#Infoatualidades: O Estado Islâmico

Por Thaís Ferraz
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Desde 2014, o grupo auto-intitulado "Estado Islâmico" tem sido presença constante nos noticiários internacionais. Classificado como organização terrorista pela ONU, o EI é conhecido pelo radicalismo e pela violência dos seus atos, que incluem ataques com homens-bomba e atiradores, destruição de monumentos, estupros, escravidão sexual e decapitações de reféns e inimigos. Muitos desses atos ainda são registrados e utilizados como propaganda oficial do grupo.

Neste post, você saberá um pouco mais sobre o grupo — de onde ele se origina, como se organiza, o que pretende e como atua. Confira:

O que é o Estado Islâmico?

O EI é uma organização islamista radical, de origem sunita e orientação wahhabita. A organização defende a jihad e opera principalmente no Oriente Médio, mas também promove ataques terroristas contra potências ocidentais como França, Bélgica e Inglaterra. Em 29 de junho de 2014, a organização auto-proclamou um califado — não reconhecido pelos países do Ocidente — regido pelo califa Abu Bakr al-Bagdadi. A sede oficial do grupo está localizada em Raqqa, na Síria.

O Estado Islâmico domina áreas na Síria e no Iraque. Atualmente, estima-se que o grupo tenha entre 12 e 15 mil combatentes nos dois países, mas as estimativas chegavam a 20 ou 30 mil membros no ano passado. O grupo é conhecido por impor uma interpretação radical do Islã.

Como surgiu o Estado Islâmico?

O grupo que atualmente se intitula Estado Islâmico foi criado oficialmente em 2014, mas a história da organização tem origem no fim da década de 70.

Bandeira do Afeganistão

Em 1979, a União Soviética invadiu o Afeganistão. Os afegãos resistiram à invasão criando grupos de "mujahidin" (termo originado do árabe مجاهدين, que significa "combatente"), que enfrentavam as forças soviéticas com ajuda financeira dos Estados Unidos, do Paquistão e da Arábia Saudita. Muitos muçulmanos de países vizinhos se deslocaram até o Afeganistão para ajudar na batalha — entre eles, duas figuras centrais para a história do EI: Osama Bin-Laden e Abu Musab al-Zarqawi.

A invasão da União Soviética trouxe consequências drásticas para o país: em 1985, mais de 5 milhões de afegãos haviam deixado sua terra natal e se estabelecido nos países vizinhos Irã e Paquistão. A guerra só chegou ao fim em 1989. O Afeganistão foi invadido novamente em 2001, dessa vez pelos Estados Unidos, como uma resposta aos ataques do 11 de setembro.

Em 2003, os Estados Unidos e seus aliados invadiram o Iraque, destituíram Saddam Hussein e mergulharam o país em caos. Abu Musab al-Zarqawi, que se tornaria o "pai" do Estado Islâmico, rumou para o país, onde uniu-se a um grupo de iraquianos sunitas que haviam perdido tudo com a invasão. Em 2004, Zarqawi jurou lealdade a Osama Bin-Laden, e, junto aos iraquianos, criou o grupo Al -

Tawhid Wa Al-Jihad, que acabou virando a organização "Al-Qaeda no Iraque" (AQI). Em 2006, Zarqawi foi morto em um ataque aéreo promovido pelas forças estadounidenses. Após a sua morte, a AQI criou uma organização chamada Estado Islâmico no Iraque (ISI, em inglês). Os Estados Unidos, juntamente com grupos sunitas aliados, combateram o ISI, que ficou enfraquecido.

Abu Musab al-Zarqawi (crédito: en.wikipedia.org)

O jogo começou a virar em 2011, quando as manifestações inicialmente pacíficas na Síria resultaram no caos e na guerra civil que o país enfrenta até hoje. À época, o Estado Islâmico já tinha um novo líder, Abu Bakr Al-Baghdadi. O "califa" enviou alguns homens para a Guerra na Síria, mas esse núcleo de combatentes começou a ganhar força e independência, preocupando o líder do EI. Para recuperar o controle sobre a situação, Baghdadi anunciou a criação do Estado Islâmico no Iraque e na Síria (Isis), que estaria sob seu comando. Houve rejeição por parte dos combatentes do EI, que se dividiu em dois grupos inimigos. O Isis de Baghdadi tomou a cidade de Raqqa, na Síria, tomando-a como território oficial do califado.

