Pseudogestação canina

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Doenças animais, Medicina Veterinária
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A pseudogestação, conhecida também pelo nome de pseudociese ou falsa gestação, pode ser considerada uma síndrome que ocorre em animais não gestantes. É muito comum sua ocorrência em cadelas, geralmente entre 6 a 14 semanas após a cadela entrar no estro (cio).

Existem algumas teorias que explicam o aparecimento desta síndrome. Uma delas é que o aumento da concentração plasmática de prolactina após o metaestro (período de ovulação), irá levar à uma produção de leite pelas glândulas mamárias e também à manutenção do corpo lúteo. Este, por sua vez, secreta progesterona, hormônio responsável por manter a gestação, cerca de 60 dias após a ovulação. Como não há a presença de nenhum hormônio que lise (destrua) o corpo lúteo no caso de ausência de fertilização, o nível hormonal em animais gestantes e não gestantes é o mesmo. Acredita-se que todas as cadelas apresentem falsa gestação, entretanto, somente algumas manifestam os sinais clínicos desta alteração.

Além do período pós-ovulação, existem outras situações onde o animal pode desenvolver a pseudociese:

Em todos esses casos, há uma exposição à progesterona e, um posterior decréscimo no nível desse hormônio.

Os sinais observados nesta alteração são: aumento das glândulas mamárias com ou sem produção de leite; adoção de objetos inanimados ou de filhotes de outras fêmeas; preparação do “ninho” para o local do parto; lambedura do abdômen; agressividade, ganho de peso e/ou anorexia. Existem outros sinais que são pouco comuns, como: êmese (vômito), diarréia, distensão e contração da parede abdominal, poliúria (aumento do volume urinário), polidipsia (sensação de sede), polifagia (fome excessiva e ingestão exagerada de alimentos sólidos).

O diagnóstico é feito baseado na história, sinais clínicos e comportamentais apresentados pela fêmea algum tempo após o período de estro.

Após uma gestação verdadeira, o comportamento retorna ao normal dentro de 4 a 8 semanas após o animal parir (período que o animal pára de amamentar). Sendo assim, espera-se que os sintomas apresentados na pseudociese cessem em um período de até oito semanas. Pode ser feito também um tratamento conservativo, com o uso do colar elizabetano, evitando o estímulo das glândulas mamárias pelo ato de lambedura, ou também, através da restrição da ingestão hídrica por um período de 5 a 7 noites, além do uso de fármacos esteróides ou antiprolactínicos. Dependendo do caso, pode ser feito um tratamento cirúrgico, que consiste na castração da fêmea.

Quando o comportamento materno é exagerado, deve-se desviar a atenção do animal estimulando-o a realizar atividades físicas. Já em casos de agressividade, pode ser feito o uso de tranquilizantes nos animais.

Há  especulações que relacionam a pseudociese com tumor de mama, devido ao estímulo das glândulas mamárias em fêmeas que apresentam a alteração em vários ciclos estrais, por isso é recomendado o tratamento desta alteração.

Fontes:
Rev. Bras. Reprod Anim, Belo Horizonte, v. 29, n.3/4, p.137-141, jul./dez. 2005.MARTINS L.R., LOPES M.R.D. Pseudociese canina. Disponível em www.cbra.org.br
https://web.archive.org/web/20090412033044/http://labrador.com.br:80/lab_news16.htm
http://www.marcosfernandes.vet.br/pdf/GESTACAO_OU_PSEUDO.pdf
http://www.webanimal.com.br/cao/index2.asp?menu=pseudo2.htm

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