Ataque nuclear em Hiroshima e Nagasaki

Mestre em História Comparada (UFRJ, 2020)
Bacharel em História (UFRJ, 2018)

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O ataque nuclear às cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki aconteceu nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, coordenado pelos Estados Unidos e aliados nos momentos finais da Segunda Guerra Mundial. Estimativas apontam que entre 100 e 200 mil pessoas morreram em decorrência dos bombardeios. Parte das vítimas morreu quando as bombas foram detonadas ou logo depois. Outras, faleceram nos anos seguintes devido às consequências da exposição ao alto nível de radiação.

Esse evento consiste em um marco da história mundial por diferentes motivos. Significou o golpe final dos Aliados no Eixo e o fim da guerra iniciada em 1939, também foi a primeira e única vez em que armas nucleares foram utilizadas em conflitos. O lado norte americano justificou o bombardeio como uma forma de preservar vidas de soldados americanos. No entanto, os ataques eram também uma mensagem à União Soviética, uma forma de intimidação.

Segunda Guerra Mundial, tecnologia e poder militar

Iniciado 20 anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, o novo conflito também apoiou-se fortemente no desenvolvimento de toda forma de tecnologia militar. Durante esse período as principais potências mundiais destinaram milhões de investimento público e privado à indústria da guerra, que inclui desde a indústria naval até a bioquímica.

Em 1938, químicos alemães descobriram o fenômeno da fissão nuclear, que serviu de base teórica para a criação de bombas atômicas. A novidade foi recebida com receio e animação pela comunidade científica internacional. Em 1943, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Canadá unificaram seus programas nucleares e começaram a trabalhar nas bombas “Little Boy” (Pequeno Garoto) e “Fat Man” (Homem Gordo).

Fat Man, a bomba atômica que foi detonada sobre Nagasaki em agosto de 1945.

Por que Hiroshima e Nagasaki?

A escolha das cidades se deu antecipadamente e por critérios estratégicos. Hiroshima era uma cidade portuária e abrigava a maior parte do complexo industrial-militar do Japão. Já Nagasaki, que se tornou alvo no lugar da cidade de Kyoto, possuía um porto de importância militar e centros de reparo para embarcações.

É verdade que as cidades japonesas já vinham sendo alvo de bombardeios pelas forças aliadas como parte do esforço comum de guerra. Inclusive, era comum que folhetos noticiando os habitantes dos bombardeios fossem lançados pelas aeronaves aliadas horas ou minutos antes dos ataques. Contudo, isso não aconteceu no ataque a Hiroshima e Nagasaki no início de agosto de 1945.

Em discussão, o comitê norte-americano responsável pelo bombardeio escolheu por não notificar os japoneses do bombardeio. Isso porque se tratava de outro contexto: a guerra estava praticamente vencida pelos Aliados, pois Alemanha e Itália haviam se rendido. Ainda assim, os japoneses não mostravam sinais de que fariam o mesmo.

Portanto, o intuito do “efeito surpresa” era tanto evitar a defesa japonesa como causar impacto psicológico na população e líderes japoneses.

"Cogumelos" formados pelas detonações nucleares em Hiroshima (esq.) e Nagasaki (dir.)

Os ataques

A primeira cidade a ser bombardeada foi Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. Às 08:15, foi lançada a bomba “Little Boy”. O alvo era a Ponte Aioi, porém, devido ao vento, a bomba acabou caindo em uma clínica cirúrgica. O raio total de destruição foi de 1.6 km, para além dos incêndios que devastaram uma área de 11km². Entre 70.000-80.000 pessoas, cerca de 30% da população da cidade morreram pela explosão e a tempestade de fogo que a seguiu.

Em discurso feito horas depois, através do discurso do presidente estadunidense Harry Truman, os japoneses e o mundo tomaram conhecimento de que o ocorrido em Hiroshima tratou-se de um inédito ataque nuclear. Apesar disso, o Japão não demonstrou sinais de rendição.

Com isso, o segundo ataque foi realizado. No dia 9 de agosto, às 11:02, a bomba “Fat Man” foi lançada numa região de vale, ao norte da cidade, onde se localizava um parque industrial. O relevo montanhoso confinou a explosão à região, protegendo a cidade. As estimativas do número de mortes imediatas varia entre 20.000 e 70.000. Em sua maioria, trabalhadores(as) das fábricas e plantações da região. Considerando as mortes posteriores, a estimativa sobre para 39.000-80.000 mortes ao fim do ano de 1945.

Bibliografia:

HOBSBAWM, Eric. Era dos extremos: o breve século XX. Editora Companhia das Letras, 1995.

SERRANO, Carlos. Hiroshima e Nagasaki. BBC Mundo. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/resources/idt-a05a8804-1912-4654-ae8a-27a56f1c2b8a. Acesso em: 13/11/2021.

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