Revolta da Cachaça

Por Karine Ferreira Brito

Graduada em História (UFRJ, 2016)

Categorias: Brasil Colônia
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Nos anos de 1660 e 1661 ocorreu no Brasil a chamada Revolta da Cachaça, também conhecida como Revolta do Barbalho ou Bernarda. O principal motivo dessa revolta foi o aumento de impostos cobrados em cima da cachaça pela metrópole portuguesa.

No século XVII, a exploração do pau-brasil havia entrado em decadência e não gerava o mesmo lucro do início. Então Portugal resolveu investir na plantação de cana de açúcar. Essa escolha foi devido ao conhecimento da cultura, ou seja, Portugal já plantava açúcar nas Antilhas, logo, já conhecia as técnicas de plantação e cultivo. O clima e o solo brasileiros também eram propícios à plantação de cana. O comércio de especiarias também estava em decadência, então era preciso encontrar um novo tipo de produto para conseguir lucrar. Assim, se inicia a produção açucareira.

A aguardente se tornou popular e consumida cada vez mais por escravos, fazendo com que os vinhos de Portugal sofressem um baque nas importações, então monopolizadas pela Companhia de Comércio. Então, no ano de 1647, Portugal cria uma nova lei onde estabeleceu a proteção do monopólio da aguardente e do vinho, obrigando que os produtores brasileiros apenas comercializassem com a metrópole, em 1649.

Já no ano de 1654, os holandeses são finalmente expulsos do Brasil e acabam indo para as Antilhas, onde passam a produzir um açúcar mais barato e de melhor qualidade do que o produzido no Brasil. Assim, o comércio de açúcar no Brasil começa a sofrer uma baixa.

Já nos anos de 1660 e 1661, mesmo com a crise no Rio de Janeiro por conta da concorrência holandesa em relação ao açúcar, o governador da capitania, Salvador Correia de Sá e Benevides, acabou instituindo uma taxa sobre as posses dos habitantes. Ou seja, mesmo em crise, o governo cobrava mais e mais impostos. Importante ressaltar também que com o monopólio português sobre a cachaça, o comércio ilegal crescia cada vez mais e os produtores não faziam questão de se esconderem. Em 1659, com o intuito de coibir a prática ilegal da produção e venda de cachaça, o governo expediu uma ordem em que todos os alambiques da colônia e os navios que transportavam o produto deveriam ser destruídos. Quando Salvador Correia estabeleceu mais um imposto em 1660 e foi, logo em seguida, para São Paulo, os produtores começaram a se reunir para tentar reverter o caos e no mesmo ano, os vereadores sugeriram e conseguiram a liberação do comércio da cachaça, mas essa medida teve que ser revogada porque ia contra as leis portuguesas.

Nos atuais municípios de São Gonçalo e Niteroi, chamados de Freguesia de São Gonçalo, houve rebelião contra os impostos. Durante meses, houve reuniões na fazenda Jerônimo Barbalho Bezerra e, em 8 de novembro de 1660, os revoltosos, liderados por Bezerra, chegaram ao Rio de Janeiro e exigiram o fim das taxas e a devolução daquilo que já havia sido cobrado. As casas do governador foram saqueadas e Agostinho Barbalho foi nomeado governador. A revolta teve fim com a invasão das tropas do governo em 6 de abril de 1661. Os líderes foram presos, sendo Barbalho o único condenado a morte. Ainda no mesmo ano, Luísa de Gusmão, rainha de Portugal, liberou a produção de cachaça no Brasil.

Referências Bibliográficas:

BARBOSA, JLA. Alimento, bebida e droga: uma abordagem histórica sobre a imagem e o uso da cachaça. In: Engenho de cana-de-açúcar na Paraíba: por uma sociologia da cachaça. Campina Grande: EDUEPB, 2014. Substractum collection, pp. 29-81.

CAETANO, Antonio Filipe Pereira. Entre a Sombra e o Sol – A Revolta da Cachaça, a Freguesia de São Gonçalo de Amarante e a Crise Política Fluminense (Rio de Janeiro, 1640 – 1667). Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal Fluminense. Niteroi, 2003.

Revolta da Cachaça: 1660-1661. Site da Cachaça. Portal de informações sobre produção de cachaça. Link: http://www.sitedacachaca.com.br/revolta-da-cachaca-1660-1661/

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