Medicina na Grécia Antiga

Por Pedro Eurico Rodrigues

Mestrado em História (UDESC, 2012)
Graduação em História (UDESC, 2009)

Categorias: Grécia Antiga, Medicina
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O Período Clássico da Grécia Antiga (séc. V – séc. IV a.C.) foi marcado pela ebulição cultural. Foi nesta época que muitas áreas do conhecimento passaram a se desenvolver, como a filosofia, a história e a medicina. Até então, durante o Período Arcaico, acreditava-se que as doenças estavam relacionadas à religiosidade e ao misticismo e que tudo o que acontecia com o corpo humano era responsabilidade e ação dos deuses. Neste período havia pouco conhecimento sobre o corpo humano, e eram observadas apenas as funções mais básicas e seus órgãos respectivos – consequentemente as mais fáceis de serem percebidas como a bexiga como repositório da urina, o reto como canal por onde eram expelidas as fezes, o coração que era responsável pela pulsação, e a garganta por onde percorriam os alimentos ingeridos. Acredita-se que muito do que se conhecia do corpo dos humanos era resultado da observação dos animais na natureza.

É a partir do século V a.C. que a medicina passa a evoluir enquanto campo do conhecimento prático e intelectual. Os médicos passaram a ser profissionais responsáveis pelo conhecimento e aplicação de plantas medicinais para cura de doenças e pelo desenvolvimento de técnicas cirúrgicas em contexto de guerra. Assim, as curas paulatinamente foram sendo desvinculadas da religiosidade e, assim como outras áreas, houve investimento em procurar explicações racionais. A história procurou narrar e explicar os fatos ocorridos em determinados contextos assim como a medicina buscou explicar o funcionamento do corpo humano. São práticas que resultam de investigações e que marcam o início do pensamento científico no mundo ocidental.

Hipócrates (460 – 380 a.C.) foi o principal nome da medicina na Grécia Antiga. Ele observou que as doenças eram causadas por motivos naturais, desvinculadas dos mitos e do sagrado. Ele foi o primeiro a observar doenças como resultado de alteração no próprio corpo humano, baseando-se na observação dos sintomas e propondo um diagnóstico e um tratamento. Até hoje os conhecimentos gregos antigos são valiosos e por isso o juramento dos formandos de medicina se chama Juramento de Hipócrates, que assegura que a ética médica deve pautar a prática profissional da medicina.

É com o pensamento racional que a medicina passa a se desenvolver. Neste contexto houve a criação das primeiras escolas de medicina, que se baseavam no Corpus Hipocraticum, composto de tratados médicos que serviam como base para o estudo e a prática da medicina. Esta reunião dos tratados foi feita por estudiosos da Escola Médica de Alexandria e é o que marca o início da medicina racional. Estes estudos relacionavam diretamente o corpo humano às condições climáticas e para explicar as doenças procuravam observar as condições externas. Ainda neste período há poucas descrições da anatomia humana. O único órgão que ganhou destaque e foi detalhado foi o coração.

O desenvolvimento da medicina – e da História, da Filosofia, da Política – colocou em xeque o que se acreditava até então: as origens míticas de tudo que ocorria na sociedade grega. A partir de então observou-se que a natureza não era dependente apenas dos deuses e que por isso era necessário investir no conhecimento do corpo humano, dos fatos, e do pensamento. Isso não quer dizer que os gregos tenham deixado de acreditar nos seus mitos, mas trouxe à tona novas formas de conhecimento, que passaram a coexistir: a religiosidade e a racionalidade.

Referências:

BARBOSA, D. F., LEMOS, P. C. P. A Medicina na Grécia Antiga. Rev Med (São Paulo). 2007.

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2002.

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