Acalculia

Por Diego Marques Moreira

Mestre em Neurologia / Neurociências (UNIFESP, 2019)
Especialista em Farmácia clínica e atenção farmacêutica (UBC, 2019)
Graduação em Farmácia (Universidade Braz Cubas, UBC, 2012)

Categorias: Neurologia
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

A acalculia se caracteriza pela dificuldade para a resolução de problemas matemáticos e de cálculos, e diferentemente da discalculia, a acalculia é um tipo de afasia que está relacionada a lesões ou danos cerebrais causados por acidentes vasculares cerebrais ou outros tipos de lesões nas áreas cerebrais responsáveis pela resoluções matemáticas e raciocínios lógicos.

Na acalculia o hemisfério esquerdo do cérebro, responsável pelo raciocínio lógico, é afetado. As acalculias são classificadas em acalculia primária e secundária de acordo com as áreas lesionadas do hemisfério esquerdo e as capacidades que foram alteradas no indivíduo. A acalculia primária está relacionada problemas com cálculos e não está relacionada a outros transtornos, os indivíduos acometidos deste tipo de transtorno perdem a capacidade de compreensão dos conceitos numéricos, perdendo a habilidade de combiná-los e as operações em questões abstratas como a interpretação dos sinais e sua utilização são afetadas. Por sua vez a acalculia secundária se caracteriza pela alteração das habilidades matemáticas, sendo associada com outros transtornos, portanto pode surgir a partir de um deficit linguístico, espacial e de funções executivas. As acalculias secundárias são divididas em afásica, aléxica, agráfica, frontal, semântica e espacial.

Na acalculia secundária afásica, as dificuldades matemáticas estão relacionadas à alterações linguísticas, gerando dificuldade de compreensão e codificação da linguagem numérica. A acalculia aléxica é associada aos problemas de leitura dos símbolos numéricos portanto seu reconhecimento e compreensão estão comprometidos. A acalculia agráfica se caracteriza na incapacidade de comunicação através da escrita, onde a habilidade de escrever números e de compreendê-los está comprometida. A acalculia frontal, cuja qual é a mais comum, é ligada aos transtornos de atenção, neste casos os indivíduos costumam a repetir os mesmos erros que cometeram por sua incapacidade de identificação de erros e principalmente pela dificuldade em traçar novas estratégias de solução. A acalculia semântica está relacionada a dificuldade no trato dos conceitos de relação, onde a incapacidade de relacionar operações e os problemas. E por fim a acalculia espacial que está ligada a lesões do hemisfério direito, dificultando a realização de cálculos aritméticos por problemas no processamento espacial. O diagnóstico da acalculia se dá através da observação dos sintomas tanto na forma oral quanto escrita, comprovando que as dificuldades estão na perda de conceitos e não na compreensão verbal dos sinais, lembrando sempre da peculiaridade de cada tipo de acalculia. Seu tratamento visa objetivar o ensino em estratégias que envolvam a neuroplasticidade e varia de acordo com o local afetado e o tipo de acalculia.

A acalculia pode ser confundida com a discalculia que também é chamada, por alguns médicos, de desordem matemática, uma condição caracterizada por dificuldade de raciocínio lógico matemático, ou seja, é um tipo de transtorno de aprendizado onde o indivíduo não possui a capacidade de avaliar, refletir ou raciocinar tarefas que envolvem números ou conceitos matemáticos. Nesse caso a dificuldade se mostra desde o início do desenvolvimento da criança porém na escola essas dificuldades se apresentam de forma explícita por conta da rotina e pela complexidade envolvida. Tanto meninas quanto meninos podem ser acometidos, aparentemente não há fatores que levam o transtorno ser mais comum em um determinado gênero. É frequente relatos de pais ou familiares próximos terem e crianças apresentem de forma genética. Aproximadamente 1% das crianças podem apresentar esse transtorno de aprendizado, diferentemente da acalculia que se dá devida a lesões cerebrais e podem ocorrer em qualquer idade e gênero.

Bibliografia:

Ramon COSENZA, Leonor GUERRA, Neurociência e Educação; Artmed, 2011, ISBN 8-536-32607-7.

Tony Attwood (2002). Dyscalculia in Schools: What it is and What You Can Do. First & Best in Education Ltd. ISBN 1-86083-614-3. OCLC 54991398.

Acalculia, a incapacidade de entender números. Julho, 2019. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/acalculia-incapacidade-de-entender-numeros/ Acesso em: 25/12/2019

AVISO LEGAL: As informações disponibilizadas nesta página devem apenas ser utilizadas para fins informacionais, não podendo, jamais, serem utilizadas em substituição a um diagnóstico médico por um profissional habilitado. Os autores deste site se eximem de qualquer responsabilidade legal advinda da má utilização das informações aqui publicadas.
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!