Maçonaria

Por Ana Lucia Santana
Categorias: História, Sociedade, Sociedades Secretas
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A Maçonaria é uma irmandade universal, possivelmente nascida, segundo alguns estudiosos, da união de trabalhadores que, na Idade Média, se dedicavam a edificar catedrais. Eles teriam instituído sua própria associação, conhecida como Maçonaria Operativa.

Estes construtores iam de obra em obra, livres, sem a exigência de pagarem impostos ou de dar satisfações à nobreza ou à Igreja. Daí serem chamados de Pedreiros Livres – freemasons ou franc-maçon -, pois diferentemente dos outros profissionais deste ramo, eles tinham o poder de lapidar a pedra bruta. Estes obreiros ganharam cada vez mais destaque do século XII ao XIV.

Esta sociedade foi profundamente influenciada pelas mudanças ocorridas durante o Renascimento. A Reforma Protestante, o intenso desenvolvimento científico, as mudanças de paradigma, abriram espaço para a concepção de Deus como o “Grande Arquiteto”, criador de um universo regido por leis imutáveis. A crença nesta visão de Deus caracterizaria fortemente a Maçonaria.

Neste contexto desenvolveu-se esta sociedade. Alguns afirmam que ela teria existido desde sempre, não sendo possível precisar seu tempo e local de origem. Outros dizem que sua fonte remonta a algum tempo antes da vinda de Cristo. De qualquer forma, ela sobreviveu a diversas transformações ocorridas na Era Medieval e na transição para a Renascença. A princípio os ‘pedreiros’ mantiveram a união através das associações corporativas conhecidas como guildas, até o século XVI.

Como meio de se protegerem de impostores, os ‘pedreiros livres’ criaram maneiras de se identificar diante dos outros, e a partir do início do século XVII, com o término da época das grandes obras arquitetônicas, homens de destaque na sociedade foram aprovados como ‘pedreiros aceitos’ ou ‘maçons aceitos’. Com o passar do tempo, estes predominaram sobre os obreiros, caracterizando a Maçonaria, deste momento em diante, como um grupo de natureza filosófica, não mais operativa.

Seus adeptos dedicam-se à prática da justiça, da humanidade, consagrando o exercício da liberdade, da democracia, da igualdade, da fraternidade. Eles buscam com o mesmo afinco o desenvolvimento intelectual, constituindo-se assim em uma sociedade iniciática, filosófica, filantrópica e educativa. Eles se reúnem em grupos conhecidos como Lojas, também conhecidas como lojas simbólicas, lojas azuis ou lojas obreiras, todas autônomas entre si. É nelas que se realizam os rituais de iniciação, ou seja, os ritos que permitem o ingresso de um candidato, o qual atravessa várias etapas, recebendo em seqüência os graus de aprendiz, companheiro e mestre maçom.

A Maçonaria dá uma importância sem igual à hierarquia e aos símbolos. Cada loja é integrada por um Venerável Mestre ou Presidente, que comanda as sessões; pelo Primeiro Vigilante, o qual cuida da administração e da disciplina; pelo Segundo Vigilante, o mestre dos aprendizes; por um Orador, que condensa os trabalhos e junta todas as conclusões levantadas na reunião; pelo Secretário, que escreve as atas e as preserva, além de zelar pela interação de natureza administrativa entre a loja e as ordens superiores; por um Mestre de Cerimônias, que guia os irmãos dentro do grupo e leva cada visitante aos seus respectivos lugares; pelo Tesoureiro, que arrecada os fundos e cuida da ordem financeira; e o Guarda do Templo, que vigia a entrada do Templo.

No Brasil, a Maçonaria foi introduzida no começo do século XIX. A loja inaugural foi instituída em 1802, pelo botânico Manoel Arruda Câmara, e era conhecida como Areópago de Itambé. Seus membros tinham que ser reconhecidos pela Grande Loja Unida da Inglaterra, por um Grande Oriente ou pelas Grandes Lojas – a junção de várias lojas. O Grande Oriente do Brasil é a mais antiga união de Lojas Maçônicas deste país, também conhecida como Obediência Maçônica. Seu primeiro Grão Mestre foi o Patriarca da Independência, José Bonifácio de Andrade e Silva. Muitos dos participantes da Inconfidência Mineira também eram maçons, egressos de lojas da Europa e dos Estados Unidos. Assim, na História do Brasil, os maçons sempre marcaram presença fundamental nos movimentos de emancipação.

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