Grande Firewall da China

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O Projeto Escudo Dourado é uma ferramenta da China instituída em 1998. Seu intuito é filtrar informações da internet em seu território. O sistema também é conhecido pelo nome de Grande Firewall da China, em alusão à Grande Muralha da China.

O desenvolvimento e aplicação do Grande Firewall da China coincide com o período de maior desenvolvimento econômico do país. De acordo com o Banco Mundial, entre as décadas de 1940 e 2020, a China tirou 850 milhões de cidadãos da linha de pobreza por meio de um conjunto de reformas políticas e econômicas.

Ilustração: Aleksandar Malivuk / Shutterstock.com

História do projeto

O desenvolvimento da computação chinesa teve início ao final da década de 1980. A partir de um instituto de pesquisas de Pequim, enviaram o seu primeiro e-mail. Nos anos 1990 ocorreu a introdução da internet no país por meio da primeira conexão a cabo. Cinco anos depois, já estavam em funcionamento os cybercafés nas grandes cidades chinesas. Dentro deste contexto, as autoridades locais perceberam que o livre a acesso à qualquer tipo de informação poderia interferir na política do país.

Em 1996 o governo chinês implementou algumas medidas para controlar as informações que chegavam pela rede mundial de computadores. A partir de um conselho, foram definidas regras temporárias para gerenciar redes de informação. Ficaram permitidas na China somente as operações de internet realizadas por meio do Ministério dos Correios de Telecomunicações. Outro entendimento foi de que nenhum indivíduo ou grupo poderia usar outras formas que não fossem as providas pelo governo para fazer um acesso à internet.

Com mais de dois milhões de usuários em 1998, o governo da China não tinha uma estimativa a respeito do comportamento online. Devido a este crescimento, surgiu o Projeto Escudo Dourado. Em 1998, um especialista chinês em softwares, Lin Hai, foi preso após entregar cerca de 30 mil endereços eletrônicos de cidadãos chineses para uma publicação americana chamada VIP Reference, uma espécie de newsletter. As autoridades da China encaravam que este veículo era hostil em relação a Pequim.

Falun Gong

Em 1999 foi realizada uma investigação do governo chinês sobre a Falun Gong. Esta prática religiosa foi criada por Li Hongzhi e teve inspiração no qi gong. Através da internet, o grupo tinha reunido milhões de adeptos na China durante a década de 1990. Assim, após tentativas do governo em reprimir a sua atividade, os seguidores organizaram-se em protestos por meio da esfera virtual, contra as ações do Estado.

A tentativa das autoridades em acabar com a prática acabou tornando-a uma causa célebre. Grupos em defesa dos Direitos Humanos de diversos países ocidentais concentraram-se em criticar as atitudes da China em relação a esta questão.

Porém, depois de algum tempo, descobriu-se que o líder da seita tinha posições preconceituosas em relação à raça e aos homossexuais. Segundo ele, as relações interraciais seriam um exemplo de degeneração moral. Hongzhi também categorizou a homossexualidade como algo fora do padrão humano. Seus adeptos eram apoiadores do anticomunismo, o que ajudou a tornar a prática bastante conhecida no Ocidente.

A popularidade da seita deixou as autoridades da China alarmadas. Naquele ano foram contabilizados milhões de praticantes. Com isso, o governo endossou o controle da internet. Assim, a partir do início do século XXI, o Projeto Escudo Dourado expandiu-se ocupando todo o território chinês e o seu lançamento oficial aconteceu em 2003.

Aplicativos e sites filtrados

Entre as ferramentas online proibidas na China, a maior parte é de origem norte-americana. Aplicações do Google como o Mapas, Tradutor, Documentos e Drive não funcionam no país, assim como a maior parte das mídias sociais: Instagram, WhatsApp, Twitter, Pinterest e YouTube. A respeito das publicações, o governo chinês bloqueia Reuters, NRK, Wall Street Journal, Bloomberg, New York Times, entre outros veículos do Ocidente. Embora ocorra esse bloqueio, o governo chinês provê ferramentas da mesma funcionalidade para a sua população.

VPN

Porém, existem formas de burlar estas proibições. De acordo com a GlobalWebIndex, em 2015 cerca de 200 milhões de cidadãos chineses fizeram uso das redes virtuais privadas (VPN - Virtual Private Network) para acessar o Netflix - streaming bloqueado na China - e acompanhar a terceira temporada da série House of Cards.

Fontes:

https://www.chinalinktrading.com/blog/censura-acesso-internet-china/

https://www.bloomberg.com/quicktake/great-firewall-of-china

https://ltl-chines.com/sites-banidos-na-china/

http://www.orientemidia.org/putin-e-xi-quebrando-tuuuudo-em-new-york/

Arquivado em: Comunicação, Internet
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