Leitura de Imagens como Facilitadora para Interpretação de Textos

Por Maíra Althoff De Bettio
Categorias: Educação, Pedagogia
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O desenvolvimento da competência textual com o auxílio de imagens é de grande valia para os que estão se inserindo no âmbito escolar, tendo em vista que as pessoas, ainda na idade infantil, são introduzidas na sociedade a partir de leituras visuais (de mundo), para, a partir delas, dar início às textuais.

O sistema de símbolos dos ancestrais comprova a presença contínua das imagens no cotidiano humano. Foi a partir dele que surgiu o alfabeto, um sistema de códigos, que hoje é identificado e internalizado por letras utilizadas como aparato para escritura e leitura, mas que não passam de desenhos, os quais se conseguem decodificar.

A época em que determinados textos foram escritos interfere na sua decifração e consequentemente na sua interpretação, como também os leitores de uma mesma obra podem ser de diferentes meios culturais, e isso pode causar interferência nas possíveis conclusões da leitura. Além disso, o que o autor quer passar muitas vezes não vai coincidir com a compreensão de quem o lê.

A presença de ilustrações, acompanhada com a leitura de textos, pode ser uma grande aliada na ampliação dos possíveis fins que as escrituras intencionam. Com as turmas das séries iniciais, a apresentação de figuras acompanhada do texto expande a imaginação e favorece a relação de mundo dos pequenos.

Uma possibilidade de atividade lúdica a ser proposta ao estudante é torná-lo o ilustrador de determinada história lida por ele e por seus colegas. A variedade de interpretações e transposições para o papel tende a ser infinita e servir de subsídios para atividades seguintes, envolvendo discussões acerca do que cada um desenhou e suas relações com o texto.

Outro exemplo ocorre ao se apresentar um gênero textual – uma poesia, por exemplo – a uma turma de ensino médio e junto dela várias obras de artes representando seus personagens, e estes criados por diferentes autores. Isto mostra a amplitude da imaginação e as possibilidades de interpretação aos olhos de diferentes pessoas, o que pode ajudar na criticidade de quem lê ao mostrar-lhe as configurações que os escritos podem carregar, considerando que o leitor constrói o texto com o autor e este pode tornar-se um criador invisível a partir dos elementos que estão ao seu alcance.

A apresentação simultânea de obras de arte e/ou ilustrações com vastas probabilidades no ensino e aprimoramento de leitores independentes é uma questão bastante discutível, e a sua efetivação é de suma importância para a introdução de diferentes autores consagrados, tanto criadores de imagens como elaboradores de textos.

Da mesma forma que o efeito surtido pode ser bom, o contrário também é possível, visto que pode ocorrer a manipulação de ilustrações para focar a interpretação num sentido único, causando alienação e/ou concordância sem maiores questionamentos, principalmente dos que não estão num nível de leitura autônomo. A subestimação das classes intelectualmente mais frágeis é uma realidade mundial e torna-se mais relevante quando se trata de Brasil, e as estatísticas comprovam essa deficiência leitora nacional.

Sendo assim, um cuidado primordial é quanto ao grande número de informações impostas ao indivíduo. Não é válido “jogar” aos estudantes inúmeras gravuras sem conexão, que impeçam o afloramento da criatividade e da imaginação. Há que se frisar que as imagens devem servir como aparato, como opção e acréscimo ao desenvolvimento da leitura entre os alunos, e não como solução e simplificação da importância que é o ato de ler, compreender e interpretar.

Muito se fala sobre a leitura de imagens para crianças, literatura infanto-juvenil, porém a idade adulta, em muitos casos, também é muito defasada e incompleta no que diz respeito a leitura e compreensão. O acompanhamento de imagens como complemento para a formação de leitor independente é uma realidade que pode trazer frutos às iniciativas de tornar autônomos os leitores, visto que o analfabetismo é uma barreira quebrada nos âmbitos mercadológicos e o problema crucial encontrado atualmente é a falta de letramento entre os indivíduos considerados alfabetizados.

A deficiência da escola e dos professores também é um fato bastante alarmante no que diz respeito à não formação de leitores críticos. A falta de estímulo dos docentes em relação ao trabalho dos estudantes é um dado presente na sociedade brasileira. A falta de material didático disponível e a acomodação dos educadores inibem um possível crescimento intelectual dos aprendizes.

A escola é o ambiente em que o aluno, muitas vezes, tem o primeiro contato com leitura textual e suas possíveis vertentes. Aqui, incluí-se a apresentação de obras de arte como complemento, além de outros gêneros visuais que podem se interligar com os escritos.

Sendo assim, é relevante que o educador apresente as mais variadas formas de expressão aos educandos, visando potencialmente à leitura literária, além de oferecer subsídios intertextuais aos discentes com base no acervo imagético adquirido com a visualização diária das imagens do cotidiano de cada um.

Referencias:
BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito da leitura. 2. ed. São Paulo: Ática, 1986

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