tecidual devido a hipotermia. A fim de evita-la, recomenda-se o uso de roupas quentes (como casacos, chapéus e luvas), a manutenção do corpo seco e aquecido e procurar não fazer atividades aquáticas em locais de água muito fria.

Referências:

Centers for Disease Control and Prevention. (2005). Hypothermia-related deaths--United States, 2003-2004. MMWR: Morbidity and mortality weekly report54(7), 173-175.

Danzl, D. F., & Pozos, R. S. (1994). Accidental hypothermia. New England Journal of Medicine331(26), 1756-1760.

Freund, G. (1973). Hypothermia after acute ethanol and benzyl alcohol administration. Life sciences13(4), 345-349.

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