Movimento de Libertação Popular (MOLIPO)

Por Natália Rodrigues

Mestre em História (UERJ, 2016)
Graduada em História (UERJ, 2014)

Categorias: Ditadura Militar
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O Movimento de Libertação Popular (MOLIPO) foi uma organização de luta armada dissidente da Ação Libertadora Nacional (ALN). Em 1970, militantes universitários paulistas que faziam treinamento de guerrilha em Cuba dissociaram-se da ALN, expondo críticas à organização que sofria com recorrentes derrotas na guerrilha urbana. Entre as principais perdas esteve a morte do principal líder da ALN, Carlos Marighella, em uma emboscada de órgãos da repressão militar, em 4 de novembro de 1969, fato que sufocou ainda mais a organização. As demais críticas desses militantes à ALN eram o afastamento do trabalho com as massas, o caráter antiteoricista e a estrutura grupista.

Quando o “grupo dos 28”, núcleo base da nova organização, retornou de Cuba, iniciaram as atividades do MOLIPO no Brasil. Liderados pelo estudante de arquitetura Antônio Benetazzo, o MOLIPO não chegou a ultrapassar o número de trinta militantes que atuavam nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Goiás. O MOLIPO teve uma tendência à militarização ainda maior do que a da ALN, visando ampliar a luta armada urbana e iniciar a guerrilha rural. O MOLIPO pretendia desenvolver a coluna guerrilheira, proposta pelo pensador francês Régis Debray, dessa maneira, após a expansão da guerrilha rural, começariam a tomada dos meios urbanos.

No período em que o MOLIPO atuou, o Regime Militar (1964-1985) aumentou a repressão aos grupos de esquerda, principalmente, aos que promoveram a luta armada. Segundo o historiador Jacob Gorender, o isolamento dos militantes do MOLIPO na preparação da guerrilha fez com que eles não percebessem o quanto a repressão policial havia sido ampliada. Em 1973, o MOLIPO já havia sido dissolvido, após terem dezessete dos militantes da organização mortos pelo Regime Militar, cinco desses militantes compuseram a lista dos “desaparecidos” políticos, os quais os corpos não tiveram os paradeiros revelados pelos algozes (Cf. GORENDER, 2014: 230).

Referências:

GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. São Paulo: Fundação Perseu Abramo/Expressão Popular, 2014. p. 230.

REIS FILHO, Daniel Aarão & SÁ, Jair Ferreira de. Imagens da Revolução: Documentos Políticos das Organizações Clandestinas de Esquerda dos anos 1961-1971. Rio de Janeiro: Ed. Marco Zero, 1985. p. 361.

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