Endocitose

Por Márcio Santos Aleixo

Bacharel em Ciências Biológicas (UNITAU, 2012)
Pós-graduação Lato Sensu em Perícia Criminal (Grupo Educacional Verbo Jurídico, 2014)

Categorias: Citologia
Ouça este artigo:
Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!

Todas as células necessitam de água, nutrientes e outras substâncias para que possam completar seu ciclo de vida. Em razão disso, a história evolutiva nos mostra que foram criadas várias estratégias para que elas pudessem obter esses compostos indispensáveis. Exemplos disso são as substâncias lipossolúveis que conseguem atravessar pela membrana plasmática, as que atravessam por poros ativa ou passivamente, as que utilizam proteínas como portas de entrada e saída, entre outros.

Esses exemplos do transporte através da membrana que foram mencionados no parágrafo anterior servem muito bem para alguns grupos de substâncias de interesse. Entretanto, existem diversos outros compostos ou, até mesmo, motivos para que algo tenha que entrar na célula. De maneira geral, estamos falando de “coisas” grandes demais para que possam entrar das outras formas citadas, sendo que exemplos claros são as moléculas mais complexas, microrganismos, entre outros. Assim, esse mecanismo que surgiu visando possibilitar esse tipo de entrada recebe o nome de endocitose.

A palavra endocitose significa “dentro da célula”. Assim, como foi visto anteriormente, se trata da entrada na célula de partículas grandes em tamanho ou em quantidade ou até mesmo de outros organismos vivos ou outras células. Nesse sentido, a endocitose ocorre, geralmente, de duas maneiras: pela fagocitose ou pela pinocitose.

Fagocitose

O termo fagocitose surgiu pelo fato da palavra fagos significar “comer”, o que ilustra o fenômeno que é, basicamente, a ingestão de alguma coisa pela célula. Ela é realizada por alguns organismos e tipos celulares específicos, como por exemplo, protozoários e células animais, como macrófagos. A função da fagocitose, por sua vez, pode se relacionar com a alimentação ou com a defesa do organismo, dependendo do tipo de célula que a realiza. Além disso, a remoção de células ou tecidos mortos também é feita por esse mecanismo, como ocorre com hemácias ou áreas necrosadas de um organismo pluricelular.

Certo! Mas como, de fato, ocorre a fagocitose? Bom, em resumo, a fagocitose é um processo mediado por sinalizadores e receptores de membrana que, quando se ligam, propiciam uma mudança estrutural da membrana plasmática. Primeiramente, quando entra ou existe algo no organismo que deva ser fagocitado, o próprio corpo realiza uma sinalização nesse ”item”. Essa sinalização é realizada com a ligação de proteínas ou glicoproteínas na superfície do mesmo. No caso da alimentação dos protozoários, o nutriente é reconhecido por algumas de suas próprias estruturas.

Após essa sinalização, ocorre a ligação desses sinalizadores a receptores específicos presentes na membrana das células que realizarão a fagocitose. Essa ligação desencadeia mudanças conformacionais na membrana, emitindo projeções de si que são conhecidas como pseudópodes. Assim, essa evaginação da membrana (dobras para fora) engloba totalmente o que será ingerido.

Em seguida, essa borda da membrana utilizada para englobar se destaca da membrana da célula e acaba formando uma vesícula denominada fagossomo ou vesícula fagocítica. Por fim, o fagossomo se funde com um lisossomo que realizará, então, a digestão do conteúdo por meio de suas enzimas.

Pinocitose

A pinocitose se assemelha bastante com a fagocitose, entretanto existem algumas diferenças. A primeira se relaciona com o conteúdo do que entrará na célula. Enquanto a fagocitose internaliza células inteiras ou moléculas muito grandes, a pinocitose se ocupa com partículas mais diminutas. Assim, é bastante razoável dizer que a vesícula pinocitótica é bem menor que o fagossomo. Outra diferença característica é a forma que ocorre a endocitose. Na pinocitose os receptores presentes na membrana identificam diretamente o que deve ser engolfado, ou seja, esses receptores são específicos para as macromoléculas e não precisam de uma sinalização feita pelo organismo.

Existe ainda outra diferença entre as formas de endocitose no que tange a forma como ela ocorre. Diferentemente da fagocitose, a pinocitose ocorre com a invaginação (dobra para dentro) da porção da membrana em que o conteúdo extracelular se liga aos receptores, e não com a emissão de pseudópodes. Assim, quando a membrana plasmática se dobra para dentro ela se destaca do restante formando a vesícula pinocitótica, que contém também liquido extracelular.

Sob uma última análise quanto às diferenças, é importante ressaltar que a pinocitose é muito mais comum. Isto quer dizer que, enquanto a fagocitose é realizada apenas por um grupo específico de células e organismos, a pinocitose ocorre na esmagadora maior parte das células eucarióticas.

Enfim, a endocitose é um evento celular que visa internalizar macromoléculas, partículas grandes ou até mesmo outras células. Ela pode ser feita pela fagocitose ou pela pinocitose, dependendo do tamanho do que entrará, sendo que a primeira se ocupa com partículas maiores. Assim, tem como função, principalmente, a defesa ou a alimentação dos organismos, se tratando de mecanismos de vital importância para a manutenção da vida.

Bibliografia:
Junqueira, L. C. & Carneiro, J. Biologia Celular e Molecular. 9ª Edição. Editora Guanabara Koogan. 338 páginas. 2012.

Guyton, A.C. & Hall, J.E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª Edição. Editora Elsevier. 1115 páginas. 2006

Este artigo foi útil? Considere fazer uma contribuição!