Epíteto

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Leia estes versos do poeta português Camões:

“Fogem as neves frias
Dos altos montes; quando reverdecem
As árvores sombrias”.

No primeiro verso, o poeta descreve “as neves” como sendo “frias”, característica esta que já é própria da neve, enfatizando assim essa qualificação. Essa figura que consiste em qualificar um nome através de uma característica que já lhe é inerente chamamos de epíteto.

Veja outros exemplos:

“O outono vem entrando
E logo o inverno frio
que também passará por certo fio”. (Camões)

“O cavalo sacode a crina
loura e comprida
e nas verdes ervas atira
sua branca vida”. (Cecília Meireles)

“A criança olha
Para o céu azul.
Levanta a mãozinha,
Quer tocar o céu”. (Manuel Bandeira)

Ocorre epíteto nas seguintes expressões: no segundo verso de Camões, “inverno frio”; na segunda estrofe do poema de Cecília, em “verdes ervas”; no segundo verso de Manuel Bandeira, em “céu azul”.

Na linguagem coloquial, o epíteto é comumente usado em expressões como:

“Aceita um cafezinho preto?”.
“A comida dele foi um pouco de arroz branco”.
“Esse menino só quer brincar com menina mulher”.

Nos dois primeiros exemplos, as expressões “cafezinho preto” e “arroz branco”, usadas na fala, excluem a possibilidade de outros alimentos na refeição; ou seja, quando se oferece “cafezinho preto”, significa dizer que só há café, não há biscoitos, pães, ou outros alimentos para serem servidos. Em contrapartida, quando se diz “Vamos tomar café?”, significa dizer que será um café-da-manhã. O mesmo ocorre em “arroz branco”, que quer dizer o mesmo que arroz puro, sem nada que o acompanhe.

Fontes:
Literatura em Minha casa: Meus primeiros versos. Vol. 4. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2001.
SAVIOLE, Francisco Platão. Gramática em 44 lições. 15 ed. São Paulo, Ática, 408

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