Tendência Liberal Renovada Progressivista

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1. Introdução

Os pensadores da educação vêm procurando alternativas para que o processo de ensino-aprendizagem seja condizente com o paradigma atual de sociedade, bem como de aluno, família, professores e costumes. À medida que a sociedade evolui acaba exigindo um novo modelo de indivíduo que, por sua vez, acaba exigindo um novo modelo de educação. A educação aqui tratada é aquela oferecida em locais próprios de ensino, como as escolas, por exemplo.

Em relação ao contexto em que as pesquisas relacionadas à educação não param de acontecer, percebemos um grande e, aparentemente, irreversível paradoxo: quanto mais se encontra ‘soluções’ que prometem reerguer a educação mais ela continua a se afundar no abismo infinito da incredulidade e da ilusão.

No momento atual, a educação está sobrevivendo apenas da fama antes conquistada em algum momento do tempo e da história, onde o seu sucesso a elevou ao patamar de resolvedora suprema de todos os problemas. Porém, paralelamente, a sua eficácia tem sido bastante questionada e os êxitos cada vez mais próximos da extinção.

2. Tendência Liberal Renovada Progressivista

Grandes mudanças, se comparada com a Tendência Tradicional (TT), podem ser percebidas na Tendência Liberal Renovada Progressivista (TLRP). Por exemplo, se antes o professor era o núcleo do processo de ensino-aprendizagem, a peça mais importante de todo esse processo, o protagonista, na TLRP esses papéis foram ofertados ao aluno. É ele agora quem ganha o enfoque principal. A educação é pensada para ele, mas também por ele.

No contexto acima, a educação tem como objetivo principal preparar os alunos para exercerem o seu devido papel na sociedade, ou seja, a educação facilita o entendimento do que é a convivência social e as regras necessárias para essa convivência. Para que essa aprendizagem aconteça, a TLRP destaca a importância do fazer para aprender. Essa é, sem dúvidas, a principal diferença da TLRP para a TT. Enquanto a primeira valoriza a pesquisa, os experimentos, o estudo do meio social e natural, a descoberta, a segunda valoriza apenas a transmissão de conteúdos prontos, acabados, acumulados ao longo do tempo e batizado de cultura. Para a Tendência Tradicional, apenas o saber acumulado merece atenção, sendo os experimentos e a pesquisa, por exemplo, encarados como mera perda de tempo.

Percebe-se na Tendência Liberal Renovada Progressivista o enfoque no aluno, a possibilidade natural no seu aprendizado, mas também no seu momento de ensinar, de testar, de tentar, de experimentar, de aprender fazendo inferências, modificando o meio, transformando-o. Essas ofertas ao aluno surgem como necessidade que ele apresentava quando ainda sem voz. Com toda certeza não se impõe o aprendizado, constrói-se ele. E essa construção deverá ser feita por todos, professores, alunos e comunidade escolar, através da prática alicerçada na teoria.

“Como pressupostos de aprendizagem, aprender se torna uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, sendo o ambiente apenas um meio estimulador. Só é retido aquilo que se incorpora à atividade do aluno, através da descoberta pessoal; o que é incorporado passa a compor a estrutura cognitiva para ser empregado em novas situações. É a tomada de consciência, segundo Piaget”. (SILVA, Delcio Barros de.)

O aluno passa a ter a autonomia da sua aprendizagem. Ele passa a proporcionar a sua própria aprendizagem, atribuindo maior responsabilidade ao seu atual papel de promotor-receptor do conhecimento. Das suas atividades nasce aquilo que será incorporado na sua estrutura cognitiva, tornando-o consciente.

2.1. Características principais

O papel da escola é o de promover a satisfação dos alunos em relação aos interesses por eles apresentados, mas também de atender as exigências da sociedade, tudo isso num processo onde todos participam ativamente da construção do conhecimento, recebendo-o e promovendo-o.

Os conteúdos de ensino são aqueles gerados a partir de experiências, da vivência e convivência social, das pesquisas etc. Nesta concepção consideram-se todos os processos mentais, bem como as habilidades cognitivas. A ideia chave aqui é “aprender a aprender”. (LAGAR et al. 2013).

As metodologias de ensino baseiam-se na promoção de atividades devidamente adequadas ao desenvolvimento do aluno, assim como à sua natureza. O aprendizado é marcado pela prática, pelo fazer para aprender, através de trabalhos em grupo, de desafios e de atividades motivadoras.

A relação professor-aluno é marcada pela horizontalidade. O professor, diferentemente da TT, não é o protagonista, e sim o aluno. Aqui o professor ganha o papel de facilitador e ajuda o aluno no seu desenvolvimento livre e espontâneo. A disciplina é definida como atitudes solidárias, participativas, respeitáveis.

Os principais autores/pensadores desta concepção pedagógica são: Dewey, Declory, Anísio Teixeira, Claparède, Piaget, Montessori, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo.

3. Considerações finais

Muitas escolas ainda se encontram sem uma linha pedagógica específica a qual seguir. Na verdade, muitas escolas nem mesmo possuem uma Proposta Pedagógica (PP) ou Projeto Político Pedagógico (PPP), que conteria a tendência pedagógica a ser seguida pelos docentes destas instituições. Por falta de uma tendência pedagógica específica, os professores estão executando as suas práticas de ensino de maneira aleatória e insegura, sem mesmo saberem aonde querem chegar.

A Tendência Liberal Renovada Progressivista é para as escolas que pretendem dar voz ao aluno, que querem se tornar um verdadeiro laboratório de ensino e, consequentemente, de aprendizagem. A Escola Progressivista é aquela que dá espaço ao fazer, ao experimentar. O Professor Progressivista é aquele que visa à facilitação da aprendizagem do aluno, tornando-o autônomo e livre para aprender e alimentar a sua estrutura cognitiva. O Aluno Progressivista é aquele que se sente livre para falar, agir e transformar. É aquele que assume a responsabilidade sobre a sua aprendizagem e convive em harmonia com todos ao seu redor, respeitando o espaço de cada um e contribuindo para a elevação do coletivo ao invés do individual.

Referências bibliográficas:
LAGAR, Fabiana; SANTANA, Bárbara Beatriz de; DUTRA, Rosimeire. Conhecimentos Pedagógicos para Concursos Públicos. 3. ed. – Brasília: Gran Cursos, 2013.

SILVA, Delcio Barros da. As principais tendências pedagógicas na prática escolar brasileira e seus pressupostos de aprendizagem. Disponível em: http://coral.ufsm.br/lec/01_00/DelcioL&C3.htm. Acessado em: 03 de março de 2014.

Arquivado em: Pedagogia
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