Observatório Nacional

Mestre em Astronomia (Observatório Nacional, 2016)
Graduado em Física (UFRPE, 2014)

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Os primeiros registros de interesse de um observatório astronômico em território brasileiro são datados do período colonial, quando em 1730 os jesuítas que aqui estavam deram os primeiros passos na tentativa de instalar um observatório no morro do Castelo, no Centro do Rio de Janeiro. Esse Morro foi um acidente geográfico que existiu na cidade do Rio de Janeiro, e que devido a sua localização era bastante propício, principalmente, para fornecer informações sobre a hora, declinação magnética e longitude para as embarcações. Assim, foi em 1780, que neste mesmo lugar astrônomos portugueses instalaram um observatório para realização de observações astronômicas, meteorológicas e de magnetismo terrestre.

Em 1827, a Assembleia Geral Legislativa do Império, autorizou o governo a criar um observatório Astronômico no âmbito do Ministério do Império, e naquele mesmo ano, o imperador D. Pedro I decretou a sua criação, sendo denominado de Observatório Imperial do Rio de Janeiro. Inicialmente o observatório foi instalado no torreão da Escola Militar do Rio de Janeiro, favorecendo quase exclusivamente a instrução de alunos das escolas militares. A partir de 1871, as funções do Observatório Imperial foram redefinidas, possibilitando que o observatório pudesse se dedicar prioritariamente às atividades de pesquisa e prestação de serviços em meteorologia, astronomia, geofísica, na medição do tempo e determinação da hora. Neste mesmo período se iniciou o processo de escolha do novo sítio para construção do observatório. Após a realização de vários estudos, o morro de São Januário foi escolhido para abrigar a instalação do Observatório Imperial, local onde se encontra até hoje. Este período de mudanças e remodelação do observatório estiveram relacionadas à administração de Emmanuel Liais, quem dirigiu o Observatório Imperial de Janeiro a Julho de 1871 e entre 1874 e 1881. O sucessor de Liais, o engenheiro militar e astrônomo belga Luís Cruls ficou no cargo de 1881 até 1908. Neste período, o observatório auxiliou no estabelecimento e demarcação de parte das fronteiras brasileiras e a expedição realizada ao Brasil Central, entre 1892 e 1896, liderada por Cruls. Essa expedição serviu para a escolha do local onde seria construída, anos mais tarde, a nova capital, Brasília.

Após a proclamação da República em 1889, a orientação da instituição também se modificou, subordinando-se ao Ministério da Guerra e recebendo a denominação de Observatório do Rio de Janeiro. Apenas em 1909, surgiu a denominação Observatório Nacional (ON) que tornou-se subordinado ao Ministério da Agricultura e a Diretoria de Meteorologia e Astronomia. Após o falecimento de Luís Cruls, em 1908, o astrônomo Henrique Charles Morize assumiu a direção. Em 1913, foi assinada a ata de lançamento da construção do novo Observatório Nacional, no morro de São Januário, no Rio de Janeiro. Por fim, em 1922, o Observatório Nacional foi transferido do Morro do Castelo, atual Esplanada do Castelo, para o Morro de São Januário, em São Cristóvão, onde se encontra até os dias atuais. Hoje, no antigo prédio sede do ON, funciona o Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), criado em Março de 1985. O MAST guarda o importante acervo do Observatório Nacional, coleção que reúne instrumentos científicos, máquinas, equipamentos, mobiliário e esculturas, totalizando mais de dois mil objetos representativos do Patrimônio Cientifico do Brasil.

Edifício sede do Observatório Nacional construído em meados da década de 1920, quando da transferência para o Morro de São Januário. Fonte: https://bndigital.bn.gov.br/dossies/rede-da-memoria-virtual-brasileira/ciencias/observatorio-nacional-rj/

O Observatório Nacional teve participação no cenário científico mundial com trabalhos que contribuíram para o conhecimento nas áreas de sua atuação, tendo sido mundialmente reconhecido a após a expedição científica para observar o eclipse total do Sol de 1919, cujas imagens obtidas na ocasião ajudaram a comprovar a teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein. O ON é o mais antigo centro astronômico em funcionamento da América do Sul, e ainda conta com a Luneta Equatorial T. Cooke & Soons, a maior do Brasil. De fabricação inglesa, a chamada Luneta 46 é o maior telescópio refrator em território brasileiro e sua lente principal tem 46 cm de diâmetro foi usada principalmente à observação de estrelas duplas.

Fotografia da luneta de 46 cm, a maior luneta do Brasil. Observatório Nacional, Rio de Janeiro, Brasil. Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1164872-sem-ter-ceu-proprio-primeiro-observatorio-do-pais-se-reinventa.shtml

Referências:

https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/1164872-sem-ter-ceu-proprio-primeiro-observatorio-do-pais-se-reinventa.shtml (acessado em 03 de Janeiro 2020)

http://portalmatogrosso.com.br/cultura/observatorio-nacional-celebra-190-anos/37656 (acessado em 03 de Janeiro 2020)

http://www.on.br/ (acessado em 03 de Janeiro 2020)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Morro_do_Castelo (acessado em 10 de Janeiro 2020)

http://www.on.br/conteudo/noticias/luneta.html (acessado em 15 de Janeiro 2020)

Arquivado em: Astronomia, Telescópios
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