A Química do Mercúrio

Por André Luis Silva da Silva

Licenciatura Plena em Química (Universidade de Cruz Alta, 2004)
Mestrado em Química Inorgânica (Universidade Federal de Santa Maria, 2007)

Categorias: Química
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Considera-se de grande importância a família 12 da tabela periódica, pois essa possui três membros: o zinco (Zn), o cádmio (Cd) e o mercúrio (Hg), elementos esses conhecidos pela humanidade, em sua forma elementar, desde a antiguidade mais remota. Entretanto, o elemento químico mercúrio possui um comportamento que o diferencia, nitidamente, de seus companheiros Zn e Cd, o que se deve a algumas características incomuns de sua química.

Para começar, o mercúrio é popular por ser o único metal que é líquido à temperatura ambiente, e em bem verdade é um dos únicos elementos químicos de toda tabela periódica a estar nesse estado físico em temperatura ambiente. Esse fato pode ser explicado por sua energia de ionização (energia mínima necessária para retirar-se um de seus elétrons na fase gasosa) muito elevada,  o que dificulta a participação de seus elétrons na formação das ligações metálicas. Além disso, o mercúrio possui valência variável (I  e II).

Os compostos de mercúrio são também muito relevantes para a química. O íon mercuroso (Hg2(II)), por exemplo, é formado pela redução de sais mercúricos de soluções aquosas. Os compostos monovalentes de mercúrio, Hg(I), também são importantes, sendo que o íon monovalente Hg+ não existe naturalmente, pois os compostos de Hg(I) se dimerizam. Dessa forma, o cloreto de mercúrio (I), Hg2Cl2, contém o íon [Hg---Hg]2+, no qual os dois íons Hg+ se ligam utilizando seus elétrons orbitais s. Dessa forma o composto apresenta comportamento diamagnético.

Uma importante técnica de investigação analítica, o método de Difração de Raios-X, mostra em vários compostos de mercúrio, como o Hg2Cl2, o Hg2SO4 e o Hg2(NO3).2H2O, que a distância Hg---Hg varia de 2,50 até 2,70 Å, dependendo sempre dos ânions associados. As menores distâncias, por sua vez, encontram-se com ânions com ligações de caráter covalente menos acentuado.

Verifica-se que os compostos de Hg(II) são mais covalentes, e seus complexos são mais estáveis que os correspondentes compostos de zinco (Zn) e de cádmio (Cd), por exemplo. Como o íon Hg(II) possui a camada d completa, ele difere de seus “vizinhos” e não se comporta como um típico metal de transição, aproximando-se em características dos metais alcalinos terrosos.

Outra característica sempre importante sobre a química do mercúrio está relacionada com sua elevada toxicidade. O íon mercuroso, por exemplo, converte-se a CH3Hg+ (metilmercúrio) quando presente nos organismos vivos, podendo seriamente danificar seu metabolismo, originando fenômenos graves de intoxicação. Mas a principal característica deste elemento em meios biológicos é certamente a sua ação como agente precipitante de proteínas. O efeito metabólico do mercúrio é acumulativo, tendo ação a longo prazo.

Referências:
RUSSELL, John B.; Química Geral vol.1, São Paulo: Pearson Education do Brasil, Makron Books, 1994.

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