Epidemiologia Genética

Graduado em Ciências Biológicas (UNIOESTE, 2017)

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A epidemiologia genética, como o próprio nome sugere, é a junção de duas linhas científicas, a epidemiologia e a genética, com isso, essa área da ciência é voltada ao estudo dos genes e fatores genéticos que podem acarretar no desenvolvimento de uma determinada doença.

Relação Epidemiologia e Genética

Uma vez que os fatores de hereditariedade (genética) foram sendo desvendados, a junção dessa área científica com outras áreas se fez necessário para a compreensão do comportamento do material genético no meio e a sua influência no ambiente.

Foi isso que aconteceu com a epidemiologia e a genética, a junção dessas duas áreas é perfeita, pois a partir dos conceitos genéticos é possível:

  • Determinar a frequência de uma patologia;
  • Compreender sobre a interação do DNA com fatores mutagênicos;
  • Identificar a frequência de alelos ligados a patologias;
  • Observar o comportamento de alelos patológicos em uma população.

É comum a dúvida em relação a diferença da epidemiologia genética com outras áreas da ciência, como no caso da epidemiologia clássica, genética de populações e genética médica. Vejamos a seguir a diferença entre cada uma delas.

Epidemiologia Genética vs Epidemiologia Clássica

A grande diferença entre essas duas linhas científicas está no fato de que a epidemiologia genética trata exclusivamente de fatores genéticos ligados as doenças, diferente da epidemiologia clássica, que busca uma compreensão geral sobre a doença, incluído os aspectos genéticos. Ou seja, a epidemiologia genética é uma vertente da epidemiologia.

Epidemiologia Genética vs Genética de Populações

Enquanto a genética de populações estuda o comportamento genético em uma população, a epidemiologia genética busca entender apenas os aspectos genéticos relacionados a patologias que acometem uma população.

Epidemiologia Genética vs Genética Médica

A epidemiologia genética tem o enfoque na doença de uma população, fazendo uma análise não apenas dos aspectos humanos, mas também os impactos dos genes nos fatores ambientais.

Evolução

A princípio a epidemiologia genética era voltada apenas aos estudos de doenças mendelianas raras. Com o desenvolvimento científico e consequentemente um melhor conhecimento sobre material genético, genes, cromossomos e outros fatores genéticos, passou a focar na análise de características complexas que podem favorecer o desenvolvimento de uma patologia.

Entre os exemplos de doenças que possuem tais características complexas, temos:

Aplicabilidade

As principais aplicações da epidemiologia genética estão relacionadas com a mutagenicidade e toxicidade, como na contaminação de alimentos e na exposição ocupacional.

Além disto, essa área da pesquisa atua fortemente nas linhas comerciais, fazendo analise mutagênica, carcinogênica e teratogênica em produtos a serem comercializados.

Na área clínica, trabalha em conjunto com geneticista para a avaliação de laudos, aconselhamentos genéticos e o estabelecimento da relação dano genético e ambiente (expressão do genoma na população).

Por fim, vale destacar a dimensão epidemiológica populacional, que busca um entendimento sobre a distribuição e o comportamento de genes patológicos em uma população.

Presente e Futuro da Epidemiologia Genética

Com avanço da engenharia genética inúmeras técnicas de análise do material genético foram desenvolvidas, com isso, a epidemiologia genética foi e será impactada positivamente principalmente no âmbito da identificação de marcadores moleculares.

Um fator a colaborar com avanço da epidemiologia genética é justamente o fator da heterogeneidade genética que pode contribuir para suprir as lacunas existentes na literatura.

Vale salientar que mesmo com avanço da área, o melhor arsenal para evolução dessa linha de pesquisa continuará sendo os dados familiais, pois servem como base e garantem uma maior amostragem para se ter uma análise epidemiológica a nível populacional.

Referências bibliográficas:

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KHOURY, Muin J. et al. Fundamentals of genetic epidemiology. Monographs in Epidemiology and, 1993.

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