Antiácidos

Mestre em Neurologia / Neurociências (UNIFESP, 2019)
Especialista em Farmácia clínica e atenção farmacêutica (UBC, 2019)
Graduação em Farmácia (Universidade Braz Cubas, UBC, 2012)

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Dentre as alterações encontradas no sistema gastrointestinal temos a acidez causada pela liberação exacerbada do HCl (ácido clorídrico) pelas células parietais e consequente diminuição do pH (aumento do nível de acidez) no local. Os motivos do ardor estomacal podem ser diversos, não apenas por causa da alteração do nível do pH, mas úlceras até mesmo câncer do estômago. No caso da acidez por diminuição do nível de pH no estômago o tratamento é feito bloqueando a liberação de HCl, aumentando o pH estomacal ou protegendo o órgão dos efeitos de sua própria excreção.

Antiácido. Foto: antoniodiaz / Shutterstock.com

Antiácido. Foto: antoniodiaz / Shutterstock.com

Os fármacos utilizados para diminuir a acidez aumentando o pH do estômago são chamados de antiácidos, estes além de diminuir a azia (queimação causada pelo excesso de ácido), também são indicados para sintomas de má digestão, náusea e dores abdominais. Estes agem interagindo com o ácido estomacal elevando o pH de (em média) 2,0 para valores entre 3,5 e 5,0. A ação é praticamente instantânea podendo chegar até um minuto, e dependendo do nível de acidez e a patologia apresentada seus efeitos podem chegar a durar até 1 hora. Apesar de rápidos, apresentam desvantagens, já que possuem capacidade de interagir com diversos medicamentos causando interações medicamentosas, neste caso deve-se pedir orientação à um farmacêutico ou um médico para informar o uso correto deste tipo de medicamento, lembrando que estes também podem causar problemas renais, aumentar o risco de infarto ou levar o indivíduo à um estado hipertenso.

Os antiácidos são bases fracas e sua maioria possui um dos seguintes componentes; sais de magnésio, sais de alumínio, bicarbonato de sódio ou carbonato de cálcio. Estes são classificados como sistêmicos e não sistêmicos, onde os sistêmicos sofrem absorção da parte catiônica da molécula e os não sistêmicos reagem no local com o HCl e não são absorvidos. Em geral os sistêmicos possuem uma ação rápida porém breve e contam ainda com um possível efeito rebote, isso ocorre pois elevam a secreção de gastrina além de poder causar alcalose sistêmica por serem absorvidos estes não são indicados para tratamentos a longo prazo, em contrapartida os não sistêmicos possuem ação mais lenta e duradoura sem o efeito rebote.

Sistêmicos: O bicarbonato de sódio é um dos mais acessíveis do mercado por ser de baixo custo, é muito utilizado em casos agudos de acidez não podendo ser utilizado em tratamentos a longo prazo por conta de seus efeitos metabólicos, dentre esses a alcalinização sistêmica em decorrência de sua absorção e o aumento da pressão arterial por conta do sódio.

Não sistêmicos:  O magnésio e alumínio são, em alguns casos, até utilizados associados. São dissolvidos lentamente no estomago atuando gradualmente, causando assim um efeito mais prolongado em relação ao bicarbonato, além disso não produzem alcalose sistêmica e não causam diarreia. Porém a segurança da utilização contínua dos antiácidos a base de alumínio são questionadas devido a possibilidade desta substância contribuir para o aparecimento de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer, e demência (não resultante da doença de Alzheimer) por acúmulo de alumínio no fígado.

O carbonato de cálcio, potente antiácido, foi utilizado por muito tempo como o principal fármaco desta classe. Atua de forma rápida com tempo relativamente prolongado comparado aos outros. Apesar de ser também uma fonte de cálcio, apresentam riscos por superdosagem causando danos renais devido ao excesso de cálcio por consequência sua administração diária não deve exceder 2 gramas diárias.

Referencias:
Rang, H.P, Dale, M.M. Farmacologia. Editora Guanabara Koogan, 6a edição, 2007.

BRODY, T.M.; MINNEMAN, K.P.; WECKER, L..Farmacologia Humana. 4ªed. Rio de Janeiro: Campus, 2006.

Princípios de Farmacologia. A Base Fisiopatológica da Farmacoterapia. GOLAN, David E. e col. Guanabara Koogan, 3ª edição, 2009.

Carpenter DO. Effects of metals on the nervous system of humans and animals. Int J Occup Med Environ Health. 2001;14(3):209-18.

Perl DP, Moalem S. Aluminum and Alzheimer's disease, a personal perspective after 25 years. J Alzheimers Dis. 2006;9(3 Suppl):291-300.

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