Invenção da Imprensa

Licenciatura em História (IFG, 2022)

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A Invenção da Imprensa no século XV revolucionou a história mundial, ao permitir a difusão de conhecimento e informações, de forma massiva e sem paralelos na história da humanidade.

Deve-se a invenção da imprensa várias mudanças na cultura, ciência, política e religião europeia, além da disseminação dos modos ocidentais, como aponta Jorge Barcelar. Pode-se rastrear as origens mais remotas e antigas da imprensa na China, que já trabalhava com novos tipos de papéis desenvolvidos com fibras vegetais, tintas e caracteres móveis feitos de argila, no entanto, a invenção chinesa carecia ainda de melhorias e ajustes técnicos, pois a produção de textos era muito dispendiosa. Foi apenas séculos depois, Na Europa do início da era moderna que a imprensa, da forma como a conhecemos, começou a dar os seus primeiros passos, no sentido de mudar completamente a forma como as notícias e o conhecimento são difundidos no mundo.

O conhecimento era, no final da idade média e início da idade moderna na Europa, algo extremamente restrito aos membros da nobreza e aos integrantes do alto clero da Igreja católica, que eram os únicos com condições de obterem livros, dentre esses livros, a Bíblia. O papel já predominava na Europa, mas os livros, como eram escritos e depois copiados, letra por letra à mão, eram extremamente caros e raros. Só para se ter uma ideia, uma cópia da bíblia escrita á mão, poderia demorar anos para ficar concluída, ficando sua venda muito cara e inacessível para a maioria da população, que dependia então, das interpretações dadas pelos padres. Os jornais também eram muito caros.

Livros e textos eram reproduzidos ou por monges copistas da Igreja, ou por profissionais letrados contratados para isso.

Dessa maneira, não apenas a bíblia, mas todo tipo de conhecimento acumulado em séculos de história humana, contido em livros, ficava restrito a poucas pessoas. As informações e as ideias encontravam dificuldades para serem difundidas de um lugar para o outro. A principal forma de se inteirar das novidades, era através das conversas com os membros locais da própria comunidade.

Mas, durante o século XV, época em que as ideias científicas e artísticas do renascimento e do humanismo começavam a ganhar força, uma invenção totalmente nova impulsionou a difusão dessas ideias: trata-se da criação da Prensa Móvel de Johannes Gutenberg, criada em 1456, na Alemanha. Gutenberg planejou e conseguiu construir uma máquina tipográfica, através da qual, com caracteres móveis e tinta a óleo, tornou-se possível a impressão em papel, de textos e livros. E o primeiro livro impresso foi uma cópia da Bíblia, o que inclusive influenciou no processo conhecido como Reforma Protestante, que reinterpretou as passagens bíblicas e o cristianismo.

Retrato de Johannes Gutenberg (1840). Foto: Marzolino / Shutterstock.com

A esse mecanismo de reprodução de livros e textos, deu-se o nome de imprensa, nome hoje relacionado aos meios de divulgação de informações. Alguns historiadores situam a invenção da imprensa, como o momento da origem da comunicação de massas, pois, é somente através dela que se tornou possível disseminar informações e conhecimento para um número grande de pessoas.

Livros e textos que eram produzidos, poderiam agora ser copiados e reproduzidos em menos tempo, com menos custo, e em uma escala inédita na história, revolucionando a imprensa. O jornal New York por exemplo, em 1833 reduziu o preço de suas edições diárias para apenas um penny. Difundiu-se também, mais rapidamente, as novas ideias surgidas na Europa do Renascimento, ideias que, em alguns aspectos, começavam a romper com as visões de mundo feudais. Tal processo ajudou também na expansão das ideias de uma nova classe que ganhava cada vez mais poder econômico na Europa: a burguesia.

A difusão de informações, textos e livros, em salões de leitura, cafés, academias e reuniões, foi fundamental para a expansão do Iluminismo séculos depois, e para as revoluções que viriam a mudar o mundo.

Mesmo os analfabetos, ou pessoas sem condições de comprarem textos ou livros, podiam se inteirar as novas notícias, por meio das leituras públicas dos jornais, que ocorriam normalmente.

Fontes:

BARCELAR, Jorge. Apontamentos sobre a história e desenvolvimento da impressão. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação. Lisboa (1990).

RIBEIRO, G. M.; CHAGAS, R. L.; PINTO, S. L. O renascimento cultural a partir da imprensa: o livro e sua nova dimensão no contexto social do século XV. Akropólis, Umuarama, v. 15, n. 1 e 2, p. 29 – 36, jan./jun. 2007.

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