Cladística

Por Débora Carvalho Meldau

Graduada em Medicina Veterinária (UFMS, 2009)

Categorias: Biologia, Evolução
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A cladística é definida como um método de análise das relações evolutivas entre grupos de seres vivos, visando elucidar sua genealogia.

Foram as idéias de Will Hennig, nascido em Dürrhennersdorf, as responsáveis pela criação da cladística, que foram apresentadas na sua obra “Grundzüge einer Theorie der Phylogenetischen Systematik”, no ano de 1950.

Embora seu uso entre os pesquisadores ultrapasse 50 anos, foi apenas nos últimos 20 anos que se tornou popular sua utilização, quase que mundialmente. A cladística tem suas bases no princípio fundamental de que a classificação dos organismos deve ser feitas de acordo com as suas relações evolutivas e que a forma de elucidar essas relações é por meio da análise daquilo que se aponta como caracteres ancestrais, ou “primitivos”, e caracteres derivados, ou “evoluídos”.

Este método de análise difere dos outras correntes de sistemática por utilizar somente caracteres derivados (apomórficos) que ocorrem em mais de um grupo. Em outras palavras, pode-se dizer que estados primitivos de caracteres (plesiomorfias) não podem ser utilizados para definir grupos, e caracteres derivados que aparecem em apenas um grupo (autapomorfias) não entram na análise.

Uma das partes difíceis é a identificação de qual é de fato o estado plesiomórfico e apomórfico de um caractere, sendo que isso pode ser realizado de duas formas principais:

Os caracteres ancestrais são as características dos seres vivos, tanto plantas quanto animais, que todos os componentes de um determinado grupo possuem. Um exemplo é o caractere “quatro membros”, ancestral dos mamíferos, sendo que estes herdaram este caractere do seu ancestral comum (que pode ser um proto-mamífero ou um réptil similar a um mamífero). Todavia, esses caracteres ancestrais não são de grande utilização na análise das relações entre os organismos de um dado grupo, uma vez que, caso tente-se criar uma análise do grupo dos mamíferos, esse caractere não será útil caso busquemos encontrar qual espécie se relaciona com qual. Para os pesquisadores que fazem uso da cladística, esses caracteres designam-se plesiomórficos e quando esse caractere é compartilhado por todos os componentes do grupo no qual estão inseridos, nomeando-se simplesiomórfico.

Quando os caracteres derivados nomeiam-se apomorfias e, caso façam parte somente do grupo que será investigado, recebem o nome de autapomorfias. Um exemplo disso é o caractere “bípede” que é uma característica dos hominídeos, que não é compartilhada entre os demais primatas, sendo esta uma autapomorfia. Caso o caractere derivado sirva para juntar dois grupos, é chamado de sinapomórfico (sinapomorfia), como, por exemplo, o caractere “perda da cauda” que junta o grupo hominídeo ao grupo dos grandes macacos.

Um grupo composto por um complexo de sinapomorfias é tido como monofilético, ou seja, engloba todos os descendentes de um ancestral comum, enquanto que outro grupo que pode ser definido somente por um conjunto de características pleriomórficas e apomórficas é definido como parafilético, englobando alguns, mas não todos os descendentes de um ancestral comum. Por fim, o grupo polifilético é aquele no qual componentes distintos descendem de um ancestral distinto.

Fontes:
http://www.infopedia.pt/$classificacao-cladistica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cladística

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