Guerra eletrônica

Por Pedro Eurico Rodrigues

Mestrado em História (UDESC, 2012)
Graduação em História (UDESC, 2009)

Categorias: Sociedade
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A Guerra Eletrônica é um fenômeno que só se tornou possível no século XX, com o domínio tecnológico e a indústria que permitiram esse tipo de ação. Entende-se por guerra eletrônica o conflito que utiliza energia eletromagnética para destruir, atacar ou prejudicar um inimigo. Assim, uma guerra eletrônica acontece quando há o impedimento do inimigo de fazer suas próprias emissões. O que se pode concluir é que a tecnologia disponível no momento dos conflitos sempre interfere na forma como as nações guerreiam. Se em tempos anteriores o domínio da roda ou da imprensa foram diferenciais na forma de se fazer guerra, a partir do final do século XX a tecnologia eletrônica foi domínio primordial para o desenvolvimento de formas de fazer guerra. Uma guerra eletrônica, portanto, não é um evento único, mas sim uma nova forma de fazer uma guerra.

Usualmente a Guerra Eletrônica é confundida com a Guerra Cibernética. Essa confusão se dá porque, no senso comum, entende-se com tais expressões fazem parte do mesmo mundo, ou são equivalentes. Mas pode-se compreender que a Guerra Cibernética é própria do século XXI, pois só se tornou possível com o mundo digital e a tecnologia disponível a partir deste momento. Entende-se, portanto, que a Guerra Cibernética é um desdobramento da Guerra Eletrônica, só possível com a disponibilidade de uma nova tecnologia. Uma guerra cibernética pode ser caracterizada como técnicas apropriadas para burlar sistemas de segurança de computadores na intenção de acessar informações neles disponíveis ou tirar do ar sites de governos, bancos e instituições.

Na História a Guerra do Golfo é o primeiro conflito compreendido como uma Guerra Eletrônica. Isso porque foi um conflito que teve sua origem em laboratórios e grupos de estudos. A Guerra do Golfo aconteceu entre os anos de 1990 e 1991 e envolveu duas forças: de um lado o Iraque, e do outro as Forças da Coalizão Internacional lideradas pelos Estados Unidos da América de George W. Bush pai e pela Organização das Nações Unidas. A Guerra do Golfo foi o primeiro evento que se experimentou a transmissão quase simultânea de ataques pelos canais de televisão e que permitiu os ataques à distância, por meio do desenvolvimento tecnológico.

Equipamento russo para guerra eletrônica. Foto: Andrey 69 / Shutterstock.com

A partir do entendimento do que são as guerras eletrônicas e as guerras cibernéticas é possível inferir como se darão os conflitos mundiais em um futuro próximo. É evidente já que tais conflitos serão baseados em vigilância constante do inimigo e, mais ainda, na possibilidade de ataque a múltiplos alvos, simultaneamente. Para tanto é preciso levar em consideração algumas questões: a quantidade de informações disponíveis para cada força de guerra; a qualidade de tais informações e a segurança delas; e o desenvolvimento de tecnologias que permitem a existência de armas que são dirigidas à distância, sem necessidade de expor um número grande de pessoas nas trincheiras. Assim, como já vemos, há a utilização de artefatos como drones que permitem os ataques à distância e o direcionamento de mísseis com a tecnologia dos GPS, por exemplo.

Dessa forma as guerras serão desenvolvidas de forma cada vez mais violenta, pois a tecnologia permitirá ataques simultâneos tanto por terra, como por ar, como por mar. A nação com maior poder tecnológico será, também, muito possivelmente, a com maior poder bélico. Da mesma forma entende-se que o acesso a informações – e a invasão de bancos de dados, por exemplo – são elementos fundamentais da nova forma de conflitos dos dias atuais. Ataques a sites de governos e instituições passaram a ser cada vez mais comuns, o que nos faz pensar que a internet é uma das armas mais importantes para qualquer nação e tem um potencial bélico bastante grande. A internet pode, então, ser utilizada como arma de guerra, tanto para espionagem e obtenção de informação, como para ataques diretos. No entanto, os ataques cibernéticos entram em um limbo conceitual, porque este tipo de guerra é comumente confundido com ativismo político. Mas, é importante compreender que tais ações existem como meios para se atingir alguma finalidade, caracterizando assim a guerra cibernética, um braço das guerras eletrônicas.

Referências:

GAMA NETO, Ricardo Borges. Guerra cibernética/guerra eletrônica. Conceitos, desafios e espaços de interação. In: Revista Política Hoje, v. 26, n. 1, 2017.

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