Teoria dos humores

Psicóloga (CRP 06/178290), graduada pela PUC-SP.
Mestranda em Psicologia Social na mesma instituição.
Pós-graduanda no Instituto Dasein.

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É importante localizar a palavra “humor” na história: na antiguidade greco-romana, o termo relacionava-se a líquidos e fluídos. A evolução de seu significado desenvolveu-se em direção a “estado de espírito”. Um sujeito “bem-humorado”, portanto, seria alguém com bons humores/líquidos em seu interior.

Então, para entender a Teoria dos Humores, devemos compreender suas raízes:

O filósofo grego Empédocles (c.495-435 a.C) sugeriu que os quatro elementos (água, ar, fogo e terra) e suas características (temperatura e umidade/secura) poderiam explicar a existência de qualquer substância.

O médico Hipócrates, (460 a.C.-377 a.C.), considerado o pai da Medicina ocidental, teve a filosofia como sua aliada. Assim, desenvolveu um modelo médico baseados nestes quatro elementos, atribuindo suas características a fluidos corporais – os humores. Assim, a saúde decorreria de seu equilíbrio, enquanto excessos e faltas explicariam estados de doença.

Foi com o médico Galeno (c.129-c.201 d.C.) que a medicina de base hipocrática chegou ao seu ápice. Ele expandiu a teoria, relacionando-a à personalidade e às inclinações emocionais e comportamentais dos indivíduos.

Logo, foi desenvolvida a teoria dos humores/temperamentos. Ela consiste na hipótese de cada corpo ser formado por misturas dos quatro elementos, de forma que cada ser nasceria com uma combinação deles.

A predominância de algum elemento acarretaria em um temperamento. Seriam eles:

  • Sanguíneo – em sujeitos que possuem excessivamente sangue. Suas decorrentes características seriam alegria, otimismo, confiança e extroversão.
  • Fleumático – em sujeitos que possuem excessivamente fleuma. Suas decorrentes características seriam timidez, apatia, lerdeza, cansaço e coerência.
  • Colérico – em sujeitos que possuem excessivamente bile amarela. Suas decorrentes características seriam irritabilidade, intensidade, impulsividade e rapidez.
  • Melancólico – em sujeitos que possuem excessivamente bile negra. Suas decorrentes características seriam inclinação artística, tristeza, medo e introversão.

Assim, para a promoção de saúde, o estudioso recomendava cuidados em relação ao ambiente, sono, repouso, à alimentação e às paixões.

Seus ditos perduraram até o Renascimento, quando advieram novas pesquisas.

Embora a teoria não faça parte da Psicologia atual, foi notável sua contribuição na área. No mais, vale citar que ela contribuiu aos estudos de Kant, Wundt e da Companhia de Jesus.

Referências bibliográficas:

RIBEIRO Jr., W.A. Aspectos reais e lendários da biografia de Hipócrates, o "pai da medicina". Jornal Brasileiro de História da Medicina, 2003.

ITO, Patrícia do Carmo Pereira; GUZZO, Raquel Souza Lobo. Diferenças individuais: temperamento e personalidade; importância da teoria. Estud. psicol. (Campinas),  Campinas ,  v. 19, n. 1, p. 91-100,  Apr.  2002 .   Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-166X2002000100008&lng=en&nrm=iso>. access on  10  Feb.  2020.  http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2002000100008.

MOREIRA, Fernando José De Santoro. EMPÉDOCLES, ARISTÓTELES E OS ELEMENTOS. Anais de Filosofia Clássica, v. 6, n. 12, p. 39-55.

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