Mecanização do campo

Por Morôni Azevedo de Vasconcellos

Especialista em Geografia do Brasil (Faculdades Integradas de Jacarepaguá, RJ)
Mestre em Educação (Estácio de Sá, 2016)
Graduado em Geografia (Simonsen, 2010)

Categorias: Agricultura, Geografia
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

Desde a Revolução Industrial, as máquinas ocuparam um papel cada vez mais relevante na economia, substituindo o trabalho manual pelo trabalho mecânico (posteriormente, as máquinas simplesmente mecânicas serão substituídas pela elétricas e eletrônicas), apesar de demorar um pouco mais, o trabalho rural agropecuário não tardaria a também sofrer mudanças com a mecanização.

O uso de maquinário especializado para a semeadura e para a colheita permitiu a ampliação da produção agrícola e pecuária, derrubando as conclusões da teoria demográfica malthusiana de que o aumento da população poderia levar a uma fome generalizada, pois, com a mecanização do campo foi possível ampliar mais e mais a produção de alimentos.

Colheitadeira consegue fazer em um dia o trabalho de centenas de agricultores trabalhando manualmente. Foto: My Portfolio / Shutterstock.com

A mecanização do campo foi alicerce para a consolidação do agronegócio, sendo o sustentáculo da produção agroindustrial. Apesar de aumentar a produção e fortalecer o papel do campo na economia mundial, a mecanização do campo não está isenta de críticas e problemas. No Brasil, esta mecanização vem se acentuando desde a década de 1960.

Como em toda a substituição do trabalho manual pelo mecânico, há sempre uma redução drástica nas vagas de emprego para trabalhos braçais, que não exigem formação específica, embora permita a criação de um número limitado de novas vagas no setor especializado (técnicos, profissionais de nível superior e outros serviços profissionais especializados). Levando a um conflito de interesses entre mão-de-obra qualificada e mão-de-obra sem qualificação.

A mecanização do campo e o fim dessas vagas de trabalho sem qualificação é uma das principais causas do êxodo rural, no qual a população sem oportunidades de trabalho no campo se vê obrigada a migrar em direção aos centros urbanos em busca de novas oportunidades de trabalho e sustento.

Estrutura móvel para irrigação de plantações possibilitou o cultivo em locais cada vez mais áridos. Foto: Bob Pool / Shutterstock.com

Não é de se estranhar que geralmente os movimentos de trabalhadores e pequenos proprietários que se sentiram prejudicados praticam ações de destruição de máquinas, considerando elas o símbolo da exclusão. Isso ocorreu no ludismo nas fábricas europeias do século XIX e em algumas manifestações de trabalhadores sem-terra.

Outra questão levantada como impacto negativo é sobre os impactos ambientais desta mecanização, tanto nos efeitos colaterais que eventualmente podem ser causados sobre o solo, o ar e as águas em função de um manejo predatório na agricultura, quanto também as questões ligadas ao bem-estar animal e as constantes críticas sobre o sofrimento animal na pecuária, especialmente na mecanizada.

Há também uma crítica sobre a exclusão dos pequenos produtores da possibilidade de conseguir adquirir (de forma suficientemente adequada) os recursos necessários para mecanizar as suas plantações e criações, enquanto os grandes produtores rurais cada vez mais conseguem automatizar os seus latifúndios, gerando inclusive uma concorrência cada vez mais desigual entre grandes e pequenos produtores rurais.

Colheitadeiras e caminhões aumentam a produção no campo. Foto: Kletr / Shutterstock.com

Os pequenos produtores não conseguirem ter o acesso adequado a essa mecanização do campo influencia diretamente na produção agrícola de um modo geral, afinal, são eles a maioria dos produtores rurais. Por exemplo, no Brasil, os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina possuem uma quantidade de pequenos produtores que representam cerca de 60% das propriedades rurais.

Referências: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co185.htm

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!