Hábito de uma planta

Mestrado em Ciências Biológicas (INPA, 2015)
Graduação em Ciências Biológicas (UFAC, 2013)

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O caule define a forma e a estrutura de uma planta e é o principal responsável pelo seu porte (aparência geral) ou o seu hábito. O hábito de uma planta é a sua forma de vida quando adulta. A aparência geral da planta ou o hábito pode ser bastante variável.

Palmeiras, fetos arborescentes, bambus e agaves não possuem um tipo de hábito específico. Representam casos particulares onde seu porte é o seu próprio hábito. Uma palmeira ou um feto arborescente não deve ser chamado de árvore, nem bambu de erva. Mais especificamente no caso das agaves, dracenas e cordilines é indicado utilizar a expressão “porte agavóide”.

Os principais tipos de hábitos de uma planta

  • Ervas - As ervas possuem porte herbáceo. São plantas cujo caule apresentam apenas estrutura primária. Geralmente são verdes, pouco resistentes e não lignificados (ex: Heliconia, Heliconiaceae).
  • Subarbustos – Os subarbustos possuem sistema subterrâneo lenhoso. São plantas com características que variam entre ervas e arbusto. São plantas quase inteiramente herbáceas mas possuem a base do caule ou o sistema subterrâneo lenhoso (ex: Gomphrena macrocephala, Amaranthaceae).
  • Arbustos – Os arbustos possuem caule lenhoso, resistente e com ramificações próximas ao solo. Formam galhos principais que apresentam mais ou menos a mesma espessura onde não se define um eixo principal (ex: Eugenia mattosii, Myrtaceae).
  • Árvores – As árvores apresentam caule lenhoso, resistente, formado por um eixo principal ereto e muito ramificado no ápice (ex: Parkia pendula, Fabaceae). A copa se distingue e pode ser: globosa, piramidal ou colunar. Árvores pequenas são chamadas de arvoretas.
  • Lianas – Lianas dependem de outra planta ou outro suporte para sustentação embora suas raízes estejam localizadas no solo (ex: Passiflora elegans, Passifloraceae).
  • Epífitas – Holoepífitas, as epífitas se desenvolvem no tronco ou nos ramos de uma planta e as suas raízes não tem contato com o solo. Da planta em que utiliza para crescer ela obtém apenas o suporte estando em uma relação harmônica do tipo inquilinismo (ex; Tillandsia bulbosa, Bromeliaceae).
  • Hemiepífitas – As hemiepífitas estabelecem contato com o solo em alguma fase do ciclo de vida.
  • Hemiepífita primária – iniciam o seu desenvolvimento como holoepífitas. Posteriormente emitem raízes que chegam a atingir o solo (ex: Philodendron appendiculatum, Araceae).
  • Hemiepífita secundária – iniciam o seu desenvolvimento com raízes no solo e em determinado momento do ciclo de vida perdem o contato com o solo e passam a sobreviver como holoepífitas (ex: Norantea guianensis, Marcgraviaceae).
  • Parasitas – As plantas parasitas obtém água e nutrientes da planta em que se hospeda (ex: Cuscusta, Convolvulaceae).

Casos particulares onde o seu porte é o seu próprio hábito

Palmeira – Euterpe precatoria, Arecaceae

Feto arborescente – Dicksonia sellowiana, Dicksoniaceae

BambuGuadua weberbaueri, Bambusoideae

Porte agavoide – Furcraea foetida, Asparagaceae

O hábito das plantas compõem os estratos da floresta

Em uma floresta são encontradas plantas de diversos hábitos. Foto: AustralianCamera / Shutterstock.com

As árvores formam a grande maioria da biomassa da floresta. Formas de vida como as lianas e epífitas utilizam as árvores como suporte, ou os seus ambientes são influenciados por elas (arbustos e herbáceas). As espécies ocupam diferentes estratos na floresta e a maioria chega a atingir o dossel. Algumas espécies podem ter a copa acima do dossel e são chamadas de emergentes. Outras ocupam o estrato abaixo do dossel, o subdossel. O sub-bosque é formado por árvores pequenas no interior da floresta. Árvores grandes podem parecer arbustos ou arvoretas quando jovens. Algumas chegam a ficar pequenas até terem condições melhores de crescimento quando uma clareira é aberta na comunidade vegetal. A densidade de arbustos é maior em áreas alagadas, próximas aos igarapés, em áreas secundárias e no sub-bosque da campinarana. Existem ervas que são especializadas em determinados ambientes. As macrófitas aquáticas vivem dentro d’água ou em solos encharcados. As lianas são uma forma de vida pouco coletada na Amazônia e um pouco menos conhecidas do que as outras formas de vida. Às vezes é difícil associar as suas folhas ao tronco, ainda mais quando vários cipós estão sobre a mesma árvore.

Referências bibliográficas:

Souza, V. C. et al. (2013). Introdução à botânica: morfologia. São Paulo: Instituto Plantarum de Estudos da Flora.

Judd, W.S.; Campbell, C.S.; Kellogg, E.A.; Stevens, P.F.; Donoghue, M.J. Sistemática vegetal: um enfoque filogenético. 3ª ed. Artmed, Porto Alegre. 612p. 2009.

Ribeiro,J. E. L. S., Hopkins, M.J. G., Vicentini, A., Sothers, C. A., Costa, M. A. S.,Brito,J. M., Souza,M.A.D.,Martins,L.H.,Lohmann, L. G.,Assunção, P.A., Pereira, E. C., Silva, C. F., Mesquita, M. R. & Procópio, L. C. 1999. Flora da Reserva Ducke. Guia de identificação das plantas vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. INPA-DFID, Manaus, 800 p.

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