Antônio Conselheiro

Graduada em História (UVA-RJ, 2014)

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Antônio Vieira Mendes Maciel, mais conhecido na História Nacional brasileira como Antônio Conselheiro. Autodenominava-se “O Peregrino”, com seu discurso liderou uma das guerras populares mais sangrentas do Brasil, que ficou conhecida como Guerra de Canudos.

Nascido em uma família de comerciantes, tem uma formação cultural para poucos no Brasil do século XIX. No entanto sua história é marcada pelas perdas: aos seis anos fica órfão de mãe, aos vinte e sete seu pai morre.

Antônio, no entanto, devido a sua formação que incluía aritmética, latim, francês, português e geografia, atuou como professor e posteriormente como escrivão de cartório. Quando sua vida parecia ter se acertado uma nova perda o atinge, dessa vez de forma decisiva. Sua mulher o abandona e foge com um amante.

A partir disso Antônio passa a peregrinar pelo interior do Ceará e outros Estados nordestinos, muito provavelmente em busca de sua mulher fugida. Porém de suas andanças e do novo ofício que desenvolve como pedreiro, realizando obras em igrejas, capelas e cemitérios tem contato com outro peregrino daquelas terras, o Padre Ibiapina que peregrina fazendo obras de caridade. Os trabalhos e obras do padre Ibiapina influenciam Antônio de forma que esse se debruça na leitura do evangelho que passa a pregar em suas andanças. Ouvindo os pobres, pregando o evangelho e distribuindo conselhos aos problemas que as pessoas o traziam surge o vulgo que lhe acompanha pela a História, Antônio Conselheiro.

Seu carisma era grande entre a população pobre, porém Antônio Conselheiro se torna mau quisto entre padres que perdiam a influencia com a intromissão do leigo em seus rebanhos, e principalmente entre os latifundiários que passam a perder trabalhadores de suas fazendas que acompanham Conselheiro em suas peregrinações.

Em 1876 é preso acusado da morte de sua mulher. Dois anos antes havia se estabelecido com um grande número de seguidores perto da Vila de Itapicuru de Cima, sertão baiano. Ao ser preso sua influência cresce ainda mais sobre esses seguidores e se espalha, considerado como Mártir. Antônio é absolvido da acusação e ao retornar para seu grupo inicia uma nova peregrinação.

Depois de mais dezessete anos de andanças pelo sertão sendo acompanhado cada dia por mais pessoas, Conselheiro e seus seguidores se fixam em uma fazenda abandonada nas margens do rio Vaza-barris, na região de Canudos. Fundam nessa localidade o povoado de Belo Monte que chega a ter entre 15 e 25 mil habitantes (não há consenso sobre esses números), todos reunidos na crença das palavras do Conselheiro.

A prosperidade do lugarejo e a influência de Antônio Conselheiro novamente incomodam aos latifundiários que transformam em empreitada de guerra um desentendimento banal, gerado por um problema comercial nas compras de uma remessa de madeira na cidade de Juazeiro. Daí a polícia local é enviada a Belo Monte e derrotada sem grandes dificuldades. Desse primeiro conflito o pavor de uma revanche monarquista cresce entre os governantes atingindo diretamente a Capital do Rio de Janeiro. Ao perceberem o poder e a fidelidade dos seguidores de Conselheiro notam que não seria fácil derrota-los, como não foi.

Antônio Conselheiro. Foto: Flávio de Barros (1897) / Acervo Instituto Moreira Salles / via Wikimedia Commons

São necessárias ao todo quatro campanhas com milhares de soldados do Brasil todo para acabarem com o vilarejo (1896-1897). Conselheiro morre em possivelmente em decorrência de uma disenteria, mas seus seguidores levam a diante o combate que ficou marcado na história brasileira como um massacre popular.

Bibliografia:

Cunha, Euclides da. Os Sertões 1 ed. Rio de Janeiro: Laemmert, 1902.

Moniz, Edmundo. A Guerra Social de Canudos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1978.

Moniz, Edmundo. Canudos A Luta Pela Terra. Rio de Janeiro: Gaia/Global, 2001.

NOGUEIRA, Ataliba, António Conselheiro e Canudos. São Paulo, Editora Atlas S.A., 1997.

Vargas Llosa, Mario A guerra do fim do mundo. Barcelona: Objetiva, 1981.

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