Animais filtradores

Mestre em Ciências Biológicas (UFRJ, 2016)
Graduada em Biologia (UFRJ, 2013)

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Os animais filtradores são aqueles que obtêm seu alimento através do processo de filtração, e incluem desde organismos mais simples como as esponjas até animais de grande porte como baleias, sendo também muito comum entre moluscos e crustáceos.

Os organismos aquáticos, assim como os terrestres, apresentam diversas de fontes de alimento e métodos para a sua captura. A filtração é um dos métodos de captura mais comuns no ambiente marinho. Esse tipo de alimentação é um subgrupo do hábito chamado de microfagia. A microfagia (micro = pequeno, fagia = comer) é por definição o consumo de recursos alimentares de tamanho muito pequeno. A matéria filtrada inclui o plâncton uni e pluricelular, bactérias e particulados orgânicos pequenos.

Assim, a filtração consiste na separação dessas pequenas partículas alimentares presentes na água através da passagem por determinada estrutura do organismo, na qual o alimento é extraído. Os filtradores também podem ser chamados de suspensívoros, pois as partículas alimentares filtradas se encontram suspensas na água.

Os poríferos (esponjas) possuem um sistema simples de filtração, no qual cada uma de suas células é capaz de ingerir partículas por fagocitose. À medida que a água entra pelos poros e passa pelos canais do seu corpo as células flageladas (coanócitos) capturam as partículas alimentares que vão ser digeridas no seu interior (digestão intracelular). As partículas que são um pouco maiores e não entram com facilidade pelos poros podem ser fagocitadas pelas células da parede externa do corpo (pinacócitos).

A maioria dos moluscos bivalves também são filtradores, sendo os mexilhões um exemplo. Eles possuem um sifão inalante, por onde a água entra impulsionada pelos cílios que recobrem a superfície interna do manto e das brânquias. As brânquias realizam a dupla função de respiração e alimentação, pois sua superfície ciliar desloca as partículas alimentares para o trato digestivo e as partículas de sedimento em direção ao descarte. Além disso, os mexilhões secretam um muco que gruda o alimento, tornando mais fácil seu deslocamento. Essa ciliação dos apêndices alimentares combinada com a secreção de muco caracteriza a filtração mucociliar.

Dentre os anelídeos poliquetas também existe filtração mucociliar. Espécies de poliquetos sabelídeos possuem longos apêndices ciliados que ficam expostos na água capturando alimento com o auxílio do muco. Outra estratégia ocorre com poliquetos que vivem enterrados no sedimento e secretam redes mucosas onde o alimento em suspensão fica preso, podendo ser puxado para dentro do esconderijo para ser consumido.

Os tatuís também se enterram na areia deixando expostos somente seus olhos pedunculados e seus dois pares de antenas cerdosas que criam um fluxo de água em direção à boca. A maior parte dos artrópodes comedores de alimento em suspensão é composta de crustáceos. Além das antenas, esses animais podem apresentar patas e apêndices bucais contendo verdadeiros pentes de cerdas com um batimento ritmado que conduz a corrente filtradora. As cracas e o krill são outros exemplos de crustáceos filtradores.

O hábito filtrador não está associado somente a animais invertebrados e de baixa mobilidade. Muitos peixes forrageiros também se alimentam por filtração, como por exemplo o arenque. Eles abrem suas bocas enquanto nadam filtrando o plâncton da água que passa através de suas brânquias. A baleia jubarte e a franca também ingerem grande quantidade de água contendo plâncton e tem como característica a presença de placas filtradoras no lugar de dentes, chamadas de barbatanas.

Baleia Franca. Observe o aparato filtrador no lugar de dentes. Foto: Eduardo Rivero / Shutterstock.com

Referências:

Bullivant, J. S. 1968. A Revised Classification of Suspension Feeders. Tuatara, 16 (2): 151–160. Disponível em: http://www.nzetc.org/tm/scholarly/tei-Bio16Tuat02-t1-body-d6.html

Ferreira Junior, N. 2010. Aula 24: Mecanismos de captura de alimento. In: Ferreira Junior, N. & Paiva, P. C. Introdução à zoologia v. 3 – Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 120p.

Schmidt-Nielsen, K. 2010. Fisiologia animal: adaptação e meio ambiente. 5ª ed., São Paulo: Santos, 611p.

Ruppert, E.E.; Fox, R.S. & Barnes, R.D. 2005. Zoologia dos Invertebrados. 7ª ed., Editora Roca: São Paulo, 1145 p.

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