Depressão

Psicóloga (CRP 06/178290), graduada pela PUC-SP.
Mestranda em Psicologia Social na mesma instituição.
Pós-graduanda no Instituto Dasein.

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A depressão é uma doença multifatorial. Junto a suas comorbidades, é considerada “o mal do século XXI”. A Organização Mundial de Saúde (OMS) localiza-a como uma das principais causas de “anos vividos com incapacidade” e “perda de anos em termos de morte prematura e perda de anos de vida produtiva”.

Imagem: Illustration Forest / Shutterstock.com

A questão, apesar de epidêmica, não é uma novidade no campo dos sintomas. Ela é reconhecida desde a Antiguidade, mudando suas feições de época para época, de cultura para cultura, mas sempre acompanhando de perto o destino do ser humano (Starobinski, 2016). Assim, para descrevê-la, é importante localizar não só a subjetividade do tempo e suas modalidades de sofrimento, como também os discursos que as desmembram, sendo, atualmente, o das psicologias e medicinas.

Há ilustrações históricas das diferentes ópticas sob as quais a depressão foi estudada. Outrora a patologia fora diretamente associada à melancolia: Hipócrates, pai da Medicina, descreveu-a por volta de 460 a.C como “doença da bílis negra”, que levaria à desistência do existir e à posse de uma relação com a vida marcada pela dor. Posteriormente, a Psicanálise reconheceu-a como um paradigma de sofrimento em unidade à lentificação e a não renovação do desejo, apresentando-se em formas angustiadas, narcísicas, hipomaníacas, psicóticas ou enlutadas. Mais tarde, a medicina descobriu suas bases fisiológicas, como baixa concentração dos neurotransmissores serotonina e dopamina atuando na comunicação neuronal.

Atualmente, a detecção e codificação da depressão são padronizadas. Os organizadores são o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), publicado pela OMS, e o DSM-5, manual diagnóstico e estatístico feito pela Associação Americana de Psiquiatria.

Sintomas

A depressão causa alterações em diversas esferas. Apresentar algumas delas não significa estar doente, assim como não é necessário possuir todas para receber o diagnóstico. Segue a lista desses sintomas:

  • Sintomas afetivos e de humor: tristeza predominante, choro frequente, apatia (indiferença afetiva), sentimento de vazio, irritabilidade aumentada.
  • Alterações da volição e psicomotricidade: Desânimo, anedonia (neutralização da experiência de prazer), lentificação psicomotora, estupor/catatonia, negativismo (recusa à alimentação, à interação pessoal, etc) e alterações na fala como sua diminuição, lentidão, redução de volume e aumento na latência entre perguntas e respostas.
  • Alterações ideativas: ideação negativa, pessimismo, arrependimento, tédio, culpa, ruminações de mágoas, realismo depressivo (inferências sobre a vida realistas e pessimistas), ideias de morte, desejo de desaparecer ou ideação suicida.
  • Alterações da esfera instintiva e neurovegetativa: fadiga, cansaço fácil, insônia / hipersonia, diminuição/aumento do apetite, constipação, palidez, pele fria, diminuição de desejo e resposta sexual.
  • Alteração da autovaloração: autodepreciação autoestima diminuída, sentimento de insuficiência/vergonha
  • Alterações cognitivas, déficit de atenção/concentração e de memória secundária, dificuldade de tomar decisões, pseudodemência depressiva

Subtipos de síndromes e transtornos depressivos

A ordenação da depressão em vários subtipos é um desafio psicopatológico permanente (Kupfer et al., 2012; Singh; Gotlib, 2014). De acordo com o CID-11 e o DSM-5, a doença é apresentada nas seguintes formas:

  • Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente
  • Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico
  • Depressão atípica
  • Depressão tipo melancólica ou endógena
  • Depressão psicótica
  • Estupor depressivo ou depressão catatônica
  • Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes e transtorno misto de depressão e ansiedade
  • Depressão unipolar ou depressão bipolar.

Tratamento

A depressão pode ser tratada com psicoterapia, possivelmente associada a acompanhamento psiquiátrico, medicação e terapias complementares.

Além da rede particular, é possível buscar auxílio gratuitamente nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e nas Unidades Básicas de Saúde (Saúde da família, Postos e Centros de Saúde).

Ademais, é possível discar 188 - CVV (Centro de Valorização da Vida) para conversar e obter emocional, sob sigilo, 24 horas por dia.

Leia também:

Referências bibliográficas:

Cid 10: http://www.datasus.gov.br/cid10/V2008/cid10.htm

DSM-V, bg pharma, and the medicalization of ordinary life. New-York: Harper Collins Publisher, 2013a.

RAFIA: 1. Dalgalarrondo, P Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Médicas do Sul

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Arquivado em: Doenças, Psicologia
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