Em 2014, o Iraque estava novamente vivendo sob o caos. O EI aproveitou a situação para tomar uma parte do país, incluindo a segunda maior cidade iraquiana, Mossul. Lá, Baghdadi declarou-se califa. Milhares de muçulmanos viajaram voluntariamente para o território do EI com o objetivo de se juntar ao grupo.

Como o Estado Islâmico se organiza e atua?

Atual liderança

O EI é dirigido e administrado por Abu Bakr al-Baghdadi, auto-intitulado califa do auto-intitulado califado Estado Islâmico. Baghdadi lidera o grupo com a ajuda de um gabinete de conselheiros, dois vice-líderes (Abu Muslim al-Turkmani, para o Iraque, e Abu Ali al-Anbari, para a Síria), e 12 governadores locais responsáveis por cada território conquistado.

Organização

O EI possui conselhos sobre finanças, lideranças, assuntos militares, assuntos jurídicos, segurança, inteligência e meios de comunicação. O grupo possui um conselho (Shura) que tem como obrigação garantir que todas as decisões tomadas pelos líderes do EI sigam as normas do direito islâmico (sharia).

Financiamento

O Estado Islâmico é considerado o grupo militante mais rico do mundo. No começo, a renda do EI vinha principalmente de doações privadas e de ajuda financeira de instituições de caridade islâmicas no Oriente Médio, que desejavam expulsar o presidente Assad da Síria. Atualmente, o grupo se auto-financia principalmente através de:

Atuação

Os membros do Estado Islâmico possuem uma interpretação radical do Islã. Para eles, o resto do mundo — incluindo os muçulmanos que discordam de suas visões — é composto por infiéis que almejam destruir o Islã e, por isso, merecem ser atacados e mortos.

Os ataques do EI são brutais e "cinematográficos". Entre as ações promovidas pelo grupo, estão ataques terroristas com homens-bomba e atiradores, sequestros, estupros, decapitações de reféns e inimigos e destruição de cidades e monumentos.

Propaganda

A organização chama atenção pela propaganda poderosa que desenvolve. O grupo adota uma série de estratégias, que vão desde o apelo visual (como a utilização da bandeira muçulmana do Estandarte Negro e o emblema do grupo) até a produção de músicas (cantos jihadistas) que estimulam a adesão à Guerra.

O principal meio de comunicação do grupo é a I'tisaam Media Foudation, formada em 2013. O EI também possui o  "al-Furqan Institute for Media Production", que produz CDs, DVDs, cartazes, panfletos e propaganda na internet, o "Ajnad Media Foundation", responsável pela distribuição dos cantos jihadistas, e o "al-Hayat Media Center", que tem como objetivo atrair o público ocidental e produz material em quatro línguas.

Bandeira do Estado Islâmico

Qual é o objetivo do Estado Islâmico?

O objetivo inicial do grupo, declarado em junho de 2014, era fundar um "califado" (forma de governo estabelecida de acordo com a lei islâmica e regida por um representante de Alá na terra, o califa, sucessor de Maomé). O grupo desejava que os muçulmanos de todo o mundo jurassem lealdade ao seu califa, Abu Bakr al-Baghdadi, e migrassem para o território dominado pelo EI. Dessa forma, o EI iria restaurar a ordem de Alá ao mundo e eliminar os infiéis.

Após a proclamação do califado, em 29 de junho de 2014, o grupo desenvolveu outros objetivos, expressados por seus membros em declarações públicas. Entre eles, estão a anulação das divisões políticas do Oriente Médio (estabelecidas pelas potências ocidentais durante a Primeira Guerra Mundial) e a invasão do Ocidente.

Fontes:

http://www.bbc.com/news/world-middle-east-35695648

https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado_Isl%C3%A2mico_do_Iraque_e_do_Levante

http://www.bbc.com/news/world-middle-east-29052144

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