Noite das garrafadas

Por Mayra Poubel

Graduada em História (UFF, 2017)
Mestre em Sociologia e Antropologia (UFRJ, 2012)
Graduada em Ciências Sociais (UERJ, 2009)

Categorias: Brasil Imperial
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Noite das garrafadas foi o nome pelo qual ficou conhecido o enfrentamento entre brasileiros e portugueses ocorrido no Rio de Janeiro expondo a insatisfação de parte da população com o reinado de D. Pedro I em um momento de grande instabilidade política.

Para se compreender melhor esse acontecimento, é necessário o entendimento da crise política na qual se encontrava o Brasil àquela época. Quando houve a dissolução da Assembleia constituinte e a outorga da constituição (constituição outorgada é aquela imposta, sem os trâmites burocráticos de um governo democrático) no ano de 1824, D. Pedro foi vendo sua popularidade entrar em franco declínio, com insatisfação popular e perda de apoio de sustentação política. Isso ocorreu, dentre outros fatores:

Tentando recuperar sua popularidade, D. Pedro I realizou em 1830 uma série de viagens às províncias brasileiras. Ao voltar da viagem que fez a Minas Gerais (onde teve reações frias e pouco calorosas), os portugueses residentes no Rio de Janeiro o receberam com homenagens (acenderam fogueiras nas ruas) que não foram aceitas pelos brasileiros, que reagiram apagando as fogueiras e dando vivas à Constituição, a resultando no conflito entre eles, a Noite das Garrafadas, que foi assim descrita:

A cena de uma rua é, a um só tempo, a mesma de todo o quarteirão. Os pés de chumbo (portugueses) deixam que a cabralhada (brasileiros) se aproxime o mais possível. E inesperadamente, de todas as portas, chovem garrafas inteiras e aos pedaços sobre os invasores. O sangue espirra, testas, cabeças, canelas... Gritos, gemidos, uivos, guinchos.

É inverossímil.

E a raça toda, de cacete em punho, vai malhando... E os corpos a cair ensanguentados sobre os cacos navalhantes das garrafas.” (Correia, V.,1933,p.42)

A noite das garrafadas teve como consequência a nomeação pelo imperador de um novo ministério que era composto apenas por brasileiros, isto não foi, porém, o suficiente para acalmar os ânimos. Então, um novo ministério, conhecido por Ministério dos Marqueses foi nomeado 15 dias depois. Esse ato causou reação popular em 7 de abril, com apoio de segmentos das tropas militares, se reuniram no Campo de Santana protestando contra o governo. Não tendo mais apoio político ou militar, D. Pedro I renuncia o trono em nome de seu filho D. Pedro de Alcântara – ainda menor de idade – e retorna a Portugal.

Bibliografia

Telecurso: História: ensino fundamental / Hebe Maria Mattos de Castro (coordenadora); Américo Oscar Guichard Freire... [et al.]; revisão e ampliação de conteúdo Alessandra Carvalho, Monica Lima. 1.ed.- Rio de Janeiro: Fundação Roberto Marinho, 2008.

Seriacopi, Gislaine Campos Azevedo. Reinaldo Seriacopi. História: volume único 1.ed, São Paulo: Ática, 2005.

Apostila Editora COC, Ciências humanas, História do Brasil 2 – Brasil Império

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