A cultura cajun é a cultura correspondente aos costumes e tradições de um povo localizado ao sul da Louisiana, estado do centro-sul dos Estados Unidos. Naquela região, desde o século XVIII começaram a se fixar descendentes de colonizadores franceses (incluindo dentro deste grupo predominante outras nacionalidades minoritárias, como italianos, alemães e nativos americanos entre outros), que acabaram por adotar este mesmo nome, cajun, aplicado a praticamente tudo relacionado com tal comunidade.
A palavra "cajun" é uma forma corrupta do termo francês "les acadiens" ou "les cadiens", que fazia referência aos colonizadores da região conhecida como Acadia, onde hoje ficam as Províncias marítimas do Canadá (Ilha do Príncipe Eduardo, Nova Brunswick e Nova Escócia). Tal região foi conquistada pelos britânicos em 1710, o que provocou a expulsão e transferência da população francesa daquela área para outro território que na época era também pertencente à França: a atual Louisiana. A partir de seu estabelecimento, a comunidade desenvolveu uma linguagem particular, uma espécie de francês com suas próprias características e pronúncia, além de uma culinária, música e outros aspectos que os diferenciam até hoje de outras populações nos EUA.
Uma vez instalada na Louisiana, a cultura cajun seria enriquecida por influência dos espanhóis do vizinho México (na época o Texas, estado fronteiriço à Louisiana ainda fazia parte do México) bem como imigrantes vindos do Haiti, que influenciaram bastante a cultura cajun, especialmente no aspecto do misticismo e da religião. Outra influência que moldaria a cultura cajun seria a do negro norte-americano presente na região através do sistema escravocrata (em Nova Orleães, no século XVIII, por exemplo, havia a famosa Congo Square, onde os escravos se reuniam aos domingos).
O projeto dos acadianos de viverem sob soberania francesa não duraria muito, pois em 1803, menos de cem anos após sua expulsão da Acadia, os colonizadores locais se tornariam cidadãos norte-americanos, devido à compra de todas as possessões francesas na área pelo governo americano. A comunidade cajun viveu em relativo isolamento até o início do século XX, sendo que a partir de então, a influência de populações vindas de outras partes do país poria à prova a capacidade de resistência desta cultura em terras da Louisiana.
Mesmo sendo assimilados à cultura predominante, os cajuns ainda sofriam com o preconceito daqueles que faziam parte da cultura anglo-saxônica. O crioulo francês da Louisiana (nome pelo qual ficou conhecido o francês deste grupo) era proibido nas escolas, onde muitos dos alunos que ainda não haviam tido contato com a língua inglesa eram forçados a utilizar o idioma.
Em 1968 é fundada a CODOFIL (Council for the Development of French in Louisiana - Conselho para o Desenvolvimento do Francês na Louisiana), destinada a legitimar a cultura cajun, garantir o reconhecimento do grupo como possuidor de uma cultura diversa, além de procurar preservar o francês da Louisiana, que durante o século XX sempre esteve ameaçado pela cultura majoritária de língua inglesa. Uma maior promoção da cultura regional vem sendo conquistada, em especial através do Mardi Gras, o carnaval local, e da música típica (o cajun e o zydeco, ambos estilos baseados no acordeão como instrumento principal, que misturam elementos tradicionais franceses e de jazz, blues e música country).
Bibliografia:
Cajuns (em inglês). Disponível em: <http://www.cajuncrawfishpie.com/> Acesso em: 05 jul. 2011.
Texto originalmente publicado em https://www.infoescola.com/cultura/cultura-cajun/