Raiva bovina

Graduada em Medicina Veterinária (UDESC, 2017)

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A raiva é uma patologia neurotrópica causada pelo vírus do gênero Lyssavirus e da família Rhabdoviridae. É de ocorrência mundial e pode atingir a maioria das espécies de mamíferos domésticos e silvestres, incluindo a espécie humana. No Brasil, as espécies mais atingidas são bovinas e equinas. É de caráter irreversível com lesão progressiva do Sistema Nervoso Central e morte. Tratando-se de uma zoonose de grande importância para a saúde pública e economia pecuária, a raiva é uma das doenças mais documentadas da história, conhecida há mais de 2000 anos.

O principal transmissor de raiva para os bovinos são os morcegos hematófagos. A transmissão geralmente ocorre por inoculação da saliva dos animais infectados, mas é possível contrair pelo contato com o sangue e saliva em mucosas. O período de incubação do vírus pode chegar a 6 meses.

De maneira geral a raiva bovina possui 3 fases:

  • Fase Prodrômica: Fase pré-clinica, caracterizada por inquietação e desorientação e, em animais selvagens, perda do medo de contato humano.
  • Fase Furiosa: mais comum em carnívoros, além do aumento da agressividade, apresenta hiperexcitabilidade, a necessidade de morder, fugas. É incomum em ruminantes. Faz lesões em córtex cerebral, hipocampo e tálamo.
  • Fase Paralítica: mais comum em ruminantes, manifesta-se quando a doença já está avançada. Os locais afetados são medula espinhal, tronco encefálico e cerebelo.

Os principais sinais clínicos manifestados por bovinos são a forma paralítica: incoordenação motora, insensibilidade ao toque, flacidez ou desvio lateral de cauda, perda do controle anal, salivação excessiva, mugidos sem som, dificuldade em deglutir, agressividade, paralisia flácida de membros e em casos mais avançados o animal não consegue se levantar. Os sinais não específicos da doença geralmente são: apatia, animal se isola do grupo, opacidade de córnea e dificuldade em defecar. A progressão é sempre para a morte.

Patogenia

A raiva é inoculada nos tecidos através de saliva contaminada (por exemplo: mordida) e faz replicação primária nas células musculares e migração retrógrada para SNC, onde faz nova replicação e lesão tecidual causando os sinais neurológicos. Após isso, migra sentido periférico para os tecidos não nervosos, principalmente glândulas salivares.

O diagnóstico é post mortem, através da coleta de tecido nervoso. As lesões ficam limitadas ao SNC, porém não são visíveis a olho nu. Geralmente os achados histopatológicos são meningoencefalite e os corpúsculos de inclusão intracelular, chamados corpúsculos de Negri - característicos da Raiva. Estes corpúsculos também podem ser visualizados, por imunofluorescência direta ou por inoculação intracerebral em camundongos.

O vírus é resistente a congelamento e descongelamento e ao pH entre 5 e 9. É sensível a detergentes, éter, clorofórmio, acetona, etanol, pasteurização e radiação ultravioleta. O controle mais eficaz da doença ainda é através da vacinação em zonas endêmicas. Em casos de suspeita, a notificação aos agentes de saúde é obrigatória.

Foi desenvolvido pelo MAPA o Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros – PNCRH, que objetiva reduzir a incidência nos herbívoros domésticos. Suas principais diretrizes são: controle seletivo da população de morcegos hematófagos, vacinação dos herbívoros domésticos, investigação em casos de suspeitas e educação sanitária.

Fonte:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-736X2009001100006&script=sci_abstract&tlng=pt

https://www.revistas.ufg.br/vet/article/view/7851/5659

http://www.agricultura.gov.br/assuntos/sanidade-animal-e-vegetal/saude-animal/programas-de-saude-animal/prog-nacional-de-controle-da-raiva-dos-herbivoros-e-outras-encefalopatias

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