Transtorno bipolar

Psicóloga (CRP 06/178290), graduada pela PUC-SP.
Mestranda em Psicologia Social na mesma instituição.
Pós-graduanda no Instituto Dasein.

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O Transtorno bipolar é uma patologia caracterizada por perturbações no humor, que se alterna entre maníaco e depressivo.

A base da síndrome maníaca respalda-se em euforia, alegria exacerbada, elação (expansão do eu), grandiosidade ou irritabilidade marcante. Seus sintomas consistem em loquacidade (fala rápida e fluente)/logorreia (produção verbal veloz sem concatenações lógicas), diminuição da necessidade de sono, desinibição social/sexual, agitação psicomotora, distraibilidade, e aumento do envolvimento em atividades prazerosas de risco.

Já a síndrome depressiva baseia-se em melancolia e alterações afetivas, ideativas, cognitivas, instintivas e psicomotoras. São vários os sintomas, entre eles tristeza constante, choro frequente, sensação de vazio, desânimo, anedonia, pessimismo, culpa, apatia, fadiga, insônia/hipersonia, ideação suicida e diminuições da libido, autoestima, atenção e memória.

Foto: Photographee.eu / Shutterstock.com

Tipologia

A detecção e codificação do transtorno são padronizadas. Os organizadores do diagnóstico são o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), publicado pela OMS, e o DSM-5, manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria.

Segundo estes, o TB, apesar de sempre marcado por seu caráter fásico, pode assumir três distintas formas:

  • Transtorno bipolar tipo I: consiste em episódios depressivos intercalados com momentos de normalidade e pelo menos uma fase de mania bem caracterizada.
  • Transtorno bipolar tipo II: consiste em episódios depressivos intercalados com períodos de normalidade e seguidos de fases hipomaníacas (forma atenuada de episódio maníaco que não produz disfunção social importante).
  • Transtorno bipolar de ciclagem rápida: para este diagnóstico, é necessária a apresentação nos últimos 12 meses de pelo menos quatro episódios bem caracterizados e distintos de transtorno do humor - mania (ou hipomania) e/ou depressão - em qualquer ordem.

Causas

O TB possui componentes multifatoriais.

Os fatores genéticos são pontos relevantes: segundo Craddock e Sklar (2013), estes explicam 90% da variabilidade para a ocorrência do transtorno em uma população homogênea para fatores ambientais.

Ademais, há as bases neurológicas. Essas são ações deficitárias no córtex do cíngulo anterior dorsal e nos córtices pré-frontais dorsolaterais e dorsomediais, resultando em comprometimento do controle cognitivo-emocional; e também as desregulações por hiper-responsividade de áreas límbicas e paralímbicas, como a amígdala, o córtex frontal ventrolateral e o córtex do cíngulo anterior ventral.

Tratamento

O tratamento do TB é de suma importância, consistindo em psicoterapia, possivelmente associada a acompanhamento psiquiátrico, medicação e terapias complementares.

É possível buscar auxílio na rede particular, e também de forma gratuita nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde). Ademais, é possível discar 188 - CVV (Centro de Valorização da Vida) para conversar e obter apoio emocional, sob sigilo, 24 horas por dia.

Panorama de pensamento

A educação é importante para a promoção de qualidade de vida ao sujeito bipolar e às pessoas com quem ele convive.

Com o acesso à informação, além da melhora na autoestima dos sujeitos, o estigma atribuído ao transtorno é combatido. Como consequências, haverá diminuição dos problemas relacionados à autovaloração e do tratamento do assunto como tabu.

Por fim, é importante não utilizar termos como “bipolar” e “doente” de maneira pejorativa. O uso errôneo dessas palavras pode menosprezar os sentimentos das pessoas que possuem estes diagnósticos.

Referências bibliográficas:

Cid 10: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm

DSM-V, bg pharma, and the medicalization of ordinary life. New-York: Harper Collins Publisher, 2013a.

RAFIA: 1. Dalgalarrondo, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Médicas do Sul

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Arquivado em: Doenças, Psicologia
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